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Reflexão: Portugal e Espanha unidos pelo ciclismo

Nos últimos anos, a Península Ibérica tem sofrido uma deserção de provas de ciclismo a par da redução do número de equipas existentes. Algumas acções têm sido exercidas para mudar a dura realidade, mas os resultados são escassos ou menores do que se esperaria para olhar a um futuro mais sólido.

A demanda de cativar novos patrocínios parece difícil de alcançar, ao mesmo tempo que os apoios existentes são agarrados em simultâneo por todos os intervenientes deste mundo das duas rodas, levando a uma perspectiva nada abonatória a longo prazo… ‘Colocar todos os ovos no mesmo cesto’ poderá ditar que no futuro, se esse ‘cesto’ deixar de estar presente, não hajam recursos para sustentar a prática profissional do ciclismo.

O calendário português de provas, um pouco recheado na preparação da temporada, vai esvaziando-se com o passar das primeiras semanas do ano pela falta de recursos financeiros. As equipas, muito a custo, conseguem manter-se na estrada com mais ou menos capacidade de oferecer aos seus atletas condições condignas para lograr bons resultados.

Portugal tem lutado e muito por manter, até aumentar, o pelotão nacional nas últimas temporadas. Este ano manteve as seis equipas continentais [Banco BIC-Carmim, Efapel-Glassdrive, LA Alumínios Antarte, Louletano-Dunas Douradas, OFM-Quinta da Lixa e Rádio Popular-Boavista], almejando o objectivo de crescer já no próximo ano. O pelotão mantém-se bem composto também pela presença das equipas de clube, onde sub-23 e alguns elites mantêm viva a chama da formação e o sonho de se tornarem profissionais. Às quatro do ano transacto veio unir-se mais uma formação neste escalão [Anicolor, Atlantic Service/Clube Xelb, CC José Maria Nicolau, Liberty Seguros/Feira/KTM e Maia-Bicicletas Andrade].

Já no país vizinho, a realidade é totalmente díspar. Apesar do escasso número, Espanha tem equipas em todas as categorias UCI. No ProTour conta com a Movistar Team, em Profissional Continental com a Caja Rural-Seguros RGA e em Continental apenas duas formações mantêm os pedais na estrada, Burgos BH e Euskadi.

O presente não se mostra muito risonho e, exactamente por essa razão, há que valorizar cada iniciativa tomada pelas mais altas instâncias do ciclismo, nomeadamente o recente convénio de cooperação entre a Federação Portuguesa de Ciclismo e a Real Federação Espanhola de Ciclismo. Através deste acordo, pretende-se unir esforços na organização de eventos com vista ao desenvolvimento e, acima de tudo, ao garante de um futuro mais próspero desta modalidade desportiva no cantinho da Europa.

A ‘partida’ para a concretização deste acordo será dada no dia 20 de Setembro de 2014 com a realização do Campeonato Ibérico Master em Huelva (Espanha), que terá continuação em Julho de 2015 na região transmontana portuguesa. A ‘chegada’ espera-se que seja o abarcar da organização de provas de outros escalões, nomeadamente elite e sub-23. O futuro ditará o sucesso desta união, que no presente parece ser o meio mais sustentável de sobrevivência do ciclismo na Península Ibérica.

Caja Rural-Seguros RGA na Volta a Portugal 2013 (By Helena Dias)

(escrito em português de acordo com a antiga ortografia)

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