Todos os anos, vemos destacarem-se nomes do pelotão
português de formação. Fruto de desempenhos marcantes na estrada e resultados proeminentes
entre os primeiros da geral, os jovens sub-23 deixam o seu nome marcado no asfalto,
perdendo muitas vezes o foco das atenções assim que sobem ao profissionalismo
nas equipas continentais. Os bons resultados e o bom trabalho continuam lá,
apenas se tornam encobertos pelos seus líderes. Neste artigo, focamos a atenção em três nomes: Joaquim Silva, Pedro
Paulinho e David Rodrigues, três exímios exemplos no trabalho de equipa e
indubitáveis talentos do pelotão nacional.
Joaquim Silva, Pedro Paulinho e David Rodrigues (© Helena Dias) |
Joaquim Silva
Joaquim Silva, de 24 anos, cumpre o terceiro ano na W52-FC
Porto, tendo estado presente nos últimos dois triunfos da equipa na Volta a Portugal
como um dos elementos fulcrais para tais conquistas sucederem, dada a
importância do seu trabalho de equipa no conjunto da esquadra azul e branca.
Joaquim Silva destacou-se em sub-23 na casa de Mortágua (actual equipa
Miranda-Mortágua), com quem vestiu em 2014 a camisola de campeão nacional de
fundo nesse escalão. O brilho deste jovem corredor não ficou pelo título
nacional, conquistando nesse ano em Espanha um dos maiores colossos do país
vizinho, o Mirador de Ézaro, que ficará para sempre na memória como a chegada
que lhe valeu a vitória do Troféu Luso-Galaico. Esse ano foi também de glória ao
serviço da Selecção Nacional, terminando em 4º da juventude na Volta a Portugal
e 25º na geral, 8º no Tour de l’Avenir e 16º na prova de fundo nos Campeonatos
do Mundo sub-23 em Ponferrada, sendo nestas duas competições o melhor elemento da Selecção. Nesse ano de 2014, concedeu-nos uma entrevista na qual partilhou o sonho de querer correr o Giro d’Italia.
Já em profissional, Joaquim Silva foi então peça chave nas
conquistas da W52-FC Porto, unindo ao trabalho em prol da equipa resultados
pessoais de destacar. O ano passado esteve entre os primeiros nos Campeonatos
Nacionais de contra-relógio (7º) e de fundo (8º), em duas provas da Taça de
Portugal (3º no Memorial Bruno Neves e
4º no Troféu Azeméis), na Clássica de Amarante (5º) e no Grande Prémio Abimota
(10º). Já em 2015 tinha conquistado a camisola da montanha no Grande
Prémio do Dão e alcançado lugares cimeiros em duas provas da Taça (3º no Grande
Prémio Mortágua e 6º no Troféu Oliveira de Azeméis), 9º no Grande Prémio do Dão
e internacionalmente 14º no Tour do Rio (ganho pela equipa com Gustavo Veloso)
e 18º na Vuelta a Madrid.
Pedro Paulinho
Pedro Paulinho, de 26 anos, ingressou este ano na equipa
Louletano-Hospital de Loulé, depois de quatro anos ao serviço da LA
Alumínios-Antarte, com uma curta passagem pela italiana Ceramica Flaminia-Fondriest.
O seu percurso conheceu a glória de vestir a camisola de
campeão nacional de fundo em sub-23, em 2012. Esse ano foi marcante na vida de
Pedro Paulinho, que numa das melhores casas de formação do país, o Sport
Ciclismo S. João de Ver (actual equipa Moreira Congelados-Feira-Bicicletas
Andrade), vestiu também a camisola de campeão nacional de pista e venceu em
estrada a Prova de Abertura.
A subida a profissional não extinguiu de modo algum o
talento deste campeão nacional. Recordando as duas últimas temporadas, Paulinho
brilhou em linhas de meta, para além do inigualável trabalho em prol da equipa.
Um ciclista forte, que se impôs vitorioso e com determinação na primeira prova
da Taça de Portugal 2016 (Volta a Albergaria), tendo ganho no ano anterior a
Clássica da Primavera, o contra-relógio individual do Grande Prémio Jornal de
Notícias e a última prova da Taça de Portugal 2015 (Grande Prémio Anicolor). Nesse
mesmo ano de 2015, para além das vitórias, Paulinho não deixou de estar entre
os primeiros no exigente Circuito de S. Bernardo (2º), na Clássica de Loulé
(4º) e no Troféu Alpendre (8º).
David Rodrigues
David Rodrigues, de
25 anos, permaneceu pela terceira temporada na RP-Boavista, equipa que o
acolheu desde a sua subida a profissional.
Com Pedro Paulinho,
tem a coincidir a sua formação na casa do Sport Ciclismo S. João de Ver. Nesta
casa, que salientamos de grande importância no contributo para a qualidade do ciclismo
nacional, David Rodrigues impôs o seu talento aquém e além-fronteiras. Ainda em
juniores, bateu o pelotão internacional em Espanha, triunfando na etapa
inaugural da Volta a Corunha, conhecida pela sua exigência. Venceu a camisola da
juventude na Volta a Portugal do Futuro e sagrou-se ainda campeão nacional de
XCO, em Vila do Conde. Nesse ano de 2013 foi presença assídua na Selecção
Nacional, com a qual foi 10º na prova de fundo júnior nos Campeonatos da
Europa, na República Checa. Já no ano seguinte, o seu valor brotou em todo o seu esplendor na Volta a Portugal, quando conquistou pela Selecção a camisola de melhor jovem na Grandíssima, sendo 19º na geral.
Os primeiros anos
de profissional têm mostrado um David a impor-se paulatinamente no pelotão, a
construir o seu espaço, conjuntamente com o sempre presente trabalho de equipa e
a incrementar o seu palmarés de resultados interessantes, quando assim o pode
fazer. Em 2016 distinguiu-se pelo 11º lugar na Vuelta a Madrid, tendo sido já
em 2015 um dos ciclistas que obteve lugares de destaque nas provas internacionais
como a Vuelta Asturias (12º), Klasika Primavera Amorebieta (15º), Gran Premio Miguel
Indurain (18º), Vuelta a Castilla y León (19º) e Route du Sud (22º).
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