Expectativas ao rubro no
ciclismo português. O ano de 2016 marca o regresso de dois grandes clubes de
futebol ao desporto das duas rodas. Não esquecendo a presença constante de
Boavista e Louletano no pelotão nacional, Sporting e Porto anunciaram a
reentrada no pelotão, aliados a duas formações já existentes, respectivamente
Tavira e W52. Ambas as equipas detêm títulos vencedores da Volta a Portugal,
grande objectivo da temporada declarado pelos dois clubes em assegurar a
vitória da prova rainha nacional em 2016.
Numa curta sondagem realizada na rede social Twitter, podemos medir o pulso quanto às
expectativas dos seguidores sobre “O que
esperam do regresso de Sporting e Porto ao ciclismo”. Entre as hipóteses em escolha destacou-se em
grande maioria “Mais mediatismo” com
63%, seguido de “Nada muda” 21%, “Grandes mudanças” 11% e “Regresso do Benfica” apenas 5%, num
universo de 57 votos. Os seguidores partilharam ainda algumas opiniões sobre o
receio do fanatismo existente no futebol poder despoletar o mesmo tipo de
sentimento no ciclismo, devido à rivalidade clubística existente, salientando
que este factor vai contra a forma de viver do ciclismo, modalidade na qual os
fãs não olham à cor da camisola, mas sim ao espectáculo que cada ciclista
oferece.
O Sporting Clube de Portugal une-se à
equipa de Tavira, clube de ciclismo mais antigo do mundo a pedalar desde 1979,
que tem no seu palmarés quatro Voltas a Portugal com David Blanco (2008/09/10)
e Ricardo Mestre (2011). Vidal Fitas continua no comando desportivo da esquadra
leonina-tavirense, tendo nas suas fileiras a continuidade dos lusos e algarvios
David Livramento (18/12/1983) e Valter Pereira (22/02/1990), a subida
da equipa júnior de Rafael Lourenço
(01/10/1997 CC Tavira), somando as contratações dos portugueses Hugo Sabido (14/12/1979 Louletano-Ray
Just Energy), Equipier do Ano 2014 –Ranking APCP– Luís Fernandes (02/12/1987 W52-Quinta da Lixa) e Júlio Gonçalves (10/11/1994 Anicolor),
os espanhóis David de la Fuente (04/05/1981
Efapel), Jesús Ezquerra (30/09/1990
ActiveJet), Mario González (06/06/1992
ActiveJet) e Oscar González (28/02/1992
Efapel), o sul-africano Shaun-Nick
Bester (10/03/1991 Team Bonitas) e o italiano Rinaldo Nocentini (25/09/1977 AG2R La Mondiale), chefe-de-fila
vindo do World Tour.
A
apresentação da equipa Sporting CP-Tavira
foi apoteótica, em dia de clássico de futebol Sporting-Porto, no Estádio José
de Alvalade com a maior enchente de sempre de 49.382 adeptos a aplaudir ao
intervalo os heróis das duas rodas. Bruno de Carvalho foi peremptório em
demonstrar a importância do regresso ao ciclismo do clube a que preside: “Dia de grandes emoções. Hoje foi
apresentada oficialmente a equipa de ciclismo Sporting Clube de Portugal-Tavira.
Vamos voltar a ter Leões a pedalar pelas estradas de Portugal. Mais uma
modalidade histórica de regresso. Somos a maior potência desportiva nacional”.
O ciclismo trouxe uma chama de sorte, terminando o jogo com o Sporting a ganhar
ao Porto por 2-0.
Com bicicletas da marca lusa Jorbi, o verde e
branco leonino regressa à estrada onde já pedalaram entre 1911 e 1987, com
interregno de 1914 a 1926. Entre outras assinaláveis conquistas conta-se a 5ª
etapa do Tour de France de 1984 por Paulo Ferreira e as 11 vitórias na importante
e extinta clássica Porto-Lisboa. Na rainha lusitana Volta a Portugal, o clube
detém no palmarés 13 vitórias por equipas, 6 reis da montanha e 9 classificações
gerais com Alfredo Trindade (1933), José Albuquerque (1940), Francisco Inácio
(1941), João Roque (1963), Joaquim Agostinho (1970/71/72) e Marco Chagas
(1985/86).
Tomando
de assalto a equipa que tinha um acordo apalavrado com o Sporting, de azul e
branco o Futebol Clube do Porto
alia-se à W52, detentora de três títulos na Volta a Portugal com Alejandro
Marque (2013) e Gustavo Veloso (2014/15), ambos Ciclistas do Ano do Ranking
APCP, em 2013 e 2015 respectivamente. Este regresso após 31 anos de ausência
leva para o asfalto a equipa W52-FC
Porto-Porto Canal com bicicletas KTM e comandada por Nuno Ribeiro (vencedor
da Volta em 2003), tendo nos pedais a continuidade dos lusos António Carvalho (25/10/1989), Joaquim Silva (19/03/1992), Rui Vinhas (06/12/1986) e Samuel Caldeira (30/11/1985), dos
espanhóis Ángel Sánchez (12/04/1993),
o detentor do título da Volta Gustavo
Veloso (29/01/1980), Juan Ignacio
Perez (03/01/1990) e Raúl Alarcón
(25/03/1986), contando com a entrada do português vencedor da Volta a Portugal 2011
Ricardo Mestre (11/09/1983 Tavira), Daniel Freitas (10/05/1991 Anicolor), João Rodrigues (15/11/1994 Tavira) e Rafael Reis (19/09/1992 Tavira),
campeão nacional de contra-relógio sub-23 em 2013 e 2014.
Para além das
13 vitórias na clássica Porto-Lisboa, o clube portista conta na história da
Volta a Portugal com 11 vitórias por equipas, 5 reis da montanha e 12
classificações gerais com Fernando Moreira (1948), Dias dos Santos (1949/50),
Moreira de Sá (1952), Carlos Carvalho (1959), Sousa Cardoso (1960), Mário Silva
(1961), José Pacheco (1962), Joaquim Leão (1964), Joaquim Sousa Santos (1979),
Manuel Zeferino (1981) e Marco Chagas (1982). Em dia de apresentação da equipa no Museu FC Porto, o presidente dos dragões
Pinto da Costa afirmou ao Porto Canal: “Entramos
num projecto vencedor com um parceiro que já tem história no ciclismo nacional.
O Futebol Clube do Porto tinha esta lacuna de não ter uma modalidade que os
adeptos tanto gostam e que vai levar novamente o nome e a presença efectiva do
Futebol Clube do Porto a todos os cantos do país. É um momento de muita satisfação
minha, toda a gente sabe que era um sonho meu voltar a ter ciclismo ao mais
alto nível nacional e espero que seja uma época de sucesso”.
O Sporting por quatro temporadas e o Porto por cinco,
ambos os clubes assinaram acordos com vista a um futuro que se espera duradouro.
Por agora, o importante mediatismo inerente aos clubes já trouxe o ciclismo
para as primeiras páginas dos jornais nacionais desportivos, além de espaços
destacáveis na imprensa escrita dos referidos clubes. Este luzir em primeiro
plano é o ar que o ciclismo necessita para respirar fundo e ressurgir com mais
força na busca de novos patrocinadores, equipas mais consistentes, corridas em
maior número e estradas recheadas de aficionados. Surge ainda a expectativa de
ver subir qualquer destas equipas ao escalão Profissional Continental e voltar
aos grandes palcos das competições internacionais, soando também a
possibilidade de ver o Sport Lisboa e Benfica regressar aliado a uma outra
equipa já existente. A ver vamos.
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Ver também:
Optimo trabalho na cobertura do ciclismo portugues - continua com o project Helena!
ResponderEliminarMuito obrigada Miguel!
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