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Volta a Portugal: Veloso impõe-se em Santa Luzia, Alarcón mantém amarela

Em seis dias da 79ª Volta a Portugal Santander Totta, a equipa W52-FC Porto leva quatro vitórias. Hoje, no alto de Santa Luzia foi a vez do galego Gustavo Veloso impor a sua sede de vitória, subindo a 5º na geral e reduzindo o tempo para o companheiro de equipa e líder da camisola amarela Raúl Alarcón.

O vencedor da Volta de 2015 e 2014 Gustavo Veloso explicou à RTP o caminho para esta vitória: “No início, a intenção era preparar a chegada para o Raúl. Mas quando estás a preparar a chegada não podes olhar para trás. Mais numa chegada como esta, com curva e contra-curva, onde há que estar sempre atento. Vi agora na repetição que na curva [o Raúl] ficou um bocado mal colocado. Eu apertei ao máximo e consegui chegar em primeiro sem que ninguém me ultrapassasse.”


Questionado sobre a camisola amarela no corpo do companheiro, Veloso esclareceu: “Para a equipa está a ser uma boa Volta, estamos de camisola amarela, com esta ganhámos já quatro etapas e penso que não pode correr melhor. A gestão é a equipa ganhar, o importante é que a camisola fique na equipa. Agora mesmo é o Raúl quem a tem, é o ciclista mais forte. Vamos dia após dia e se ele tiver que ganhar a camisola, eu vou estar a apoiá-lo até ao último dia. Eu não vejo competitividade interna, este é o segredo que há nesta equipa. Não competimos entre nós, competimos contra o resto das equipas e, por isso, o Amaro hoje fez o trabalho para o Raúl e para mim e outro dia fazemos qualquer um para o benefício da equipa. Isso é o significado de uma equipa.”

Raúl Alarcón mostrou-se feliz com a corrida feita até ao momento e cuidadoso quanto aos mais directos adversários: “Estou a desfrutar muito deste maillot e é o que digo sempre, o principal ao final é que fique aqui. O líder é o Gustavo e ele é o favorito para ganhar. Ele é contra-relogista, eu defendo-me bem. Ainda falta muita Volta, muitos dias, muitas chegadas. [Na geral] Está Nocentini, temos o Marque, que é um grandíssimo contra-relogista, mas ainda falta muita montanha, muitos dias. Também está o Benta, que é um grande corredor, por isso, há que estar muito atentos a todos eles.”
 
Gustavo Veloso impõe-se no alto de Santa Luzia (© João Fonseca / Volta a Portugal)

A quinta etapa ligou Boticas a Viana do Castelo em 179,6 km, sendo a chegada na 3ª categoria do Santuário de Santa Luzia. Logo aos primeiros quilómetros surgiu a primeira subida do dia (3ª cat. km 6,8), seguindo-se a subida de Covide (2ª cat. km 103,2) a meio do percurso.

O sexto dia começou com a felicitação a Davide Rebellin (Kuwait-Cartucho.es), o ciclista mais experiente do pelotão da Volta, pelo seu 46º aniversário. Festejos terminados, pedaladas iniciadas.

Na jornada com chegada a Viana, os ciclistas da terra Rui Sousa (RP-Boavista), que venceu naquela meta em 2013, e César Fonte (LA Alumínios-Metalusa-BlackJack) partiram como favoritos à vitória. Foi precisamente a equipa do imperador César a tomar as rédeas da corrida, em defesa da liderança da camisola da montanha de João Matias, que agarrou a máxima pontuação na primeira subida.

A equipa de Albergaria-a-Velha mostrou-se bastante activa neste dia, colocando um corredor na fuga do dia. Luís Afonso teve a companhia do 16º na geral Mikel Bizkarra (Euskadi-Murias) e Yann Guyot (Armée de Terre), trio este que teve a liberdade de chegar aos 4 minutos de vantagem.

Chegados à segunda subida, Luís Afonso passou em primeiro, enquanto atrás no pelotão João Matias tratou de ir em busca dos restantes pontos, a fim de consolidar um pouco mais a liderança da camisola azul.

A líder W52-FC Porto, de Raúl Alarcón, mantinha o controlo do pelotão, ajudada de quando em vez pela GM Europa Ovini, pela única equipa Pro Continental do pelotão da Volta a Israel Cycling Academy, do líder da juventude Krists Neilands, e pela Efapel, com um pouco de Rafael Silva a surgir no comando do grande grupo, ciclista luso que está a enfrentar a Volta com 17 pontos no corpo em consequência de queda. A JLT Condor e Louletano-Hospital de Loulé também deram o seu contributo, mostrando muitas equipas o interesse pela vitória desta etapa.

A perfeita sintonia entre os três na frente levou a fuga a resistir até à falta de 7 km para a meta, sendo entregue a combatividade a Luís Afonso.

Os derradeiros quilómetros foram novamente uma demonstração do poderio da W52-FC Porto. Apesar das equipas Sporting-Tavira e Louletano-Hospital de Loulé iniciarem na frente a subida de 3,2 km em empedrado até ao alto de Santa Luzia, depressa o bloco azul e branco tomou a frente de batalha com cinco soldados. Ricardo Mestre, António Carvalho, Amaro Antunes, Gustavo Veloso e Raúl Alarcón não deram espaço para surgirem ataques dos rivais, impondo um ritmo avassalador, que desfez qualquer tentativa de reacção por parte das demais equipas.

Dentro do derradeiro quilómetro, Gustavo Veloso endureceu ainda mais a pedalada, só parando na linha da vitória, seguindo-se logo atrás Vicente de Mateos (Louletano-Hospital de Loulé), Daniel Mestre (Efapel), Krists Neilands e César Fonte.

A tensão vivida nos metros finais deixou duas questões na estrada. A primeira prendeu-se com o gesto de Amaro Antunes a afastar com a mão o líder da juventude Krists Neilands, quando este tentou colocar-se na frente da corrida junto aos elementos da W52-FC Porto.

A segunda prendeu-se com a dúvida se Veloso teria fechado Mestre na curva, ao que o próprio director desportivo da Efapel, Américo Silva, declarou à RTP: “A grande supremacia da equipa do Porto faz com que nós não consigamos fazer o nosso trabalho. Além disso, hoje foi uma vitória inteligente da parte do Gustavo, porque fechou totalmente a trajectória ao Daniel, o que fez com que ele não conseguisse disputar a vitória. [De forma regular?] “Sim, por isso, digo que é uma vitória inteligente, tendo em conta que havia uma curva e ele aproveitou essa curva para fechar o Daniel. Perante as regras isso é possível e, por isso, ele o fez.”

Raúl Alarcón cruzou a meta em 9º, mantendo a liderança da camisola amarela, da classificação por pontos e do combinado. Krists Neilands (Israel Cycling Academy) permaneceu no comando da juventude, João Matias (LA Alumínios-Metalusa-BlackJack) da montanha e a W52-FC Porto a liderança por equipas.

Amanhã, a sexta etapa disputa-se entre Braga e Fafe, num total de 182,7 km.
 
Os parabéns da Volta a Davide Rebellin pelo seu 46º aniversário (© João Fonseca / Volta a Portugal)

Resultados Et5 [resultados completos]
1º Gustavo Veloso (Esp) W52-FC Porto 4:37:56
2º Vicente de Mateos (Esp) Louletano-Hospital de Loulé mt
3º Daniel Mestre (Por) Efapel mt
4º Krists Neilands (Lat) Israel Cycling Academy mt
5º César Fonte (Por) LA Alumínios-Metalusa-BlackJack mt
6º Rinaldo Nocentini (Ita) Sporting-Tavira mt
7º João Benta (Por) RP-Boavista mt
8º Alejandro Marque (Esp) Sporting-Tavira mt
9º Raúl Alarcón (Esp) W52-FC Porto mt
10º Davide Rebellin (Ita) Kuwait-Cartucho.es mt

Classificação Geral
1º Raúl Alarcón (Esp) W52-FC Porto 23:27:31
2º Rinaldo Nocentini (Ita) Sporting-Tavira +25s
3º Amaro Antunes (Por) W52-FC Porto +29s
4º Alejandro Marque (Esp) Sporting-Tavira +35s
5º Gustavo Veloso (Esp) W52-FC Porto +36s
6º Vicente de Mateos (Esp) Louletano-Hospital de Loulé +37s
7º João Benta (Por) RP-Boavista +1:25s
8º Henrique Casimiro (Por) Efapel +1:37s
9º António Carvalho (Por) W52-FC Porto +1:38s
10º Sérgio Paulinho (Por) Efapel +1:45s
11º Krists Neilands (Lat) Israel Cycling Academy +1:46s
12º Daniel Mestre (Por) Efapel +1:58s
13º Egor Silin (Rus) RP-Boavista +2:01s
14º Patrick Schelling (Sui) Team Vorarlberg +2:06s
15º César Fonte (Por) LA Alumínios-Metalusa-BlackJack +2:08s
16º Hugo Sancho (Por) LA Alumínios-Metalusa-BlackJack +2:23s
17º Frederico Figueiredo (Por) Sporting-Tavira +2:29s
18º Davide Rebellin (Ita) Kuwait-Cartucho.es +2:40s
19º Rui Sousa (Por) RP-Boavista +3:01s
20º Filipe Cardoso (Por) RP-Boavista +3:02s

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