O ciclista
português Bruno Pires iniciou a carreira profissional em 2002, impondo nos
últimos anos o seu valor no pelotão internacional e sempre em equipas WorldTour. Ingressou em 2011 na
Leopard-Trek e desde 2012 pedala na Tinkoff-Saxo.
Descrito pela
própria equipa como tendo notáveis capacidades de trepador, aos 33 anos é um
dos principais pilares da esquadra russa na montanha, “elevando a Tinkoff-Saxo a um nível superior nas corridas por etapas e
oferecendo um apoio vigilante nas corridas montanhosas de um dia com subidas
íngremes”.
Na presente
temporada representou um papel fundamental no apoio ao líder Alberto Contador
em importantes provas como a Volta ao Algarve, Volta a Catalunya, Vuelta al
País Vasco e Critérium du Dauphiné. Em todas as provas, o campeão espanhol
terminou no pódio, sucedendo o mesmo aquando do seu trabalho na Route du Sud,
ganha pelo então líder Nicolas Roche. Para valorizar a brilhante temporada de
Bruno Pires, não podemos esquecer a forma como se entregou à luta no Tour des
Fjords, onde em plena paisagem idílica norueguesa batalhou por um resultado
pessoal muito desejado, finalizando em 17º na geral.
Neste
momento, encontra-se em Passo del Tonale, Itália. Entre os treinos diários e a
partilha com os fãs da alimentação de um atleta de alta competição na
página de facebook ‘A Comida do Ciclista por Bruno Pires’, deu-nos a
honra de partilhar a sua visão sobre o Tour, as provas disputadas e o que espera
da restante temporada.
Certamente tens seguido o Tour, como
tens visto o desempenho da Tinkoff-Saxo agora que perdeu Contador e o objectivo
principal da camisola amarela?
O Tour perdeu
muito do seu interesse ao perder ciclistas do patamar do Alberto e do Froome. Um
ciclista como o Nibali, que na minha opinião está ligeiramente abaixo de ambos,
mas bem acima do resto dos participantes, facilmente se vê a sua superioridade.
A minha equipa reagiu muito bem à perda do líder, transformou a dor em força
e isso já nos valeu uma vitória de etapa e penso que não fica por aí.
E quanto aos corredores portugueses
das outras equipas?
Quanto aos
portugueses, é das maiores participações que tem havido no Tour. E a nível de
resultados e prestações tem sido uma agradável surpresa. Agora, também é de
salientar que a sorte não os tem acompanhado, pois acredito que o Rui e o Tiago
estariam numa posição de tope na classificação sem os problemas que têm tido.
No entanto, o Tour ainda não acabou e acredito que ainda vamos ter uma alegria.
Neste momento, penso que te encontras
em período de descanso após a primeira fase da temporada, iniciada no Dubai.
Gostaste de correr esse Tour? Como vês a abertura do calendário a provas
distantes do habitual périplo europeu?
Neste momento,
já estou de volta ao trabalho depois de um descanso. Estou de estágio com a
equipa em Passo de Tonale, em Itália. Adorei a experiência do Tour do Dubai, é
uma corrida diferente das que estou habituado, mas vale pela experiência de
estar naquele país. Acredito que este será o futuro da modalidade, pois esses
países veem o ciclismo como um bom meio de divulgação e realmente é.
O teu trabalho passa fundamentalmente
pelo apoio aos líderes e este ano já tens uma quota-parte de responsabilidade
nas vitórias alcançadas pela equipa. Qual das corridas da presente temporada
gostaste mais de disputar?
Este ano
tenho tido um bom calendário, mas também bastante duro. Gostei de estar na
Volta ao Algarve, Volta a Catalunha, País Basco e Tour de Fjords na Noruega.
Por último, não escondes a vontade de
querer atingir um resultado a nível pessoal. Em que próximas corridas poderemos
ver-te pedalar e qual delas pensas ser a mais indicada para alcançar esse
objectivo?
Sempre gostei
de fazer resultados. Sei que são importantes para que possamos trabalhar mais e
melhor, pois fazem-nos acreditar que vale a pena todo o trabalho e empenho. Quando
não os conseguimos, não acreditamos em nós e isso não ajuda na motivação. O meu
calendário mudou um pouco do que estava previsto, no entanto trabalho de igual
forma para todas as competições e para poder estar na frente em alguma delas…
já veremos.
(escrito em português de acordo com a antiga ortografia)
---------- ENGLISH VERSION ----------
Bruno Pires: “My team turned pain into strength”
The Portuguese rider Bruno Pires started his
professional career in 2002, imposing in recent years its value in the
international peloton and always in WorldTour
teams. He joined Leopard-Trek in 2011 and since 2012 pedals in Tinkoff-Saxo.
Described by the team itself as having remarkable
climbing skills, at the age of 33 Bruno is one of the main pillars of the
Russian squad in the mountain, “lifting
Tinkoff-Saxo to a higher level in stage races and offering a vigilant support
in hilly one-day races with steep climbs”.
This season marked a key role in supporting the leader
Alberto Contador at important races like the Volta ao Algarve, Volta a
Catalunya, Vuelta al País Vasco and Critérium du Dauphiné. In all those races
the Spanish champion finished on the podium, the same happening during his work
on the Route du Sud, won by its leader Nicolas Roche. To value the brilliant
season of Bruno Pires, we cannot forget the way he gave himself to the fight in
the Tour des Fjords, where in full idyllic Norwegian scenery he battled for a
personal result deeply desired, finishing in 17th overall.
Right now, he is in Passo del Tonale, Italy.
Between daily cycling training and sharing with fans the food of an athlete of
high competition in the facebook page ‘A Comida do Ciclista por Bruno Pires’,
he gave us the honor of sharing his view on the Tour, the races ridden and what
he expects of the remaining season.
Bruno Pires in Dubai (Photo Official Facebook) |
Surely you
have been following the Tour, how do you see the performance of Tinkoff-Saxo
now they’ve lost Contador and the main objective of the yellow jersey?
The Tour lost a lot of his interest losing cyclists with
the level of Alberto and Froome. A rider like Nibali, who in my opinion is
slightly below both, but well above the rest of the participants, we can easily
see his superiority. My team reacted very well to the loss of the leader, turned pain into strength and this has earned us a stage win and I think it doesn’t ends
there.
What about the
Portuguese riders of the other teams?
As for the Portuguese, this is one of the biggest participations
in the Tour. And the level of results and performances has been a pleasant
surprise. Now, it is also noteworthy that luck has not been with them, because
I believe Rui and Tiago could be in a top position without the problems they
have been through. However, the Tour is not over yet and I believe we still can
have a joy.
For now, I
think you are resting after the first part of the season, which started in
Dubai. Did you like to race that Tour? How do you see the opening of the
calendar to distant races of the usual European periplus?
Right now, I'm back to work after a break. I'm on a
training camp with the team in Passo Tonale, in Italy. I loved the experience
of the Tour of Dubai, it’s a different race of what I'm used to, but worth the
experience of being in that country. I believe this will be the future of this
sport, because these countries see cycling as a good way of publicity and it
really is.
Your job is
mainly in support of the leaders and this year you already have a share of
responsibility in the victories reached by the team. Which of those races you
most liked to compete?
This year I have had a good calendar, but also quite
hard. I enjoyed being in the Tour of Algarve, Tour of Catalonia, Basque Country
and Tour of Fjords in Norway.
Finally, you
do not hide the will to achieve a result on a personal level. What races will
you ride next and which one you think is the most suitable to achieve this
objective?
I’ve always liked achieving results. I know they are
important for us to work harder and better, because they make us believe that
it is worth all the hard work and commitment. When we can’t achieve them, we stop
believing in ourselves and it doesn’t help the motivation. My calendar has
changed a little bit from what was expected, however I work the same for all
races and to be able to be in the front of one of them... we'll see.
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