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#Giro100 no Eurosport

A 100ª edição do Giro d’Italia decorre entre os dias 5 e 28 de Maio, com transmissão alargada e personalizada no canal Eurosport, tendo como principais anfitriões da emissão portuguesa os conhecidos comentadores Luís Piçarra, Paulo Martins, Olivier Bonamici e Gonçalo Moreira. O Cycling & Thoughts esteve à fala com três dos comentadores para conhecer os pontos-chave da emissão, prognósticos do pódio e perspectivas da prestação lusitana na Corsa Rosa.

No centenário do Giro d’Italia, o pelotão [ver lista] contará com três estreias lusitanas: o campeão nacional José Mendes (BORA-hansgrohe), José Gonçalves (Katusha-Alpecin) e o campeão do mundo de 2013 Rui Costa (UAE Team Emirates).



Um total de 22 equipas irão percorrer 3.572,2 km ao longo de três semanas, divididos em 21 etapas, não esquecendo os merecidos dias de descanso, que serão três. O tiro de partida será dado na Ilha da Sardenha, em Alghero, sendo o grande vencedor coroado em plena Piazza Duomo, em Milão, chegada do contra-relógio individual que fechará a edição de 2017.

O percurso conta com oito etapas de média montanha, cinco de alta montanha, cinco chegadas em alto e dois contra-relógios individuais (Et10 / Et21). Destacando três pontos atractivos para acompanhar a Corsa Rosa, assinala-se a subida ao Etna (Et4), o maior vulcão da Europa; o Passo dello Stelvio (Et16), o ponto mais alto do Giro designado ‘Cima Coppi’, a 2758m de altitude; e a chegada a Blockaus (Et9), que surgiu a primeira vez em 1967, ano em que Eddy Merckx venceu ali a sua primeira etapa no Giro. O esforço individual marcará também esta edição, quer o primeiro de 39,8 km entre Foligno e Montefalco, quer o derradeiro de 29,3 km entre Monza e Milão.

Numa edição marcada pelo recente falecimento do ciclista italiano Michele Scarponi, vencedor do Giro de 2011, a subida de Mortirolo (Et16) será designada de Scarponi em sua homenagem.

(© Helena Dias / APCP - Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais)

O Cycling & Thoughts esteve com a equipa do Eurosport para conhecer um pouco mais sobre o que o canal tem para oferecer aos telespectadores na especial 100ª edição da Corsa Rosa.

Luís Piçarra revelou-nos: “Vamos oferecer o Giro praticamente na íntegra, com uma cobertura alargada, porque vamos dar garantidamente quatro horas por etapa. Somos uma equipa que muita gente já conhece e, mais do que falar sobre ciclismo, fazemos companhia durante a tarde. O Eurosport tem repórteres no local, o Juan António Flecha que é o nosso ‘expert’ e irái fazer o reconhecimento de uma série de etapas. Temos também o programa antes e depois, o ‘Giro Extra’ [de 30 minutos], sempre com a antevisão da corrida e entrevistas aos ciclistas. Não damos apenas as imagens que nos chegam por satélite, fazemos uma cobertura com jornalistas no local. E como apresentador o Jonathan Edwards, que é um ex-campeão olímpico de triplo salto e revelou-se como apresentador em programas sobre atletismo. Para além disso, teremos episódios novos do ‘Sports Explainer’, sendo que na Volta a Itália vamos explicar como se faz uma descida, com ajuda de imagens gráficas.”

Olivier Bonamici referiu: “Este ano vamos ter uma transmissão mais longa do que o habitual, quatro horas por dia. Vai dar para falar de muitas coisas para além do ciclismo, como a questão de Itália ser um país lindo de morrer, a paixão que existe no ciclismo em relação a Itália e que em transmissões mais curtas não podemos fazer. O que acho interessante no Giro nos últimos anos é que é uma corrida mais aberta no ponto de vista desportivo e só por uma razão: não existe o ciclista Chris Froome. A qualidade que ele tem e a sua equipa matam muito do suspense e vimos no ano passado, que achei vergonhosa a terceira semana do Tour, onde cada ciclista lutava para não perder o seu lugar em vez de ganhar um lugar. Perdeu-se muito o espectáculo. Na Volta a Itália e na Volta a Espanha isto não existe, são corridas mais abertas, é sempre complicado dizer antes quem vai ganhar, há grandes mudanças de camisola e mais suspense.”

Paulo Martins concluiu: “Espero que estejamos à altura dos 100 anos da história do Giro. O canal tem-nos sempre presenteado com bons espectáculos de ciclismo e é isso como comentadores que vamos tentar fazer diariamente durante as quatro horas diárias que vamos ter nesta edição.”

O Cycling & Thoughts quis também saber os prognósticos dos três comentadores para o pódio do 100º Giro d’Itália.

Para Luís Piçarra, “Os óbvios são o Quintana e o Nibali. Não indo pelo lado óbvio, e procurando quem complete o pódio, acho que o Thibaut Pinot é uma boa hipótese. Tem melhorado nos contra-relógios cada vez mais e este ano os contra-relógios vão ser muito importantes, principalmente o último. Talvez o Tom Dumoulin, Steven Kruijswijk, Zakarin ou Mollema. E, quem sabe, o Geraint Thomas, nunca conseguiu fazer grandes resultados em grandes voltas, porque tem sido forçado a trabalhar.”

Na opinião de Olivier Bonamici, “Nesta Volta a Itália, espero muito de quatro ciclistas. Nibali, porque é o único grande italiano que está na Volta a Itália. Scarponi morreu e ele vai ter uma pressão gigante no ano do centenário. É um ciclista que muitos italianos gostam, mas não é um herói dos italianos… tem a ver com a sua personalidade, que é mais fechada, não é um louco como Pantani, não tem o mesmo espírito ofensivo. Quintana, estou curioso para ver a tal aposta complicada de fazer a Volta a Itália e a Volta a França, não sei se é aposta certa ou não. E Pinot, aposta certa ou não? Sabe psicologicamente que não pode ganhar a Volta a França, tem uma pressão gigante em França com a comunicação social a gozar muitas vezes com a sua capacidade psicológica de ultrapassar uma barreira e ele optou por fazer uma outra corrida, o Giro. Tom Dumouli, espero muito dele, porque para mim é um futuro Bradley Wiggins. É um ciclista muito completo, excelente no contra-relógio e perdeu peso. Até que ponto ele é capaz de ser um futuro Wiggins, não sei. Na minha opinião, neste momento é o único que, se fizer um grande trabalho, nos próximos dois anos pode ganhar a Volta a França, mas terá que melhorar muito. A Volta a Itália vai ser o teste para ver se ele passa este patamar de não ser apenas um contra-relogista e alguém que aguenta bem a alta montanha, porque para ganhar uma grande volta é preciso brilhar na alta montanha e não apenas aguentar.”

Para Paulo Martins, “Se tivesse de fazer o pódio já, seria com Nairo Quintana e Thibaut Pinot. Quintana, porque já venceu o Giro. Pinot, porque deixa de ir à Volta à França, querendo apostar muito na tentativa de ganhar uma prova de três semanas. Tenho quase a certeza que estes dois nomes irão estar no pódio. O Nibali acaba por ser obviamente um favorito, mas há sempre aquela incógnita desde que saiu da Astana, se vai ou não funcionar. Ele não vai correr sobre pressão, porque já ganhou as três grandes. Resta saber se vai nas condições físicas ideais para o Giro d’Italia. É a minha maior preocupação em relação ao líder da Bahrain.”

Por fim, o Cycling & Thoughts questionou a equipa do Eurosport sobre o que esperam dos três ciclistas lusos presentes no Giro.

Luis Piçarra referiu: “Acho que o José Mendes acaba sempre forçado a trabalhar para os outros. Quanto aos outros dois, têm objectivos fortes. O José Gonçalves tem de entrar em fugas e tentar ganhar uma etapa. Consegue ganhar etapas de média montanha, etapas que fazem lembrar clássicas e é um ciclista que pode sempre surpreender. No caso do Rui Costa, acho que tem de ganhar uma etapa, a equipa vai com esse objectivo. Ele vai como líder e tem de cumprir o objectivo.”

Olivier Bonamici disse: “Para mim, o José Mendes é um pouco como o André Cardoso, um ciclista que raramente desilude, um ciclista completo, que vejo perfeitamente a fazer um Top 30 na Volta a Itália. Vitória de etapa, quem sabe. O José Gonçalves é um ciclista que está numa nova equipa, muito completo e que pode perfeitamente brilhar numa Volta a Itália ganhando uma etapa. Tem a pressão de uma equipa que, para mim, é a grande desilusão do ano, pois é inacreditável como é que uma equipa com tanto dinheiro fez a temporada que faz. Acham que Zakarin é a chave, vamos ver. Precisa claramente e rapidamente de resultados. O Rui Costa faz uma óptima decisão de dizer que a Volta a Itália é para etapas. Depois do título de campeão do mundo, era um ciclista de quem esperava um pouco melhor. A decisão da equipa de não levar Diego Ulissi é uma decisão muito forte no ano do centenário do Giro. Ulissi não vai à Volta a Itália, porque é complicado ter dois líderes na mesma equipa. Ulissi vai à Volta a França e toda a equipa vai estar virada para Rui Costa e interessa-me ver como a equipa vai trabalhar para ele ganhar uma etapa. A surpresa Rui Costa já não acontece, porque toda a gente sabe quem é e conhece a sua leitura de corrida. Uma segunda questão é a vertente psicológica, ele precisa de uma grande vitória para relançar esta máquina de ganhar. Kwiatkowski e Philippe Gilbert viveram isto, perderam um pouco a confiança e é importante conquistar vitórias. Mas os grandes continuam a ser grandes. Às vezes, é preciso voltar a ganhar para relançar a máquina e estou à espera que Rui Costa possa relançar a máquina finalmente na Volta a Itália, porque se não ganhar uma etapa no Giro, será mais uma pequena pressão sobre ele.”

Paulo Martins rematou: “Cada um tem a sua missão. José Gonçalves, como estreante na própria Katusha, o que está a passar é tudo uma novidade. Está no WorldTour pela primeira vez, ao lado de um líder como Zakarin, que pode ser um outsider a estar no pódio. Acho que vai ter a missão de tentar ganhar uma etapa e ser útil ao seu líder. Quanto ao Rui Costa, esta estreia que está a fazer no Giro vai ao encontro do que não conseguiu fazer na Volta a França, fechar Top 10. Ganhou etapas, mas não fechou uma grande competição nos dez mais. Esta mudança de calendário fez-lhe bem, os resultados estão à vista, acho que é o melhor arranque de sempre do Rui e agora é esperar e ver o que é realmente a sua missão na Volta à Itália, se ganhar etapas ou lutar pelo Top 10. O Rui está a tentar ir sem pressão, todos os anos a comunicação social mete-lhe muita pressão e, mesmo ele sabendo lidar com essa situação, as coisas não lhe têm corrido bem. Pessoalmente, prefiro pensar como o Rui, vai tentar ganhar uma etapa e depois logo se vê, porque a Volta a Itália é muito dura. Em relação ao José Mendes, vai ser de orgulho para nós. É mais um estreante, mas vamos ter a camisola de campeão português no Giro. É também um motivo de irmos seguindo dia-a-dia a Volta a Itália. A BORA vai lutar por etapas e acho que o José vai ter esse papel da equipa estar ao ataque.”

Equipa Eurosport: Olivier Bonamici, Luís Piçarra e Paulo Martins (© Helena Dias)

PERFIS ETAPAS

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Comentários

  1. Mais uma vez OBRIGADO,Helena! Tudo o que se fizer pelo ciclismo,ou dar a conheçer a sua história é de louvar e é bom reconheçer,quem dá o máximo p0r este desporto,no caso a minha estimada amiga autora do excelente artigo!

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