Já tinha
tentado, sem êxito. Hoje, Filipe Cardoso (Efapel) conseguiu entrar na fuga e
chegar à vitória da quarta etapa da Volta a Portugal. Sprinter de natureza, robusto na pedalada, usou a sua arma
letal de perito nas descidas para ganhar uma vantagem confortável na abordagem à
subida-chave do dia. No alto da Sra. da Graça, resplandeceu de felicidade ao
agarrar aos 31 anos a primeira vitória na prova rainha. Uma estreia em plena jornada
mítica de Mondim de Basto.
“O Filipe merecia esta vitória, porque
é o típico ciclista que ao longo da sua carreira sempre tem trabalhado para os
outros. Para mais vencendo aqui na Sra. da Graça, uma chegada que não é, nem de
perto nem de longe, para as suas características. Gostaria de frisar que ele no
início da subida, mesmo sabendo que tinha 5 minutos, teve a preocupação de
perguntar se era preciso esperar por alguém. Disse-lhe que fizesse tudo o que
podia, porque tinha nas mãos a possibilidade de vencer a etapa. Sei o quanto o
Filipe é lutador e que ele tinha muita vontade de conseguir vencer.” Américo Silva, director desportivo da
Efapel, descrevia assim à RTP esta importante vitória.
O dia foi
longo e de calor. A 35,067 km/h o pelotão percorreu 155,6 km de Alvarenga a
Mondim de Basto. À partida quase não chegava a Team Ecuador, que rumou à Alvarenga
errada ditada pelo GPS. Ultrapassado o atraso pela espera, o pelotão de 117
corredores deu início à primeira jornada mítica da Volta. No final, seriam 114
a cruzar a graciosa meta.
Na
incontornável fuga do dia, entre os oito aventureiros tivemos dois heróis
lusitanos a pedalar por metas diferentes. Bruno Silva (LA Alumínios-Antarte)
continuou a batalhar pelo objectivo da montanha, uma liderança ganha a pulso,
sempre na frente desde o primeiro dia, cimentando a cada escalada o comando
desta importante camisola. Filipe Cardoso (Efapel) lutou por estar na fuga,
superou as quatro subidas categorizadas, fazendo a diferença na descida da penúltima
1ª categoria da Barragem do Alvão, entrando em Mondim de Basto com o público ao rubro e 4m39s para
12 km de derradeiro esforço.
Na história
desta mítica etapa, não podemos esquecer quem fez a diferença. Num terreno
montanhoso, se o sprinter Filipe Cardoso ganhou a jornada, o sprinter Samuel
Caldeira massacrou o pelotão ao longo da Barragem do Alvão, tudo em prol da
equipa. No rosto de ambos, separados por minutos, o esforço levado ao extremo
foi das mais belas imagens que o ciclismo pode proporcionar.
A 8 km da
meta impunha-se a Sra. da Graça com a sua pendente de 7,5% e máxima de 10%. Ao
longo desta subida vivemos duas corridas. Na frente, Filipe Cardoso pedalava
por manter a esperança de vencer, enquanto ganhava o prémio de mais combativo
do dia. Atrás, um a um iam sendo alcançados os companheiros de fuga por uma
W52-Quinta da Lixa fortíssima e sem espaço para ataques de directos rivais à
amarela de Gustavo Veloso.
Em terreno
inimigo aos seus pedais de velocista, Filipe Cardoso foi perdendo distância à
velocidade de um sprint. A 6 km contava com 2m56s, a 4 km com 1m38s, a 2 km com
1m07s e à entrada do quilómetro final apenas 40s de esperança para uma vitória
tão suada. A Sra. da Graça parecia fugir nos metros finais, mas em cima do risco da montanha de 1ª categoria Filipe agarrou o triunfo tendo colado
a si o companheiro Jóni Brandão e o camisola amarela Gustavo Veloso.
Exausto, mas
feliz, assim se mostrou Filipe aos microfones da RTP: “Dei tudo o que tinha, cheguei completamente vazio, mas como consegui
vencer a etapa todo este esforço valeu a pena. Sem dúvida, aquela vitória que
eu tanto ambicionava. As descidas acabaram por ajudar alguma coisa, mas o
grande problema da etapa de hoje foram as subidas e isso sim fez-me sofrer
muito.”
Enquanto se
pedalava pela vitória da etapa, no grupo do camisola amarela tudo corria de
feição a Gustavo Veloso. Sem força visível para fazer frente ao poderio da
W52-Quinta da Lixa, a liderança da geral foi cimentada e uma vez mais o galego
vencedor da Volta de 2014 terminou no pódio da etapa, agarrando preciosos
segundos de bonificação. Entre os favoritos à geral, Rui Sousa (Rádio
Popular-Boavista) e Ricardo Mestre (Team Tavira) foram quem mais sofreu nos
derradeiros momentos, conseguindo minimizar as perdas nos metros finais para 30s
e 58s na meta. Com forte pedalada mostrou-se o jovem Amaro
Antunes (LA Alumínios-Antarte) em 4º na meta (a 4s), o consistente Delio
Fernández (W52-Quinta da Lixa) em 5º (a 4s), o vencedor de 2013 Alejandro
Marque (Efapel) em 6º (a 8s) e o vencedor da montanha de 2014 António Carvalho
(W52-Quinta da Lixa) em 7º (a 8s).
Resultados Et4
1º Filipe
Cardoso (Por) Efapel 4:26:14
2º Jóni
Brandão (Por) Efapel m.t.
3º Gustavo
Veloso (Esp) W52-Quinta da Lixa m.t.
4º Amaro Antunes (Por) LA Alumínios-Antarte +4”
5º Delio
Fernández (Esp) W52-Quinta da Lixa +4”
6º Alejandro
Marque (Esp) Efapel +8”
7º António
Carvalho (Por) W52-Quinta da Lixa +8”
8º João Benta
(Por) Louletano-Ray Just Energy +16”
9º Ricardo
Vilela (Por) Caja Rural-Seguros RGA +23”
10º Daniel
Silva (Por) Rádio Popular-Boavista +25”
C.Geral
1º Gustavo
Veloso (Esp) W52-Quinta da Lixa 19:01:18
2º Delio
Fernández (Esp) W52-Quinta da Lixa +17”
3º Jóni
Brandão (Por) Efapel +35”
4º Amaro Antunes (Por) LA Alumínios-Antarte +45”
5º Alejandro Marque (Esp) Efapel +55”
6º Ricardo
Vilela (Por) Caja Rural-Seguros RGA +1:01”
7º António
Carvalho (Por) W52-Quinta da Lixa +1:09”
8º Hernâni
Brôco (Por) LA Alumínios-Antarte +1:14”
9º João Benta
(Por) Louletano-Ray Just Energy +1:24”
10º Daniel
Silva (Por) Rádio Popular-Boavista +1:30”
11º Rui Sousa
(Por) Rádio Popular-Boavista +1:34”
15º Ricardo
Mestre (Por) Team Tavira +1:43”
38º Hugo Sabido (Por) Louletano-Ray Just Energy +10:30”
Camisolas
Geral:
Gustavo Veloso (Esp) W52-Quinta da Lixa
Juventude: Aleksey
Rybalkin (Rus) Lokosphinx
Montanha:
Bruno Silva (Por) LA Alumínios-Antarte
Pontos: Filipe
Cardoso (Por) Efapel
Combinado: Gustavo
Veloso (Esp) W52-Quinta da Lixa
Equipas:
W52-Quinta da Lixa
Resultados completos aqui
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Et3 Volta a Portugal: tudo menos transição
Et2 Volta a Portugal: Larouco enaltece talento luso-galego
Et1 Volta a Portugal: fuga de impulsos
Volta a Portugal: prólogo de sentimentos mistos
(escrito em português de acordo com a
antiga ortografia)
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