Permitam-me
escrever um texto totalmente pessoal deste domingo de ciclismo na Malveira. O
pelotão nacional apresentou-se em pouca quantidade, mas grande qualidade nas
provas de estrada e pista realizadas na região saloia de Mafra. Luís Fernandes
(W52-Quinta da Lixa) batalhou pela vitória no circuito de estrada, Rafael Reis
(Team Tavira) e Leonel Coutinho (LA Alumínios-Antarte) brilharam nas provas de
pista.
Quando
cheguei à Malveira, pensei que me tinha enganado no dia da prova. Pouco
público, pelotão escasso e o céu a ameaçar chuva. A hora do tiro de partida
foi-se aproximando e com ela apareceu um tímido público à imagem do tímido sol
que por fim veio brindar os nossos heróis. Os sorrisos do pelotão alinharam-se na
linha de partida e depressa rumaram às 35 voltas ao curto percurso de 1,6 km do
Circuito da Malveira.
Num corrupio entre
voltas, passo a passo fui acompanhando o pelotão da meta à curta subida, do meio
do percurso até novamente à meta. Vê-los passar um a um, distinguir cada rosto
e lembrar o que cada um fez durante o ano, enquanto eles pedalavam com a mente
totalmente focada nesta prova, na fuga que tanto lutaram por fazer vingar, na
perseguição que impuseram aos aventureiros da jornada.
Um a um, a
temporada a voar diante dos meus olhos… Nuno Almeida (Sicasal-Constantinos-Udo)
e a juventude de lutar pela subida a profissional, Domingos Gonçalves (Efapel)
e o seu regresso ao pelotão luso, Luís Mendonça (Concello de Porriño-Abanca) e
a pouca visibilidade que tem para os resultados que alcança, César Fonte (Rádio
Popular-Boavista) e a luta incessante pela Taça de Portugal que fugiu por um
lugar, Ricardo Mestre (Team Tavira) e o reencontrar-se a si mesmo e à casa de
Tavira, Sandro Pinto (Louletano-Ray Just Energy) e a combatividade de mostrar
em cada prova o seu valor, Alberto
Gallego (Rádio Popular-Boavista) e a sua irreverência na Volta a Portugal,
Leonel Coutinho e Pedro Paulinho (LA Alumínios-Antarte) dois talentos de
trabalho árduo no pelotão, Rui Sousa (Rádio Popular-Boavista) na busca
incessante pela Volta e Bruno Silva (LA Alumínios-Antarte) a conquistar com
brilhantismo a montanha da Volta, Rafael Silva (Efapel) e a superação diária
pela perda do pai e regresso aos lugares cimeiros onde já provou ser o seu
lugar, Rafael Reis (Team Tavira) e o portentoso talento no contra-relógio,
Amaro Antunes (LA Alumínios-Antarte) e o ano de total afirmação como contender das principais provas. E muitos mais ficam por nomear.
O último
cruzar da linha viu Luís Fernandes (W52-Quinta da Lixa) cerrar o punho ao
agarrar a primeira vitória da temporada deste corredor, que se destaca como um
dos melhores equipiers do pelotão
nacional. Seguiu-se em 2º na meta Moisés Dueñas (Louletano-Ray Just Energy), espanhol
batalhador que ano após ano golpeia as dificuldades para se manter na estrada. Em
3º, o não menos batalhador Ricardo Mestre (Team Tavira), seguido em 4º por
Alberto Gallego (Rádio Popular-Boavista) e em 5º Sérgio Sousa (LA Alumínios-Antarte),
outro luso que tem logrado resultados consistentes ao longo do ano.
Seguiu-se a
pista, a minha primeira vez em provas de pista. Uma das minhas maiores paixões no
ciclismo, que nunca tinha tido a oportunidade de assistir in loco. Numa palavra: brutal. E se senti ser brutal numa pista
longe da grandeza de um velódromo, não sei o que sentirei se um dia pisar o
Velódromo Nacional em Sangalhos.
Duas provas,
muita emoção. Em eliminação percebi realmente o que é o desgaste de, volta
atrás de volta, tentar não ser o último a cada passagem pela cruel linha
desenhada a branco. Essa linha que vai ditando que tens de sair, mesmo que
tenhas lutado até à exaustão para deixar todos os adversários para trás, como
Pedro Paulinho fez e o grupo a voar no seu encalço. O extenuante pedalar fez
realçar dois rostos de qualidade na luta pela vitória da prova. Rafael Reis foi
dono de uma força maior, que o levou à vitória sobre César Fonte, deixando em
3º Francisco Costa (LA Alumínios-Antarte) e em 4º Miguel Amorim, que tantas
vezes brilha no estrangeiro com a Selecção Nacional de Pista.
Na corrida
por pontos, a emoção não foi menor. Aliás, há que sublinhar a total ausência de
monotonia no decorrer das provas de pista. Cada cruzar de linha significa que
ganhas ou perdes algo. Nesta disciplina, cada pisar do risco eleva-te ao estatuto
de vencedor por angariares mais pontos. Ao lugar mais alto do pódio subiu
Leonel Coutinho (LA Alumínios-Antarte), um jovem de traços talentosos na pista
enquanto pedalava no clube de formação de São João de Ver. Em 2º Vicente de
Mateos (Louletano-Ray Just Energy), seguido de Luís Fernandes e José de Segovia
(Louletano-Ray Just Energy).
A festa do
pódio não teve a grandeza de outras corridas. Contudo, a maior grandeza esteve presente em cada ciclista que proporcionou uma tarde de ciclismo espectáculo a
todos os presentes. O meu mais sincero obrigada a cada herói que
pedalou esta tarde na Malveira. Quem faz a grandeza ou não de uma corrida são os ciclistas e hoje todos fizeram de cada segundo um grande momento de ciclismo.
Álbum completo, clica AQUI!
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Pódio do Circuito (© Helena Dias) |
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Pódio Pista - Eliminação (© Helena Dias) |
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Pódio Pista - Corrida por pontos (© Helena Dias) |
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Nuno Almeida e os companheiros da Sicasal-Constantinos-Udo (© Helena Dias) |
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Domingos Gonçalves (© Helena Dias) |
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Luís Mendonça (© Helena Dias) |
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Ricardo Mestre (© Helena Dias) |
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Sandro Pinto e Rui Sousa (© Helena Dias) |
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Alberto Gallego e Moisés Dueñas (© Helena Dias) |
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O imperador César Fonte (© Helena Dias) |
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Leonel Coutinho e Pedro Paulinho (© Helena Dias) |
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Rafael Reis (© Helena Dias) |
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Amaro Antunes e Nuno Meireles (© Helena Dias) |
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Rafael Silva (© Helena Dias) |
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Vitória de Luís Fernandes (© Helena Dias) |
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A beleza do pelotão na pista (© Helena Dias) |
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O sorriso talentoso de Nuno Meireles e Amaro Antunes (© Helena Dias) |
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César Fonte e Rafael Reis brilham na pista (© Helena Dias) |
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Emoções ao rubro na perseguição a Pedro Paulinho (© Helena Dias) |
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As vitórias de Rafael Reis são sempre um enorme momento de ciclismo (© Helena Dias) |
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O risco da glória (© Helena Dias) |
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(escrito em português de acordo com a
antiga ortografia)
Por todo um trabalho feito durante o ano inteiro e não só na volta a Portugal pela maneira como o descreve com amor à modalidade realçando sempre o trabalho dos ciclistas e com isso o melhor que o ciclismo contém.
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