O jovem luso
Rafael Silva (Efapel-Glassdrive) acaba de agarrar a importante vitória do 6º
GP Liberty Seguros/Volta às Terras de Santa Maria, prova celebrada entre
os dias 25 e 27 de Abril. Rafa, como é conhecido no seio do pelotão, tem
vindo a aprimorar o seu talento inato para o ciclismo, convertendo-se aos 23
anos num dos rostos mais valorosos do pelotão português. Sempre disponível e
dono de uma extrema simpatia, acedeu prontamente ao nosso convite para falar
sobre a vitória, o início de temporada e os objectivos a médio-prazo.
O GP
Liberty Seguros é a tua primeira grande vitória enquanto profissional. Que
significado atribuis a esta conquista?
Antes de mais, agradeço a oportunidade de
falarmos um pouco de ciclismo, o que é sempre uma satisfação para mim. Sim,
posso dizer que é a vitória mais importante por tudo o que engloba, não
esquecendo também a minha primeira vitória como profissional o ano passado no
Memorial Bruno Neves. A primeira é sempre a primeira, mas esta é de facto a
mais importante até ao momento e foi o concretizar de um objectivo meu e da equipa
desde o início da época. Quando é assim, o cumprir de um objectivo é inexplicável
tanto profissionalmente como psicologicamente.
Quais
foram as maiores dificuldades que encontraste nesta edição em Santa Maria da
Feira?
As maiores dificuldades são sempre os adversários
e o terreno do percurso, mas este ano a chuva e o frio na primeira etapa podiam
ter-me retirado a vitória… ficava-me atravessado, visto que ia muito bem, mas
faltou-me arriscar um pouco mais para vencer a etapa.
A equipa
OFM-Quinta da Lixa mostrou-se bastante forte desde o início, segurando a
amarela até à disputa da última etapa. Que aspectos mais importantes
destacarias no teu trabalho e dos teus companheiros da Efapel para conquistar a
vitória no último dia?
A OFM, desde que ganhou a primeira etapa e fez também
segundo lugar, tinha como obrigação defender a liderança, porque o líder dava
garantias de vitória. Eles estiveram bem e à altura dos acontecimentos. Quanto
a mim e à minha equipa, cabia-nos lutar unidos até ao fim, apenas com o
objectivo de me levarem à vitória na classificação geral. E assim foi! Fomos
uma grande e unida equipa com um único objectivo em mente. Os meus colegas
deixaram tudo na estrada para que nada me faltasse e só tenho a agradecer-lhes.
Falando
um pouco do início da temporada… Chegaste este ano à Efapel, visto também que o
grupo foi praticamente todo remodelado, como tem sido a adaptação?
Logo no primeiro estágio, em Novembro/Dezembro,
o ambiente foi muito bom. Éramos quase todos novos na equipa e penso que isso ajudou
para que nos dessemos todos muito bem. Tanto os ciclistas que já faziam parte
da Efapel como os directores, mecânicos, massagista e tudo o que engloba a
equipa, deixaram-nos sempre à vontade e sempre muito prestáveis para que nada
nos falte. Notei isso desde o primeiro dia até ao dia de hoje.
Terminaste
no pódio nas duas primeiras provas do calendário português, seguindo-se esta
vitória. Que objectivos tens traçados para a temporada?
Sim, é verdade. Este ano em Portugal tenho
discutido sempre o triunfo, apesar de ter ficado com um amargo sabor de boca na
Volta ao Alentejo, porque fui arredado de discutir os lugares da frente por
azares alheios a esta modalidade. O objectivo principal que me foi colocado
pela equipa este ano era discutir a Volta à Feira. Isso já consegui. Agora,
dependendo também dos objectivos da equipa, quero estar na discussão de mais
corridas, como a Taça de Portugal entre outros Prémios e, quando tiver de
trabalhar, irei dar tudo pelos meus companheiros tal como eles fazem comigo. Como
se costuma dizer, temos de ser uns para os outros, porque todos precisam de
todos!
Para
terminar, em 2012, aquando da tua vitória na Volta a Portugal do Futuro
afirmaste: «Temos
de continuar a sonhar nesta modalidade, porque o ciclismo não pode acabar». Passados 2 anos e sabendo de
todas as dificuldades pelas quais esta modalidade passa, manténs essa
capacidade de sonhar? E o que gostarias de ver realizado?
Recordo-me perfeitamente dessas palavras e
desse momento como se fosse hoje e tenho a afirmar que hoje digo o mesmo, mas
com muito mais afinco e muito mais força. Todo o mundo vive de sonhos e são os
sonhos que nos fazem trabalhar, lutar e acreditar que tudo é possível. Sei
perfeitamente que nada é fácil, mas também se fosse fácil não dávamos tanto
valor ao trabalho. Gostava muito, e tenho ainda a esperança, que os ciclistas
fossem mais valorizados, porque isto não é uma profissão nada fácil.
Pódio final do 6º GP Liberty Seguros (by Zé Paulo/Momento Certo Fotografia) |
(escrito em português de acordo
com a antiga ortografia)
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