Rúben Guerreiro e João Almeida (© LaPresse) |
Portugal vive dias de tremendo orgulho no que toca ao ciclismo. Tudo se deve a dois corredores, que têm marcado o Giro d’Italia com a sua irreverência e qualidade. João Almeida (Deceuninck-Quick Step) e Rúben Guerreiro (EF Pro Cycling) superam para uns, confirmam para outros, as expectativas em si colocadas quanto ao potencial do qual são donos. O primeiro lidera a geral individual e da juventude há sete dias, o segundo venceu uma etapa e lidera a classificação da montanha.
João Almeida (Deceuninck-Quick Step) estreou-se no Giro d’Italia com um valioso segundo lugar no contra-relógio individual da primeira etapa. Entre Monreale e Palermo, a mais recente estrela lusa foi apenas superada em 22 segundos pelo campeão do mundo na especialidade, o italiano Filippo Ganna (Ineos Grenadiers). Como se isso não bastasse para alegrar a vida dos fãs portugueses, o jovem corredor de 22 anos surpreendeu o mundo ciclístico ao chegar à maglia rosa no final da terceira etapa, precisamente na chegada ao temeroso Etna, onde cruzou a meta em 11º, mas com um tempo que lhe valeu a subida à liderança da classificação geral da Corsa Rosa, com o mesmo tempo do segundo lugar ocupado pelo equatoriano Jonathan Caicedo (EF Pro Cycling). Jornada atrás de jornada foi somando segundos de vantagem, chegando ao primeiro dia de descanso com 30 segundos de vantagem para o segundo lugar do holandês Wilco Kelderman (Team Sunweb) e 39 segundos para o terceiro lugar do espanhol Pello Bilbao (Bahrain-Merida). Nove são as etapas já superadas pelo jovem corredor, que chegou em 2020 à Deceuninck-Quick Step vindo de dois anos na Hagens Berman Axeon, onde também alcançou o feito histórico de ser o primeiro ciclista luso a vencer a clássica Liège-Bastogne-Liège Sub-23. Agora, na equipa belga do escalão máximo do WorldTour, converteu-se no corredor do sul da Europa que mais tempo envergou a camisola rosa. Além disso, no que toca aos corredores lusos, apenas Acácio da Silva vestiu a maglia rosa, durante dois dias no ano de 1989, precisamente na chegada ao Etna, a qual venceu.
Foram precisos 31 anos para voltar a ver um português vencer uma etapa naquela que é considerada a mais dura das três grandes voltas. Acácio da Silva ganhou a referida etapa em 1989, tendo ganho anteriormente duas etapas em 1985, nas chegadas a Matera e Paola, e duas etapas em 1986, nas chegadas a Rieti e Bolzano. Em estreia no Giro d’Italia, Rúben Guerreiro (EF Pro Cycling) alcançou a vitória com garra, impondo-se em Roccaraso, no final da chuvosa nona etapa, de 208 quilómetros, selando com êxito a fuga que empreendeu com mais cinco corredores, entre eles o espanhol Jonathan Castroviejo (Ineos Grenadiers), o qual deixou a 8 segundos no segundo lugar. Um momento especial, que guardará para sempre como a primeira vitória WorldTour da sua carreira, à qual junta a liderança da camisola da montanha. Aos 26 anos, vive a quarta época no escalão máximo do ciclismo. Trek-Segafredo e Katusha-Alpecin foram as casas anteriores de Guerreiro, que conta com mais um ano de contrato com a norte-americana EF Pro Cycling.
Partimos então para mais duas semanas de Giro d’Italia com orgulho nos feitos já alcançados por João Almeida e Rúben Guerreiro e a esperança de continuar a ver o ciclismo português onde merece estar: nos jornais, nos canais televisivos, nas rádios… em Portugal e pelo mundo.
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