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João Almeida: “Tudo o que vier a seguir é um bónus”

No comando da maglia rosa desde o final da terceira etapa, o ciclista português João Almeida fala sobre o sonho rosa no site da sua equipa Deceuninck-Quick Step.

 

João Almeida (© LaPresse)

“Entrar na última semana do meu primeiro Giro d'Italia, em posse da maglia rosa, é uma posição que eu nunca poderia ter sonhado ao começar a corrida. Têm sido dias realmente difíceis, mas a sensação tem sido óptima. Ainda não sei até onde podemos ir, mas tenho uma óptima equipa ao meu lado, sempre a apoiar-me. A situação parece real, mas é como um sonho que jamais pensei que poderia agarrar-me por tanto tempo e estou muito feliz com o que aconteceu até agora e realmente surpreso.

 

“Esta corrida tem sido uma espécie de montanha-russa de emoções. O plano original, no início da temporada, era ir à Vuelta a España e só soube que viria para o Giro meio mês antes do início da corrida. Desde o início da temporada, temos estado a todo o gás e a minha forma tem sido boa durante todo o tempo e consegui fazer um trabalho muito bom durante o confinamento e na nossa concentração em Julho em Val di Fassa, portanto tinha uma excelente preparação nas minhas pernas.

 

“Sempre fui uma pessoa descontraída, mas também posso ficar ansioso, embora tente manter a calma. As pessoas pensam que não estou a sofrer ou que estou muito descontraído, mas interiormente penso muito nas coisas e gosto de pensar que estou bastante motivado, o que espero ter mostrado nas últimas semanas. Acho que a minha cara mostrou que sofri nos últimos dias.

 

“A reacção em Portugal tem sido louca e tenho tido muito apoio, o que tem sido óptimo. As pessoas reconheceram o meu trabalho árduo e espero que continuem a apoiar-me igualmente durante os momentos mais calmos, porque no desporto não conseguimos ficar no topo o tempo todo. Isso pode animar-me, mas também pressionar, mas também coloco pressão a mim mesmo mais do que tudo, como no domingo passado. Piancavallo foi a subida mais difícil que já fiz e, apesar de ter ficado para trás a sete quilómetros do final, não quebrei, apenas continuei a puxar por mim e a pensar como seria especial manter a camisola por mais uma etapa. O dia em si foi cansativo, algo que não esquecerei tão cedo, mas foi com muito coração que corri rumo à semana final.

 

Homenagem de A dos Francos a João Almeida (© HelenaDias)

“Às vezes, fico nervoso e é aqui que algumas pessoas mais experientes como Iljo e os directores desportivos como Davide Bramati mantêm-me calmo. Iljo é sempre importante com o trabalho que faz e como nos ensina a ultrapassar o dia. Comecei a minha temporada com ele na Austrália e aprendi muito com ele a partir daí, no Algarve e agora aqui. E Bramati tem tanto conhecimento e experiência para nos ajudar, mas também sabe quando aliviar a tensão com uma piada e fazer-nos rir.

 

“Aconteça o que acontecer na próxima semana, este Giro tem sido incrível. Quatro Top 3 e mais de uma dúzia de dias com a maglia rosa é algo inacreditável para mim no meu primeiro Grand Tour, portanto tudo o que vier a seguir é um bônus. Para ser honesto, gostaria muito de ganhar a camisola branca e tê-la em Milão. Mas estamos a correr há duas semanas e o terceiro lugar na classificação geral está a quase três minutos e só preciso manter a minha consistência para terminar no pódio - o pódio seria um sonho, algo inacreditável. Mas aconteça o que acontecer, acontece, e estou muito feliz com o que fizemos agora e se perdermos tudo no final, não perdemos de onde começámos.”


João Almeida lidera também a classificação da juventude (© La Presse)


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