A Selecção Nacional partiu com 14 ciclistas para o
Campeonato do Mundo de Estrada em Bergen, Noruega. Entre elites, sub-23 e
juniores, foi Nelson Oliveira
(Movistar Team) quem mais se aproximou das medalhas com o brilhante quarto lugar
alcançado no contra-relógio individual. Rui
Costa (UAE Team Emirates) esteve no grupo que disputou a vitória na prova
de fundo, num final ao sprint impossível de fazer frente ao tricampeão eslovaco Peter
Sagan (BORA-hansgrohe).
Este Mundial apresentou exigentes e desgastantes percursos,
tanto na prova de fundo como no contra-relógio. Uma parte dos ciclistas lusos
mostraram-se à vontade no traçado de Bergen, mas outros mostraram alguma dificuldade
de adaptação.
O primeiro a entrar em acção foi Tiago Machado com a Katusha-Alpecin no contra-relógio colectivo de 42,5
km, ficando a equipa suíça de Tony Martin no nono lugar. A surpresa surgiu
pelos pedais da Sunweb, de Tom Dumoulin, que bisou nesse dia ao vencer a prova
masculina e feminina, um feito inédito na história do Mundial. A BMC de Rohan
Dennis e a Sky de Chris Froome completaram o pódio.
Já com a camisola das cores nacionais, o primeiro a entrar
em campo foi Ivo Oliveira (Axeon
Hagens Berman) na luta solitária contra o relógio. O objectivo passava por
melhorar a marca alcançada no ano anterior, 36º no Qatar, uma meta cumprida com
um 21º posto, salientando-se o facto de Ivo Oliveira ter chegado a Bergen após
duas vitórias nos recentes Circuitos da Póvoa da Galega e da Moita, antecedidos
por uma recuperação desde o Giro d’Italia Sub-23, onde partiu o braço. A
medalha de ouro ficou nas mãos do dinamarquês Mikkel Bjerg (Giant-Castelli), a
prata para o americano Brandon Mcnulty (Rally Cycling) e o bronze para o
francês Corentin Ermenault (Team Wiggins).
No esforço individual de elites viveu-se um dia de nervos
para Portugal. Rui Costa (UAE Team
Emirates) foi o primeiro a experimentar o percurso de 31 km, com final na
ascensão de 3,4 km do monte Floyen (a 9,1% de pendente média), terminando em
33º lugar. Todas as emoções viveram-se mais tarde, pelos pedias de Nelson Oliveira (Movistar Team), que
por cerca de uma hora ocupou a cadeira de melhor tempo na meta, sendo apenas
destronado pelos favoritos à vitória. O quarto lugar alcançado foi histórico
por duas razões: atingiu a melhor marca de sempre no Mundial de contra-relógio,
sendo sua a anterior de 7º em Ponferrada, e ficou apenas a 7s do bronze do
britânico Chris Froome (Team Sky). Sem surpresa, o ouro não fugiu ao máximo
favorito, o holandês Tom Dumoulin (Sunweb), ficando o esloveno Primoz Roglic (LottoNL-Jumbo)
com a prata.
Num Mundial marcado pela grande ausência de Daniela Reis (Lares-Waowdeals) em
elites, a escolha da Selecção Nacional recaiu em levar somente uma participante
feminina a Bergen. A campeã nacional júnior Maria Martins (Bairrada), que tinha sido sétima no Europeu,
defendeu-se na prova de fundo de 76,4 km com um 44º lugar, num traçado que a
própria admitiu não se adequar à sua actual forma física. A italiana Elena
Pirrone, que tinha ganho o contra-relógio, bisou na prova de fundo, completando
o pódio a dinamarquesa Emma Norsgaard e a italiana Letizia Paternoster.
Na prova de fundo sub-23 imperaram os ciclistas WorldTour, numa performance impossível
de bater por parte do restante pelotão. No decorrer dos 191 km, o momento chave
surgiu pelo ataque do alemão Lennard Kämna (Sunweb) na última das 19 voltas,
antes da subida de Salmon Hill. Em resposta a esse ataque, o francês Benoit
Cosnefroy (AG2R La Mondiale) chegou à sua companhia à falta de 7 km, sendo este
duo a discutir a vitória ao sprint com o ouro a ser conquistado por Cosnefroy.
O curto pelotão que se seguiu, a escassos 3s, foi encabeçado pelo dinamarquês
Michael Svendgaard (Team Virtu Cycling), que ficou com a medalha de prata. Da
armada lusa destacou-se o campeão nacional de crono e vencedor da Volta a
Portugal do Futuro, José Neves
(Liberty Seguros-Carglass), sendo um dos protagonistas da fuga inicial, durante
seis voltas e 120 km. Embora não tenha terminado a prova, valeu o esforço de
tentar levar a fuga à glória. O campeão nacional de fundo Francisco Campos (Miranda-Mortágua) foi o primeiro luso na meta, após
descolar apenas na última volta e finalizar em 67º lugar, seguindo-se em 96º André Carvalho (Cipollini Iseo Serrature Rime) e em 101º Ivo Oliveira (Axeon Hagens Berman).
Os juniores estiveram presentes na prova de fundo de 133,8
km, com Pedro Miguel Lopes
(Seissa/KTM Bikeseven/Matias & Araújo/ Frulact) a destacar-se no 24º lugar,
num percurso marcado por quedas e muitas desistências. O título mundial
decidiu-se a 14 km para a meta com o ataque do dinamarquês Julius Johansen, que
conquistou o ouro em solitário, no ano em que se sagrou campeão nacional nas
duas vertentes, sexto no mundial de contra-relógio, vice-campeão europeu de
crono e vencedor do Trofeo Karlsberg, prova da Taça das Nações, o que demonstra
bem a sua qualidade. O pelotão chegou a 51s com a Selecção Italiana a arrecadar
as demais medalhas com Luca Rastelli e Michele Gazzoli. Da restante armada
lusa, integrado no mesmo pelotão de Pedro Miguel Lopes, chegou em 43º o campeão
nacional de crono Afonso Silva (Sporting-Tavira/Formação
Eng. Brito da Mana), fechando mais tarde em 102º o vencedor da Taça de Portugal
Pedro José Lopes (Alcobaça
CC/Crédito Agrícola).
A encerrar o Mundial, a elite do ciclismo disputou a prova
de fundo de 267,5 km. O objectivo de fechar Top 10 esteve perto de ser
alcançado, não fosse o final ao sprint, com a vitória a ficar pelo terceiro ano
consecutivo nos pedais de Peter Sagan (BORA-hansgrohe), num sprint a photo-finish
com o campeão europeu Alexander Kristoff (Katusha-Alpecin), fechando em
terceiro Michael Matthews (Team Sunweb). Rui
Costa (UAE Team Emirates) foi um dos 26 corredores a compor o restrito
grupo que discutiu a vitória ao sprint, terminando no 19º lugar. Embora tenha
lançado um ataque a 7 km da meta, os rivais não deram espaço à tentativa do
campeão do mundo de 2013. A queda sucedida na última passagem pela subida de
Salmon Hill foi a responsável pelo fragmentar do pelotão, afastando da frente
de corrida Nelson Oliveira (Movistar
Team), Tiago Machado
(Katusha-Alpecin) e Ricardo Vilela
(Manzana Postobón), que cruzaram a meta em 55º, 64º e 65º, a 2m32s. Em 130º
terminou José Gonçalves (Katusha-Alpecin),
a 11m53s, enquanto Rúben Guerreiro (Trek-Segafredo)
abandonou por dor abdominal.
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