O Cycling &
Thoughts, juntamente para a APCP
(Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais), esteve presente nos
tradicionais Circuitos lusos de final de temporada, aproveitando
o momento para sentir o coração dos heróis das equipas nacionais que estiveram
presentes na 79ª Volta a Portugal Santander Totta.
Neste terceiro artigo, de uma série de seis, falámos com os
oito elementos da equipa Efapel
sobre as quatro questões:
1- O que foi o melhor da Volta?
2- E o pior da Volta?
3- Com que sentimento sais desta Volta?
4- Tens algum episódio caricato ou momento marcante na Volta?
Descubram em seguida as respostas de Sérgio Paulinho, Daniel
Mestre, Rafael Silva, Henrique Casimiro, Bruno Silva, António Barbio, Álvaro
Trueba e Jesús del Pino.
HENRIQUE CASIMIRO (CG
8º)
1- No meu caso, o melhor da Volta foi a confirmação do que
tenho vindo a fazer ao longo destes últimos anos, que é ser um ciclista
consistente e regular. Gostei de comprovar que quando as coisas se tornam
difíceis eu estou no lote, estou naquele círculo de ciclistas que estão ali
para discutir. Isso deixa-me tranquilo para os próximos objectivos e dá-me
confiança para continuar o trabalho que estou a fazer.
2- O pior da Volta foi os primeiros quatro a cinco dias com
as quedas, os azares, as perdas de tempo em sítios que são circunstâncias de
corrida. Gerir todas essas perdas de tempo, segundos que no final se revelam
importantes, para mim foi o pior.
3- Saio com o sentimento de dever cumprido. Saio tranquilo,
mas com a sensação de que, com o mesmo esforço físico, poderia ter uma
classificação diferente.
4- Nesta Volta até tive bastantes episódios. Um dos episódios
caricatos aconteceu na primeira etapa quando fiquei envolvido numa queda. Caí,
peguei na bicicleta e quando olho para o pelotão, na altura em que estavam os
ventos e o pelotão estava a partir-se em diversos grupos, arranquei e vou para
meter mudanças e não tinha a manete direita, ou seja, não conseguia meter
mudanças. Ainda fui uns quilómetros a perseguir e, por sorte, o andamento
estava quase todo no pesado até que entrei no pelotão sem manete, mas depois
acalmou e aí já troquei.
SÉRGIO PAULINHO (CG
9º)
1- Depois destes anos todos, acho que toda a Volta em si foi
boa. Talvez tirando aquele dia da Sra. da Graça, onde perdi mais tempo e se não
tivesse perdido esse tempo poderia estar a discutir o pódio. Por isso, acho que
foi uma Volta bastante positiva.
2- O pior foi mesmo esse dia. Foi o dia que perdi mais tempo
e acabou por ditar a minha classificação. E também o dia da queda do Rafa.
Esses foram os piores dias da Volta.
3- Saí com um sentimento bastante bom. Como disse, depois de
todos aqueles anos no estrangeiro a fazer um tipo de trabalho, regressar a
Portugal como líder e fazer aquilo que fiz, para mim foi uma Volta bastante
positiva.
4- O momento que me marcou mais foi o dia quando o Rafa caiu.
Éramos colegas de quarto e vivi todo aquele sofrimento que ele viveu a partir
daquele dia até ao final da Volta. Mas, principalmente, naquele dia vê-lo a
chegar ao hotel, ver que quase não se conseguia mexer, acho que foi o dia que
mais me marcou na Volta.
JESÚS DEL PINO (CG 17º)
1- O melhor da Volta foi ter terminado melhor do que
comecei. Cada dia que passava encontrava-me melhor.
2- Não tenho nada de negativo sobre a Volta.
3- Termino satisfeito, já que penso que o meu rendimento foi
bom.
4- Para mim, o melhor momento foi a etapa que o Barbio
ganhou. Nós dois metemo-nos na fuga e no final ele conseguiu alcançar a
vitória.
DANIEL MESTRE (CG 20º)
1- O melhor a nível pessoal foi o meu rendimento, foi
mostrar que estive sempre a lutar pelas etapas em que era um dos candidatos.
Não consegui a vitória tão desejada, mas estive sempre na luta. A nível
colectivo foi a vitória do António Barbio. Um dos principais objectivos da
equipa seria vencer uma etapa e metemos dois homens no Top 10, o que também é
muito bom para nós.
2- Para mim, o pior da Volta foi a falta do meu colega de
equipa, o Rafael pela queda, porque era o meu lançador. Também a minha própria
queda e ficar doente a quatro dias do final da Volta. Estes foram os pontos
mais negativos desta Volta.
3- Saio com o sentimento de dever cumprido e pronto para
trabalhar para o próximo ano.
4- Acho que não vivi assim nenhum momento caricato. Momento
marcante foi a queda do meu colega de equipa, o Rafael.
BRUNO SILVA (CG 26º)
1- O melhor foi a vitória do nosso colega António Barbio.
Quanto a mim, a esta Volta fui com o intuito de trabalhar, de ajudar ao máximo
os meus colegas. Foi cumprido esse objectivo e estou satisfeito.
2- O pior foi sem dúvida a queda do Rafael. Foi o pior
momento que tivemos na Volta, tanto para mim como penso que para a equipa, porque
estava no início da Volta e foi uma queda muito má.
3- Saio com o sentimento de dever cumprido e satisfeito com
o trabalho que fiz.
4- Não tenho nenhum.
ÁLVARO TRUEBA (CG 39º)
1. O melhor da Volta foi a vitória do meu companheiro Barbio,
foi algo que a equipa necessitava. E o grande ambiente dentro da equipa, é algo
bonito.
2. O pior foi a forte queda do Rafa e, depois, termos ficado
várias vezes muito perto da vitória com o Daniel.
3. Pessoalmente, saio contente da Volta, com a sensação de
ter estado bem na corrida e de ter realizado o meu trabalho dentro da equipa.
4. Levo muitas e boas recordações desta Volta. Dentro da
equipa há um grande ambiente e isso traduz-se em grandes momentos.
RAFAEL SILVA (CG 64º)
1- O melhor da Volta foi a vitória do Barbio, eu ter
conseguido terminar a Volta e a união de grupo.
2- O pior foi a queda, sem dúvida alguma. A queda e todos
aqueles dias a sofrer desde a partida à chegada para apenas tentar terminar.
Isso foi o pior, as dores que tive, nem sequer quero lembrar-me disso.
3- Saio da Volta completamente realizado, satisfeito com
aquilo que consegui e com a equipa. Cumprimos com os nossos objectivos de
ganhar uma etapa e meter um homem nos dez primeiros. Claro que queríamos mais,
mas dadas as circunstâncias, as quedas que eu tive e não só, foi uma Volta
positiva para a Efapel.
4- Durante a Volta até tive mais do que um episódio, mas
nomear um… talvez as pessoas a empurrarem-me para me ajudar, mas a tocar-me nas
feridas. Se calhar esses são momentos caricatos.
1- Claro que é difícil não dizer a etapa que eu ganhei, é
sempre uma alegria. Já procurava a primeira vitória como profissional há muito
tempo. Nós batemos na trave várias vezes, trabalhámos sempre e conseguimos
alcançar uma vitória de etapa. Não era esse o primeiro objectivo da equipa
quando entrámos na Volta, mas após vermos que a geral não era possível,
obviamente tivemos de lutar por outro objectivo. Foi conseguido e, por isso,
penso que a Efapel teve uma prestação digna das suas cores.
2- Para mim, o pior acho que foi o dia a seguir à etapa que
ganhei, porque eu estava mesmo mal e o pior pensamento surgiu a meio da etapa.
Tínhamos sensivelmente 60-80 km e, ao não conseguir ajudar a minha equipa, o
pior pensamento foi por momentos preferir não ter ganho a etapa do dia anterior
para conseguir ajudá-los naquele dia. Mas, obviamente, isso não funciona assim.
3- Pessoalmente, saio com o sentimento de trabalho cumprido.
Tenho consciência que fiz um trabalho digno e fiz o que era pedido nas
primeiras etapas até ter a vitória na sétima etapa. No dia a seguir não
consegui, mas nos outros dias fiz jus àquilo que era pedido e penso que foi uma
volta vitoriosa da minha parte. Relativamente à equipa, apesar de não termos
conseguido lutar pela geral, penso que as nossas cores foram sempre mostradas e,
nesse aspecto, temos de pensar também nos nossos patrocinadores.
4- No dia de descanso, à noite, tivemos um jornalista a ir
ao hotel e fomos todos beber medronho. Eu detesto medronho, obrigaram-me a
beber e no dia a seguir ganhei. Talvez tenha sido isso!
António Barbio (© Helena Dias) |
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