O espanhol Jesus
Ezquerra deu à equipa Sporting CP-Tavira a primeira vitória na 78ª Volta a
Portugal Santander Totta. Samuel Caldeira (W52-FC Porto) e Nathan Earle
(Drapac) completaram o pódio da jornada mais longa, que esteve interrompida
devido ao pelotão enganar-se no percurso. Rui Vinhas (W52-FC Porto) manteve-se
consistente na defesa da camisola amarela.
Em declarações à estação pública de televisão RTP, o vencedor do dia Jesus Ezquerra falou do dia e do momento pelo qual a equipa Sporting CP-Tavira está a passar: “Foi um dia difícil, todo o dia em fuga. Tinha falado com o director para tentar chegar à meta e tentar surpreender os sprinters Vigano ou Caldeira. Mas afinal há que arriscar, se não arriscas não ganhas nunca e às vezes arriscando também não. Tentei a 6 km da meta, olhei para trás e havia espaço, continuei e pensei ‘se é para acontecer que seja’. Era uma vitória que necessitávamos. Vínhamos com a certeza de que tínhamos trabalhado forte para o nosso capitão Rinaldo ganhar a Volta. Às vezes as coisas não saem, mas peço às pessoas um pouco de calma, porque nós trabalhamos igual. Às vezes ganha-se, outras vezes não. O Rinaldo tem todo o apoio da equipa, mas teve um dia mau, toda a equipa sofreu também pelas pessoas que esperam o máximo. É normal, mas nós somos os primeiros a sofrer. Esta é uma vitória que não sabe à geral da Volta, mas espero que a desfrutem todos.”
Quanto à neutralização da corrida, a RTP falou com Rui Sousa (Rádio Popular-Boavista), experiente corredor que esteve a falar com os comissários: “Nós vínhamos num grupo bastante restrito quando iniciámos a descida e houve o engano. Vínhamos num grupo de cerca de 30 ciclistas e com a confusão toda já estávamos um grupo de 90 ou 100. O que eu disse aos comissários foi, até por uma questão de integridade física, para darem o mesmo tempo ao grupo. Naturalmente, nós tínhamos de perseguir a fuga e encurtar o máximo de tempo possível, mas dar àquele grupo todo o tempo, independentemente de haver cortes, porque seriam quase os últimos 10 km em descida, uma descida louca, e é muito mais fácil vir num grupo de 20 ou 30 ciclistas do que num pelotão de 100, onde toda a gente quer vir o melhor colocado possível.”
Jesus Ezquerra dá 1ª vitória à equipa Sporting CP-Tavira na Volta a Portugal (foto Helena Dias) |
Momento em que o pelotão espera para retomar a corrida (foto Helena Dias) |
A oitava e mais longa
etapa da 78ª edição ligou Nazaré a Arruda dos Vinhos em 208,5 km. No menu
montanhoso, o pelotão de 120 corredores fez frente a Montejunto (2ª cat. km
132,4), Alenquer (4ª cat. km 160,8) e Arranhó (3ª cat. 185,6). Nesta incursão
da Volta a Portugal pela região Oeste, destaque para o vasto público que
acorreu às estrada para ver o colorido pelotão passar.
Aos primeiros
quilómetros, uma fuga de sete corredores tomou a frente da corrida. O corredor
basco Garikoitz Bravo (Euskadi-Murias), também ontem em fuga, deu início à aventura
com Samuel Caldeira (W52-FC Porto), Jesus Ezquerra (Sporting CP-Tavira),
Ricardo Vilela (Caja Rural-Seguros RGA), Nathan Earle (Drapac), Davide Vigano
(Androni Giocattoli-Sidermec) e David Belda (Team Roth).
Com a montanha a surgir
somente na segunda parte da jornada, a fuga conseguiu distanciar-se do pelotão
na fase inicial, chegando a atingir uma vantagem acima dos 9 minutos. O
espanhol Ezquerra pontuou em primeiro nas metas volantes do Bombarral (km 42) e
Torres Vedras (km 90,9).
Após a passagem pela
terra do carismático Joaquim Agostinho, os corredores enfrentaram a mais dura
subida do dia, o alto de Montejunto. A fuga viu a vantagem reduzir, iniciando a
subida de 5,3 km a cerca de 6 minutos do pelotão, onde as equipas lusas se revezaram
no comando.
Garikoitz Bravo foi o
primeiro a perder contacto com a fuga e no alto foi o luso Ricardo Vilela a
coroar Montejunto. Atrás, o pelotão reduziu-se a cerca de 30 corredores, entre
eles o camisola amarela Rui Vinhas (W52-FC Porto).
À descida seguiu-se nova
subida em Alenquer. No sexteto em fuga, Vilela coroou o prémio de montanha. O
pelotão viu reagrupar elementos que tinham ficado para trás, atacando no grande
grupo o espanhol Eloy Teruel (Louletano-Hospital de Loulé) e mais tarde Alex
Diniz (Funvic-Soul Cycles-Carrefour), Matvey Nikitin (Astana City) e Yoann
Barbas (Armée de Terre).
Na aproximação à
primeira passagem pela meta, o sexteto alargou a vantagem para os 8 minutos,
fazendo perigar com a presença de Vilela o pódio de Daniel Silva, levando a
Rádio Popular-Boavista a tomar a frente do pelotão. Entretanto, o sexteto superou
na frente a primeira passagem pela meta (km 180,8), enquanto o quarteto
perseguidor foi alcançado pelo pelotão.
Na última contagem de
montanha do dia, em Arranhó, Vilela voltou a ser o mais forte. No pelotão, a
Efapel assumiu o comando após a passagem pela subida de Arranhó.
À falta de 16 km, um
engano na direcção do percurso levou o pelotão no caminho errado. Por decisão
dos comissários, a corrida foi neutralizada e posteriormente retomada com o
devido tempo de vantagem da fuga (6m40s).
De regresso à estrada,
na fuga foi Belda a bonificar em primeiro na última meta volante de Sobral de
Monte Agraço (km 199,5). Com o pelotão novamente em prova, foi a Efapel a tomar
o comando e a dividir o grupo com o ritmo imposto.
Na frente, jogou-se a
vitória da etapa no momento em que Jesus Ezquerra desferiu um ataque a 6 km da
meta. Os cinco companheiros de fuga tentaram alcançar Ezquerra, mas sem
sucesso. O espanhol de 25 anos conquistou em solitário a primeira vitória da
equipa Sporting CP-Tavira na Volta a Portugal, deixando os companheiros de fuga
discutir os demais lugares do pódio da jornada. Pelo segundo dia consecutivo, Samuel
Caldeira foi 2º na meta, seguido de Nathan Earle. Entre os fugitivos, o
italiano Davide Vigano viu-se impossibilitado de terminar o dia a pedalar,
devido a avaria mecânica, cruzando o risco de meta a pé.
O pelotão chegou a mais
de 4 minutos encabeçado por Gustavo Veloso (W52-FC Porto) em 7º e o camisola
amarela Rui Vinhas a terminar o dia em 13º.
Vinhas manteve a
liderança com os mesmos 2m25s do 2º lugar ocupado pelo companheiro Gustavo
Veloso, líder da classificação por pontos e do ‘Kombinado’. O colombiano Wilson
Ramiro Diaz (Funvic-Soul Cycles-Carrefour) manteve a liderança da montanha e o
russo Alexander Vdovin (Lokosphinx) da juventude. A W52-FC Porto manteve a
soberania por equipas.
Amanhã, a nona e
penúltima etapa irá ligar Alcácer do Sal a Setúbal. A organização teve de
alterar os quilómetros finais da jornada, em consequência da impossibilidade da
caravana passar por estradas de acesso às praias locais em pleno mês de Agosto.
Desta forma, a jornada terá 176,1 km e não 187,5 km, tendo como prémios de
montanha o Alto das Necessidades (3ª cat. km 145,7) e o Alto da Arrábida (3ª
cat. km 163).
Davide Vigano terminou etapa a pé, devido a problema mecânico (foto Helena Dias) |
Rui Vinhas mantém-se na liderança da Volta a Portugal (foto Helena Dias) |
Resultados
Et8
1º Jesus Ezquerra (Esp)
Sporting CP-Tavira 5:02:04
2º Samuel Caldeira
(Por) W52-FC Porto +15”
3º Nathan Earle (Aus) Drapac +17”
4º David Belda (Esp) Team Roth +19”
5º Ricardo Vilela (Por) Caja Rural-Seguros RGA +21”
6º Davide Vigano (Ita)
Androni Giocattoli-Sidermec +21”
7º Gustavo Veloso (Esp)
W52-FC Porto +4:44”
8º Raúl Alarcón (Esp)
W52-FC Porto +4:44”
9º Franco Pellizotti
(Ita) Androni Giocattoli-Sidermec +4:44”
10º Joni Brandão (Por)
Efapel +4:44”
C.
Geral
1º Rui Vinhas (Por)
W52-FC Porto 36:03:21
2º Gustavo Veloso (Esp)
W52-FC Porto +2:25”
3º Daniel Silva (Por)
Rádio Popular-Boavista +2:53”
4º Joni Brandão (Por)
Efapel +3:11”
5º Raúl Alarcón (Esp)
W52-FC Porto +3:37”
6º Vicente de Mateos
(Esp) Louletano-Hospital de Loulé +3:43”
7º Amaro Antunes (Por)
LA Alumínios-Antarte +3:55”
8º Henrique Casimiro
(Por) Efapel +4:17”
9º Frederico Figueiredo
(Por) Rádio Popular-Boavista +4:56”
10º Rui Sousa (Por)
Rádio Popular-Boavista +5:35”
13º Alejandro Marque
(Esp) LA Alumínios-Antarte +11:27”
17º João Benta (Por)
Louletano-Hospital de Loulé +16:45”
21º Rinaldo Nocentini
(Ita) Sporting CP-Tavira +27:20”
Resultados
completos aqui
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