De gregário a líder da
78ª Volta a Portugal Santander Totta, aos 29 anos Rui Vinhas (W52-FC
Porto) demonstrou que a qualidade inerente a muitos ciclistas de trabalho, os
chamados gregários, pode levar a belas surpresas como a conquista da prova
rainha do calendário nacional. Todos sonham com a amarela, Rui Vinhas
conquistou-a contra todos os favoritismos e probabilidades, completando o pódio
da geral o companheiro e bi-campeão da Volta Gustavo Veloso e Daniel Silva
(Rádio Popular-Boavista).
Em declarações à
estação pública de televisão RTP, o conquistador da Volta Rui Vinhas falou sobre esta importante vitória: “Neste último dia, quem está melhor
fisicamente consegue fazer mais diferenças. O meu pensamento foi sofrer desde o
início, ir ao máximo, sempre no limite. Cheguei sem forças nenhumas. Agradeço aos
portugueses por me apoiarem incondicionalmente nestes dias, eles queriam
bastante uma vitória portuguesa e finalmente consegui a vitória. A eles agradeço
de coração, à equipa, família, a todos os patrocinadores o meu obrigado. Ainda
não caí em mim, estou com a mesma sensação do dia que vesti de amarelo. Demorei
dois/três dias a assimilar que estava de camisola amarela e acho que agora na
vitória vai acontecer igual. Vou demorar a assimilar esta vitória. É extraordinário
o que estou a sentir neste momento.” Rui Vinhas acrescentou uma dedicatória
muito especial: “Para o meu filho, que
dentro de dias irá nascer.”
Rui Vinhas conquista 78ª Volta a Portugal Santander Totta (foto Helena Dias) |
Sorriso do campeão Rui Vinhas (foto Helena Dias) |
Desde 2011, a Volta a
Portugal não via um ciclista português no lugar mais alto do pódio. Ricardo
Mestre venceu na altura a prova rainha pela Tavira-Prio. Este ano viu o
companheiro de equipa Rui Vinhas alcançar o mesmo feito, numa edição em que a Volta
conheceu apenas líderes portugueses [Rafael Reis, Daniel Mestre e Rui Vinhas].
Não se pense que o
caminho foi fácil. Após vestir a amarela no final da terceira etapa, fruto de
uma fuga que o levou a assumir a liderança com mais de 3 minutos de vantagem, Vinhas teve
de fazer frente às míticas Sra. da Graça e alto da Torre, para além do decisivo
esforço individual na derradeira jornada.
Na Sra. da Graça, o companheiro
e defensor do título Gustavo Veloso venceu na meta e Rui Vinhas convenceu
juntamente com a W52-FC Porto de que a amarela seria difícil de despir do
corredor que ao longo da sua carreira deu provas do seu valor e qualidade. Terminando
em 5º na chegada em Mondim de Basto, provou que consegue bater-se com os
melhores do pelotão como Veloso, Amaro Antunes (LA Alumínios-Antarte) ou Joni
Brandão (Efapel).
No dia seguinte, na
jornada com final em Viseu, a subida de S. Macário fez a selecção do pelotão e
Vinhas mostrou-se à altura da dureza, mantendo-se com os companheiros e
respondendo ao ataque do adversário Joni Brandão, rival que mais batalhou para mudar o rumo da história desta Volta. No final ao sprint, Vinhas terminou em 11º no restrito grupo de 26 corredores que chegaram em primeiro à
meta, a 8 e 10 minutos do restante pelotão.
O dia de descanso
passou e Rui Vinhas foi novamente posto à prova na etapa rainha da 78ª edição,
numa dureza de perto de 5 horas de corrida com duas passagens pelo alto da
Torre, na Serra da Estrela. Para a história deste dia ficou o controlo feito
pela fortaleza W52-FC Porto à fuga solitária de 84 km de Joni Brandão e a
qualquer tentativa por parte de outro adversário. Na meta ganhou Gustavo
Veloso, que pouco a pouco foi recortando tempo para o companheiro Vinhas, 5º na
meta em Guarda.
As jornadas passaram e
Rui Vinhas manteve-se consistente na liderança até ao definitivo contra-relógio
individual. Um total de 32 km separava a certeza da incerteza. Expectativa e emoção
foram as palavras de ordem entre Vila Franca de Xira e Lisboa. Vinhas partiu com 2m25s
a separarem-no do segundo lugar de Veloso.
Em terreno plano,
Vinhas partiu em último para o esforço individual da sua vida. Veloso partiu 4
minutos antes e deu tudo numa especialidade em que sempre se destaca. Contudo,
o corredor português pedalava rumo a um sonho muito perto de ser
alcançado e o público na estrada a gritar por si. Veloso venceu o
contra-relógio. Vinhas terminou em 4º gastando mais 54s, num dia em que se
defendeu exemplarmente no contra-relógio. Era sua em definitivo a camisola
amarela pela qual deu tudo nesta Volta, deixando na geral Veloso a 1m31s e Daniel Silva a 2m49s.
Antes do início da 78ª
Volta a Portugal Santander Totta, algumas críticas foram lançadas a Joaquim
Gomes, director da prova, por dar destaque a um longo contra-relógio individual
no último dia de competição e retirar finais em alto. Como em outros anos, a
premissa passava pelo facto de alegadamente privilegiar as características de
determinados ciclistas em detrimento de outros. A realidade demonstrou-nos que
quem faz a corrida são os ciclistas e estes determinaram, por força das suas
acções, que uma etapa, na qual ninguém esperava momentos decisivos, fosse
marcar em definitivo a conquista da camisola amarela. Rui Vinhas foi
protagonista do grupo em fuga da terceira etapa, que garantiu através da
vantagem de tempo alcançada a subida à liderança da prova por mais de 3
minutos, despindo o adversário Daniel Mestre (Efapel) da liderança da prova.
Desde esse dia, a camisola amarela não mais mudou de mãos, conquistando Rui
Vinhas a mais significativa vitória da sua carreira.
A W52-FC Porto
mostrou-se implacável, tanto no colectivo como a nível individual. No final das
onze jornadas competitivas, quatro foram os triunfos na meta. Rafael Reis triunfou
no prólogo e vestiu a primeira amarela da 78ª edição, Gustavo Veloso venceu a
quarta etapa da Sra. da Graça, a sexta etapa –rainha– com duas passagens pela
Torre e o contra-relógio final. A par da camisola amarela de Rui Vinhas, o grupo conquistou com Gustavo
Veloso a classificação por pontos e do ‘kombinado’, somando ainda o
primeiro lugar na classificação por equipas. A montanha ficou nas mãos do colombiano
Wilson Ramiro Diaz (Funvic-Soul Cycles-Carrefour) e na juventude imperou o
russo Alexander Vdovin (Lokosphinx). O lanterna vermelha
desta edição foi o espanhol Pablo Urtasun (Funvic-Soul Cycles-Carrefour), a
3h41m58s.
Resultados
Et10
1º Gustavo Veloso (Esp)
W52-FC Porto 0:40:46
2º Raúl Alarcón (Esp)
W52-FC Porto +47”
3º Daniel Silva (Por)
Rádio Popular-Boavista +50”
4º Rui Vinhas (Por)
W52-FC Porto +54”
5º Ricardo Mestre (Por)
W52-FC Porto +1:29”
6º Joni Brandão (Por)
Efapel +1:37”
7º Stefan Schumacher (Ger) Christina Jewelry +1:39”
8º Ricardo Vilela (Por)
Caja Rural-Seguros RGA +2:02”
9º Rui Sousa (Por)
Rádio Popular-Boavista +2:03”
10º Amaro Antunes (Por) LA Alumínios-Antarte +2:07”
C.
Geral Final
1º Rui Vinhas (Por)
W52-FC Porto 40:57:56
2º Gustavo Veloso (Esp)
W52-FC Porto +1:31”
3º Daniel Silva (Por)
Rádio Popular-Boavista +2:49”
4º Raúl Alarcón (Esp)
W52-FC Porto +3:30”
5º Joni Brandão (Por)
Efapel +3:54”
6º Amaro Antunes (Por) LA Alumínios-Antarte +5:08”
7º Henrique Casimiro
(Por) Efapel +6:03”
8º Vicente de Mateos
(Esp) Louletano-Hospital de Loulé +6:30”
9º Rui Sousa (Por)
Rádio Popular-Boavista +6:44”
10º Ricardo Vilela
(Por) Caja Rural-Seguros RGA +7:21
14º Alejandro Marque
(Esp) LA Alumínios-Antarte +13:24”
18º João Benta (Por)
Louletano-Hospital de Loulé +21:53”
21º Rinaldo Nocentini
(Ita) Sporting CP-Tavira +28:42”
Resultados
completos aqui
Geral: Rui Vinhas (Por) W52-FC Porto
Pontos: Gustavo Veloso (Esp) W52-FC Porto
Kombinado: Gustavo Veloso (Esp) W52-FC Porto
Montanha: Wilson Ramiro Diaz (Col) Funvic-Soul
Cycles-Carrefour
Juventude: Alexander Vdovin (Rus) Lokosphinx
Equipas: 1ª W52-FC Porto / 2ª Rádio Popular-Boavista / 3ª Efapel
Etapas
Prólogo: Rafael Reis (Por) W52-FC Porto
Etapa
1: Daniel Mestre
(Por) Efapel
Etapa
2: Francesco Gavazzi
(Ita) Androni Giocattoli-Sidermec
Etapa
3: William Clarke
(Aus) Drapac
Etapa
4: Gustavo Veloso
(Esp) W52-FC Porto
Etapa
5: Vicente de Mateos
(Esp) Louletano-Hospital de Loulé
Etapa
6: Gustavo Veloso
(Esp) W52-FC Porto
Etapa
7: José Gonçalves
(Por) Caja Rural-Seguros RGA
Etapa
8: Jesus Ezquerra
(Esp) Sporting CP-Tavira
Etapa
9: Daniel Mestre
(Por) Efapel
Etapa
10: Gustavo Veloso (Esp) W52-FC Porto
______
Ver
também:
Parabéns pelo magnifico trabalho feito aqui e no Twitter na volta a Portugal mas não só. Realço sobretudo todo um trabalho feito durante todo o ano no acompanhamento aos ciclistas bem como de todas as provas onde são protagonistas.
ResponderEliminarMuito obrigada por acompanhar a Volta e o ciclismo português com este blog e através da minha conta de twitter!!
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