Gustavo Veloso (W52-FC
Porto) derramou classe no asfalto lusitano. Em dois dias dos tradicionais
circuitos, o galego e vencedor da Volta a Portugal de 2014 e 2015 comandou as
corridas a um ritmo avassalador, sendo poucos os que conseguiram manter a
pedalada no pelotão. Ontem a vitória fugiu em Alcobaça, mas hoje imperou em
solitário na meta do Circuito da Malveira, em Mafra.
Um pelotão de 77
corredores alinhou para a 75ª edição do Circuito da região saloia, entre eles
quatro vencedores da Volta a Portugal: Rui Vinhas (W52-FC Porto), Gustavo
Veloso (W52-FC Porto), Alejandro Marque (LA Alumínios-Antarte) e Ricardo Mestre
(W52-FC Porto).
Os 45,5 km voaram nos
pedais dos heróis a uma velocidade de 38,460 km/h. Uma fuga de 6 corredores manteve-se
na frente da corrida desde as primeiras voltas, das 35 que se deram ao
percurso. A iniciativa vingou, mantendo-se Gustavo Veloso firme na frente juntamente
com Valter Pereira e Oscar González (Sporting CP-Tavira), Jesus Del Pino
(Burgos BH), António Barbio (Efapel) e André Ramalho (GoldWin-Team José Maria
Nicolau).
Ao longo das voltas ao
circuito, Veloso mostrou-se o mais forte em todas as frentes vencendo o maior
número de voltas na frente da corrida, precisamente 18, somando também o prémio
da volta mais rápida e a classificação da montanha.
Nas derradeiras 3
voltas, já nenhum dos companheiros de fuga conseguiu manter-se ao lado de
Veloso, que há imagem de ontem em Alcobaça ofereceu um grande espectáculo de
ciclismo, mostrando a par dos corredores do pelotão a enorme qualidade que cada
um reflecte seja numa grande ou pequena corrida.
Gustavo Veloso agarrou
a vitória em solitário, deixando a 12s Valter Pereira e Jesus Del Pino,
seguindo-se a 17s António Barbio e a 21s o jovem André Ramalho. Por equipas, a
W52-FC Porto imperou no colectivo à semelhança de toda a temporada, seguida da
espanhola Burgos BH e Sporting CP-Tavira.
Ao Cycling &
Thoughts, o vencedor do dia Gustavo Veloso
falou destes circuitos em que se destacou pela velocidade imposta: “Ontem foi diferente, foi uma questão maluca…
uma aposta com o director desportivo em que eu não conseguia ir 10 voltas
seguidas na ‘cabeça do touro’… Fui, siga! Também tínhamos uma apresentação no
Porto, a corrida demorou mais meia hora a partir, nós ficámos com o tempo muito
justo e pegámos logo na corrida para chegar mais depressa ao fim e ir embora.
Hoje já foi diferente. Um circuito curto, duro, onde praticamente ir no pelotão
ou fugido é igual. Não há nenhuma parte onde possas recuperar, porque sais das
curvas com o pelotão esticado e vais sempre no limite. Vi que se formava um
grupo, saltei para ele e fomos todos com bom entendimento até à última parte. Nas
últimas 8 voltas começaram os ataques, à falta de 3 voltas consegui sair
sozinho e chegar.”
A pergunta tornou-se
inevitável ao bi-campeão da Volta e 2º da geral em 2016: qual o sentimento por
não ter ganho a Volta, que ficou nas mãos do companheiro Rui Vinhas. Gustavo Veloso respondeu de coração
aberto: “Tinha a oportunidade de ganhar
três vezes seguidas, o que não é fácil. Podia entrar na história da Volta a
Portugal com essas três Voltas seguidas. Foi mais um desagrado comigo próprio
por não conseguir aquele objectivo com que fui para a Volta desde o primeiro
dia. Mas isso não significa que não fique contente com a vitória a ficar na
equipa. O que mais demonstra que o mais importante era ficar na equipa foi eu
ter respeitado a camisola do Vinhas até ao último crono. O crono já é um
esforço individual, ele defendeu-se muito bem, fez um grande crono. Eu dei o
meu máximo e ele foi o justo vencedor. Isso não invalida que naqueles 10
minutos a seguir ao crono, todos aqueles sentimentos e aquela tensão durante
toda a Volta e todo o trabalho do ano inteiro te passem pela cabeça. A nível
pessoal fico triste comigo próprio, mas evidentemente estou feliz pela Volta
que fiz, que a equipa fez e pelo Vinhas ganhar. Penso que, mais uma vez, para
ganhar há que correr como uma equipa e foi isso que fizemos desde o primeiro
dia. Se voltasse à Volta, não mudaria nada do que fiz. Na etapa da Sra. da
Graça faria o que fiz, na etapa da Guarda o mesmo e no crono o mesmo. Somos ciclistas
profissionais primeiro, mas também somos pessoas, temos sentimentos, emoções e
às vezes saem para fora.”
Veloso falou ainda sobre o futuro e o
objectivo de continuar a lutar por mais uma vitória na Volta: “As forças estão a corresponder e sou um
candidato para ganhar a Volta no próximo ano. O mais importante é estar na luta
e é o que vou tentar. De momento, termino contrato a 31 de Dezembro. Estou a
ouvir ofertas de outras equipas, não só nacionais [portuguesas]. Não vou dizer nomes, sobretudo por
respeito a eles e à minha própria equipa, porque a primeira interessada em que
eu continue é a própria equipa, mas tenho de pensar com a cabeça e não tanto
com o coração. Agora estou à espera de que cada equipa diga até onde pode
chegar e depois escolher o que for melhor para mim.”
A competição não
terminou na estrada, rumando o pelotão até à pista da Malveira para disputar algumas
provas, em que saíram vencedores Rafael Silva (Efapel), André Ramalho e
novamente Gustavo Veloso.
Amanhã, o pelotão
divide-se por duas competições: Circuito de Nafarros, em Sintra, e Circuito da Moita,
na Marinha Grande.
ÁLBUM COMPLETO, AQUI
Sexteto em fuga no Circuito da Malveira (foto Helena Dias) |
Pelotão no Circuito da Malveira(foto Helena Dias) |
Pelotão na pista da Malveira (foto Helena Dias) |
O espectáculo da pista oferecido pelos heróis do pelotão (foto Helena Dias) |
Pódio do Circuito da Malveira: 1º Gustavo Veloso, 2º Valter Pereira, 3º Jesus Del Pino (foto Helena Dias) |
Gustavo Veloso e André Ramalho vencem provas de pista da Malveira (foto Helena Dias) |
Resultados completos |
Resultados completos |
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também:
Como fã da modalidade sigo todo o trabalho aqui feito na divulgação da modalidade. Estive nos circuitos ontem e hoje e tive oportunidade de seguir o enorme esforço para que a notícia chegue na hora. Hoje reparei que a divulgar o circuito apenas vi o Cycling and thoughts. Será que só as grandes corridas merecem destaque? Será que os ciclistas não são os mesmos? Por todo o trabalho e dedicação à modalidade fica aqui o meu reconhecimento.
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