Avançar para o conteúdo principal

Francisco Campos: “O escalão sub-23 é para ser cumprido”

O pelotão sub-23 ganhou um novo campeão nacional de fundo em 2017. Francisco Campos (Miranda-Mortágua), de 19 anos, vestiu a camisola mais sonhada pelos jovens ciclistas, após uma batalha de 159,3 km no asfalto exigente de Gondomar. No final do selectivo percurso, Campos acelerou para a vitória, a quarta desta temporada.


Em entrevista ao Cycling & Thoughts, Francisco Campos explicou a abordagem feita à prova de fundo dos Nacionais.

“O percurso era bastante complicado, muito rompe-pernas e só quem estivesse muito bem conseguia discutir a prova. Inicialmente tinha dois adversários, que via como candidatos para aquela chegada, e acabaram por ser o segundo e terceiro classificados. Mas tinha mais em atenção o André Carvalho, que seria o ciclista mais forte.”

Foi precisamente o internacional André Carvalho (Cipollini-Iseo Serrature Rime) quem mais se aproximou da medalha de ouro, ficando a 3 segundos da vitória. David Ribeiro (Liberty Seguros-Carglass), outro dos mais perigosos rivais no pensamento de Campos, ficou a 11 segundos de uma vitória fortemente marcada como objectivo para a equipa Miranda-Mortágua.

“Tínhamos feito alguns objectivos para os Campeonatos Nacionais deste ano. Toda a equipa tinha o objectivo de estar bem. Acabei por estar num dia mesmo muito bom, joguei muito tacticamente e foi muito bom ter vencido o Campeonato Nacional.”

Francisco Campos chegou em 2017 à equipa dirigida por Pedro Silva, neste que é o segundo ano no escalão de sub-23. Logo a abrir a temporada, conquistou uma importante vitória diante dos profissionais, na Prova de Abertura – Região de Aveiro. Seguiram-se os triunfos de duas etapas na Volta às Terras de Santa Maria, a vitória em sub-23 do Troféu Liberty Seguros, o ouro no Nacional de fundo e uma actuação marcante na Volta a Portugal do Futuro, onde alcançou três segundo lugares em etapas e a vitória da camisola por pontos.

“No geral, acabo por ser o ciclista mais regular, mas acaba por saber a pouco. Estive sempre ali, três dias a fazer segundo lugar. Alguém esteve sempre mais forte do que eu, mas foi muito bom.”

Em todas as jornadas, Campos destacou-se nas chegadas ao sprint, não querendo limitar o seu potencial a essa única característica.

“Sou um ciclista bastante rápido e tenho como objectivo passar bem a montanha, para poder discutir as corridas. Tem sido assim que tenho ganho.”

Os resultados alcançados nestes dois anos de sub-23 explicam-se pela abordagem ao escalão feita pelo jovem corredor. Como nos referiu no início da temporada em entrevista, a passagem de júnior para sub-23 levou-o a uma mudança de pensamento, emagrecendo e sendo mais exigente e perfeccionista nos treinos, algo que mantém até hoje.

“O regime tem sido mais ou menos igual. Tenho treinado bastante. Os treinos têm sido basicamente os mesmos, fortalecendo a minha forma bastante regular.”

A frequentar o 1º ano universitário de Engenharia Informática, Francisco Campos planeia continuar no escalão sub-23 na próxima temporada.

“Em princípio, o escalão sub-23 é para ser cumprido. Acho que é cedo para dar um passo maior do que as pernas.”

Alguns dos jovens companheiros de pelotão sobem prematuramente ao escalão profissional, um facto que Francisco Campos não considera benéfico para a maioria.

“A maioria dos casos acaba por ser negativo, porque a escola de formação sub-23 é onde aprendemos o que é o ciclismo.”

Francisco Campos iniciou a temporada ocupando o lugar de melhor sub-23 do Ranking APCP Ciclista do Ano 2017, sendo após a última actualização no final de Junho o 2º melhor sub-23, ocupando o 25º lugar na tabela nacional.

Francisco Campos enverga a camisola de campeão nacional sub-23 em 2017 (© Helena Dias)

Francisco Campos no final do contra-relógio inaugural do Troféu Joaquim Agostinho 2017 (© Helena Dias)

Comentários

Artigos Mais Lidos

Apresentação Liberty Seguros/Feira/KTM 2014

Esta quinta-feira, a Biblioteca Municipal de Sta. Maria da Feira recebeu a apresentação do 6º GP Liberty Seguros/Volta às Terras de Sta. Maria e das equipas de formação Liberty Seguros/Feira/KTM do Sport Ciclismo S. João de Ver. Entre as personalidades presentes destacaram-se os patrocinadores das equipas, nomeadamente a Liberty Seguros, a KTM e a Câmara Municipal de Sta. Maria da Feira. Também não faltaram antigos corredores da casa, actualmente a pedalar no pelotão profissional nacional, entre outros o campeão nacional Joni Brandão, César Fonte, Edgar Pinto, Frederico Figueiredo, Mário Costa, Rafael Silva e o internacional André Cardoso. Nem o campeão do mundo Rui Costa faltou à chamada de um dos directores desportivos mais acarinhados no país, Manuel Correia, deixando em vídeo uma mensagem sentida de agradecimento pelo seu percurso e aprendizagem no clube. Precisamente de Manuel Correia surgiu o momento mais marcante da cerimónia, aquando do seu anúncio de fim de ciclo

#Giro100 no Eurosport

A 100ª edição do Giro d’Italia decorre entre os dias 5 e 28 de Maio, com transmissão alargada e personalizada no canal Eurosport , tendo como principais anfitriões da emissão portuguesa os conhecidos comentadores Luís Piçarra, Paulo Martins, Olivier Bonamici e Gonçalo Moreira. O Cycling & Thoughts esteve à fala com três dos comentadores para conhecer os pontos-chave da emissão, prognósticos do pódio e perspectivas da prestação lusitana na Corsa Rosa . No centenário do Giro d’Italia, o pelotão [ ver lista ] contará com três estreias lusitanas: o campeão nacional José Mendes (BORA-hansgrohe), José Gonçalves (Katusha-Alpecin) e o campeão do mundo de 2013 Rui Costa (UAE Team Emirates).

Entrevista a Isabel Fernandes: “África leva-nos a colocar em causa as nossas prioridades de Primeiro Mundo”

O ciclismo apareceu na vida profissional de Isabel Fernandes em 1987 para não mais sair. De comissária estagiária em 1989, chegou ao patamar de comissária internacional dez anos depois, realizando diversas funções na modalidade ao longo dos anos, nomeadamente intérprete e relações públicas de equipas, membro da APCP (Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais) e da organização de várias provas como os Campeonatos da Europa e do Mundo, em Lisboa.