Rui Sousa prepara-se
para viver uma vez mais a sua corrida de eleição. Aos 40 anos de idade, lidera
a Rádio Popular-Boavista com o objectivo de chegar ao pódio da Volta a Portugal,
seu por cinco vezes na carreira. A duas semanas do início da Volta, o
experiente ciclista falou com o Cycling & Thoughts em pleno Troféu Joaquim Agostinho sobre a prova rainha do calendário nacional.
No decorrer desta
temporada, Rui Sousa tem trabalhado rumo ao objectivo a que se propõe todos os
anos. “Tenho-me sentido bem dentro
daquilo que são as minhas aspirações. Tenho feito uma temporada que tem vindo
ao encontro das últimas. Andar de forma mais tranquila até ao objectivo Volta a
Portugal, entendendo que é cada vez mais difícil tentar discutir, mas pelo
menos estou com aspirações de que posso participar no espectáculo e na
discussão dessa corrida.”
Perguntado sobre o que
é que a Volta lhe dá que mais nenhuma outra corrida consegue oferecer ao final
de tantos anos de carreira, Rui é peremptório. “De há muitos anos a esta parte, é a minha corrida de referência, de
paixão. É aquela que eu sempre sonhei. Naturalmente, as coisas complicaram-se
com o passar dos anos, mas acho que tenho o direito e a liberdade de sonhar em poder
vencê-la se ainda me mantenho no activo. Depois de ter conseguido cinco pódios,
na verdade o que me motiva é essa corrida e isso diz tudo. Sinto-me bem nesta
corrida e o carinho do público é essencial.”
O caminho a percorrer
não será fácil, numa Volta que este ano apresenta um contra-relógio de 32 km
na derradeira jornada, entre Vila Franca de Xira e Lisboa. Não sendo um
especialista no esforço individual, Rui Sousa contará com os companheiros da
Rádio Popular-Boavista para fazer a diferença nas anteriores etapas rumo ao
pódio da Volta.
“Nós
tentámos criar a melhor equipa possível e temos de ter essa convicção, essa
vontade de que podemos lutar como os outros. Naturalmente temos as nossas
limitações, mas os outros também as terão e as corridas não são todas iguais. O
desenvolvimento da própria corrida diferencia-se muito de etapa para etapa,
Volta a Volta. Acho que temos uma palavra a dizer, é para isso que trabalhamos
o ano todo e é nesse intuito que vamos dar o nosso melhor. Seria excelente
ganhar, atendendo e respeitando todos os adversários, sabendo que eles estarão
o melhor possível também.”
Onde fazer essa
diferença e desarmar os principais adversários é a questão. Para Rui Sousa, a sexta etapa [173,7 km Belmonte / Guarda] é decisiva na luta pela camisola amarela e
explica o porquê: “Pelo enquadramento da
Volta, apesar da etapa da Torre não acabar lá no alto, acho que será bastante
decisiva. Na semana passada, tive a felicidade de reconhecer parte dessa etapa.
A parte final é muito mais dura do que aquilo que eu pensava e acho que será um
dia muito difícil. Claro que é diferente, não é uma chegada à Torre e a corrida
será desenvolvida de uma maneira muito diferente, mas acho que será uma das
etapas decisivas. A Sra. da Graça também. O resto da Volta são etapas onde
podem haver diferenças, claro que sim, mas acho que não serão tão
significativas como esses dias podem dar.”
Em 2015, Rui Sousa terminou
a Volta na 5ª posição. Este ano pedala em busca de discutir a classificação geral e
quem sabe repetir um triunfo em etapa já alcançado por quatro vezes, duas na Torre
(2008/2014), uma na Sra. da Graça (2012) e outra na sua terra Viana do Castelo
(2013).
Rui Sousa no final do prólogo, Troféu Joaquim Agostinho 2016 (foto Helena Dias) |
Parabéns pela entrevista e mais uma vez pelo cuidado de realçar os anseios e ambições dos protagonistas da modalidade.
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