Num final de etapa
mítica entre ataques e contra-ataques, o galego e bi-campeão da Volta a Portugal
Gustavo Veloso (W52-FC Porto) conquistou o alto da Sra. da Graça, cruzando a
meta em 5º o companheiro e camisola amarela Rui Vinhas. Completaram o pódio da
jornada os lusos Daniel Silva (Rádio Popular-Boavista) e Joni Brandão (Efapel).
Em declarações à
estação pública de televisão RTP, o vencedor da jornada Gustavo Veloso afirmou: “Sabia
que o Joni e outros ciclistas que estavam atrás do Rui [Vinhas] tinham que atacar a corrida para cortar
tempo para o Rui e tentar ganhar tempo a mim. Quando o Joni arrancou, não
duvidei. Arranquei para a roda dele para não permitir que ganhe tempo, sendo o
grande corredor que é, e para fazer um pouco de travão para o Rui perder o
menor tempo possível. Esta é a razão de eu estar sempre na roda dele. Só no
meio da subida tentei atacar, porque ele não parava de arrancar e parar. Depois
estava a calcular a distância para arrancar e buscar a vitória de etapa, mas
tentando não prejudicar o Rui Vinhas. Uma vitória de etapa é sempre importante.”
Sobre a posição de
ambos os corredores nos primeiros lugares da geral, Gustavo Veloso acrescentou: “A
corrida é que vai mandar e a estrada vai colocar cada um no seu lugar. O importante
é que a camisola amarela fique na equipa e vamos dia-a-dia defendendo-nos dos
ciclistas que nos queiram tirar essa camisola. Cada um terá o seu lugar no fim
da Volta. Eu estou a sentir-me bem.”
Quanto a Rui Vinhas, declarou: “O Gustavo conseguiu ganhar tempo ao Joni, o
que é importante, porque é ele que nos dá garantias para o contra-relógio
final. Conseguimos meter quatro homens nos dez primeiros e vamos tentar defender
a liderança, minha e do Gustavo. Temos o António e o Raúl caso seja necessário.
Resta-nos defender esta liderança. Espero conseguir chegar com ela pelo menos a
Lisboa, não sei se a levo para casa ou não, visto que o contra-relógio não é a
minha especialidade, mas sinto que estou a viver um sonho. Estou nas nuvens.”
A mítica
subida à Sra. da Graça chegou à quarta etapa da 78ª Volta a Portugal Santander Totta. De Bragança a Mondim de Basto o pelotão percorreu 191,9
km, naquela que é a segunda jornada mais longa desta edição. Antes da chegada
ao alto de 1ª categoria também conhecido por Monte Farinha, impôs-se superar quatro
prémios de montanha: Serra da Nogueira (3ª cat. km 8,6), Argemil (3ª cat. km
82,6), Serra da Padrela (3ª cat. km 97,7) e Barragem do Alvão (1ª cat. km 147).
O dia
começou com as felicitações da Volta ao aniversariante do dia, o basco
Garikoitz Bravo (Euskadi-Murias) a cumprir 27 anos de idade.
A jornada
foi bastante movimentada desde os primeiros quilómetros, tendo a fuga começado
a tomar forma com 40 km pedalados. Antes, o segundo classificado da montanha Ivan
Bothia (Boyacá Raza de Campeones) conseguiu pontuar em primeiro no prémio da
Serra da Nogueira (km 8,6).
Na frente
da corrida, o luso Domingos Gonçalves (Caja Rural-Seguros RGA) e o francês Yannis
Yssaad (Armée de Terre) rumaram em fuga à dura jornada de montanha, pontuando
Yssaad em primeiro na meta volante de Valpaços (km 68,4) e Vila Pouca de Aguiar
(km 113,7), enquanto Gonçalves coroou os prémios de montanha de Argemil e Serra
da Padrela. O espanhol Eloy Teruel (Louletano-Hospital de Loulé) tentou chegar
à dupla, não resultando o esforço de vários quilómetros em solitário.
Após a
atípica jornada transacta, também hoje o pelotão deixou a fuga ganhar uma larga
vantagem, que chegou aos 9 minutos. Contudo, neste dia os fugitivos não
representavam qualquer perigo à camisola amarela de Rui Vinhas (W52-FC Porto),
estando na geral Domingos Gonçalves a quase 29 minutos e Yannis Yssaad a mais
de 1 hora.
Chegados à
fase mais dura da jornada, com as 1ªs categorias da Barragem do Alvão e Sra. da
Graça pela frente, já Teruel pedalava no pelotão e a dupla em fuga aumentou a
vantagem para os 9m30s. Contudo, o cenário mudou em plena escalada do Alvão. Às
primeiras rampas, Domingos Gonçalves deixou Yssaad para trás, mas tendo o
pelotão a encurtar substancialmente a distância. Chegado a esse alto, Gonçalves
coroou a montanha vendo chegar à sua companhia Yssaad e com o pelotão a pouco
mais de 2 minutos, onde Bruno Silva (LA Alumínios-Antarte) e Ramiro Diaz
(Funvic-Soul Cycles-Carrefour) tentaram sair sem êxito.
Na descida
Gonçalves voltou a ficar sozinho, devido a uma infeliz queda e abandono de
Yssaad. A aventura acabou a 14 km da meta, muito pelo trabalho da Efapel na
frente do pelotão.
Chegados a
Mondim de Basto, entre a tradicional enchente de público na estrada, a luta
pelas bonificações da última meta volante (km 180,6) do dia foi renhida,
ditando Daniel Mestre (Efapel) como o primeiro a passar, seguido da dupla da
W52-FC Porto Raúl Alarcón e Gustavo Veloso.
Grupo
novamente reunido, a Efapel comandou o pelotão cada vez mais reduzido ao longo
dos últimos quilómetros, até à falta de 8 km quando Joni Brandão (Efapel)
decidiu abrir as hostilidades e atacar com reposta de Gustavo Veloso e do
colombiano Ramiro Diaz (Funvic-Soul Cycles-Carrefour).
Os momentos
finais foram de puro espectáculo de ciclismo. Joni Brandão e Gustavo Veloso
conseguiram uma curta vantagem, lançando ataques numa medição mútua de forças,
até à chegada à companhia do duo de Daniel Silva, que à falta de 4 km desferiu
também um ataque deixando a dupla para trás.
Entretanto,
o grupo do camisola amarela ficava cada vez mais restrito, sempre com Rui
Vinhas a mostrar-se forte na manutenção da liderança e tendo a seu lado ainda a
fortaleza dos companheiros António Carvalho e Raúl Alarcón, entre outros nomes
como o do vencedor do Troféu Joaquim Agostinho do ano passado João Benta.
Com os
grupos separados por segundos, Daniel Silva entrou isolado no último quilómetro,
vendo surgir na sua roda a forte pedalada de Gustavo Veloso. O galego chegou e
passou o português, não parando mais até cruzar a linha e erguer os braços para
a vitória, o seu quinto triunfo em etapas na Volta a Portugal, entre elas a
mítica Torre à qual junta hoje a mítica Sra. da Graça.
A 5s cruzou
a meta Daniel Silva, seguido a 12s de Joni Brandão, 34s Raúl Alarcón e a 35s o
camisola amarela Rui Vinhas. Entre os favoritos à geral, Amaro Antunes (LA
Alumínios-Antarte) foi 7º, João Benta 8º, Rinaldo Nocentini (Sporting
CP-Tavira) 13º, Alejandro Marque (LA Alumínios-Antarte) 15º e Rui Sousa (Rádio
Popular-Boavista) 18º.
Rui Vinhas permaneceu
assim com uma vantagem de 2m48s na liderança da prova para o companheiro e
segundo à geral Gustavo Veloso, que lidera o ‘Kombinado’ e a classificação por
pontos. O espanhol Vitor Etxeberria (Rádio Popular-Boavista) subiu ao comando da
juventude e César Fonte (Rádio Popular-Boavista) manteve-se rei da montanha. A W52-FC
Porto lidera por equipas.
Amanhã, a quinta etapa
antecede o dia de descanso e parte de Lamego rumo a Viseu num total de 153,2
km. Não se pense que o dia será fácil, novamente com montanha ao longo de toda
a jornada: Pousada (4ª cat.), Bigorne (2ª cat.), Carranqueira (4ª cat.), S.
Macário (1ª cat.) e Serra da Arada (4ª cat.).
Resultados
Et4
1º Gustavo Veloso (Esp)
W52-FC Porto 5:12:24
2º Daniel Silva (Por)
Rádio Popular-Boavista +5”
3º Joni Brandão (Por)
Efapel +12”
4º Raúl Alarcón (Esp)
W52-FC Porto +34”
5º Rui Vinhas (Por)
W52-FC Porto +35”
6º Henrique Casimiro
(Por) Efapel +35”
7º Amaro Antunes (Por)
LA Alumínios-Antarte +35”
8º João Benta (Por)
Louletano-Hospital de Loulé +37”
9º António Carvalho
(Por) W52-FC Porto +46”
10º Vicente de Mateos (Esp) Louletano-Hospital de Loulé +1:02”
C.
Geral
1º Rui Vinhas (Por)
W52-FC Porto 17:42:58
2º Gustavo Veloso (Esp)
W52-FC Porto +2:48”
3º Joni Brandão (Por)
Efapel +3:04”
4º Daniel Silva (Por)
Rádio Popular-Boavista +3:05”
5º João Benta (Por)
Louletano-Hospital de Loulé +3:43”
6º Raúl Alarcón (Esp)
W52-FC Porto +3:45”
7º Amaro Antunes (Por) LA Alumínios-Antarte +3:46”
8º Henrique Casimiro
(Por) Efapel +3:49”
9º Vicente de Mateos
(Esp) Louletano-Hospital de Loulé +3:56”
10º António Carvalho
(Por) W52-FC Porto +3:57
11º Rinaldo Nocentini
(Ita) Sporting CP-Tavira +4:09”
15º Alejandro Marque
(Esp) LA Alumínios-Antarte +4:48”
18º Rui Sousa (Por)
Rádio Popular-Boavista +5:13”
Resultados
completos aqui
______
Ver
também:
Mais um dia de volta mais um magnífico trabalho no acompanhamento da mesma aqui e no Twitter.
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