Num dia de desfecho
surpreendente, o luso de 29 anos Rui Vinhas (W52-FC Porto) fez parte da fuga
que o levou a assumir a liderança da camisola amarela com a larga vantagem de mais de 3
minutos. Na linha de meta, a vitória desta terceira etapa da Volta a Portugal Santander Totta sorriu ao australiano
William Clarke (Drapac), completando o pódio o italiano Marco Frapporti
(Androni Giocattoli-Sidermec) e o francês Benjamim Thomas (Armée de Terre).
Rui Vinhas assume liderança da camisola amarela, Volta a Portugal (foto Helena Dias) |
William Clarke vence a 3ª etapa da Volta a Portugal (foto Helena Dias) |
Em declarações à
estação pública de televisão RTP, o vencedor da jornada William Clarke afirmou: “Foi
uma corrida muito dura. Nos primeiros 8 km houve muitos ataques, uma grande
fuga e depois consegui sair com Marco Frapporti da Androni. Trabalhámos muito
bem juntos e isso fez-nos manter na frente.”
Também o
novo líder da geral Rui Vinhas falou
à RTP sobre esta nova realidade dentro da equipa W52-FC Porto. “Foi uma etapa muito movimentada desde o
início, com muitos grupos. O Gustavo Veloso entrou no primeiro grupo e acabou
por pontuar na meta volante. A Efapel estava a tentar controlar o número de
grupos e nós, para tentar desgastar a equipa do líder, optámos por meter alguns
ciclistas. Deixaram [o grupo] ganhar bastantes
minutos. Eu era o virtual camisola amarela, o meu director mandou-me colaborar
na frente com o meu colega Joaquim Silva, que foi enorme, ajudou-me bastante
para este triunfo da camisola. Quero agradecer especialmente a ele, ao
director, a toda a equipa, patrocinadores, por esta oportunidade. É uma
sensação única estar de amarelo na Volta a Portugal.”
Sobre a
liderança de Gustavo Veloso e a estratégia da equipa, Rui Vinhas sublinhou: “Penso que
não vai mudar nada. Vamos usar a mesma táctica que está delineada desde o
início. O líder é o Gustavo, vou estar ali para tentar ajudar ao máximo, porque
ele é o ciclista com maior possibilidade de nos dar a ganhar a Volta a Portugal.
Farei tudo o que me disserem, vou respeitar as ordens do director e amanhã
veremos o que vai ser a etapa.” Finalizou com um sorriso, dizendo: “É o concretizar de um sonho. Nunca pensei
estar nesta situação, é uma sensação fantástica. Inexplicável.”
Já o
director desportivo Nuno Ribeiro (W52-FC Porto) não
deixou de mostrar confiança em torno do mesmo objectivo: “A nossa equipa tem o objectivo que é tentar ganhar a Volta a Portugal
e temos um líder que desde o início está assumido como líder e vai continuar a
ser. Neste momento, o Vinhas aproveitou bem a oportunidade e a equipa também de
ir na fuga e ter a oportunidade de ele conseguir alcançar um objectivo que é histórico
para quem é ciclista. Está de parabéns. O Vinhas está de camisola amarela, tem
uma vantagem significativa. Logicamente, vamos tentar o máximo de tempo
possível com que ele possa manter a camisola amarela. O Gustavo é bom
profissional, continua a ser o líder da nossa equipa e não vamos abdicar disso,
mas temos a camisola amarela e não vamos ‘queimar’ o Vinhas enquanto camisola
amarela, mas vamos tudo fazer para conseguir o nosso objectivo que é a Volta a
Portugal no final.”
Quanto ao
líder Gustavo Veloso, deixou claro o
seu companheirismo e lealdade para com a equipa e Rui Vinhas: “É bom para a equipa. Temos uma camisola
amarela sólida, um bom trepador e agora penso que são os demais que têm de
estar mais preocupados do que nós. Eu continuo aí para guardar as costas do
Rui. É igual quem ganhe a Volta, o importante é que fique na equipa. É
simplesmente mais uma opção da equipa para ganhar a Volta. Os demais é que têm
de tentar tirar o Vinhas da frente e eu estar com ele para fazer de travão e
ver qual é a melhor opção, etapa atrás etapa, para que a camisola fique na
equipa. Entre nós não vai haver problema. O Rui leva, não este ano, já o ano
passado a sacrificar-se pelos colegas de equipa, a sacrificar-se por mim na
Volta e quando acontecem situações assim há que devolver esses sacrifícios
também.”
A terceira
etapa decorreu ao longo de 158,9 km entre Montalegre e Macedo de Cavaleiros.
Famosa pelo seu constante terreno acidentado, a Volta ofereceu ao pelotão dois
prémios de montanha de 2ª categoria, Mosteiró de Cima (km 65,4) e Serra de
Bornes (km 122,5), este último a anteceder a primeira passagem pela meta (km
137,7) e consequente entrada no circuito final.
O dia
começou com um grupo de 36 corredores a fugir ao pelotão nos quilómetros
iniciais, incluindo a presença do vencedor da jornada anterior Francesco
Gavazzi (Androni Giocattoli-Sidermec), o defensor do título Gustavo Veloso (W52-FC
Porto) e João Gaspar (Funvic-Soul Cycles-Carrefour). Estes três integrantes do
Top 10 da geral pontuaram por esta ordem na primeira meta volante do dia em
Boticas (km 24,9), somando importantes segundos de bonificação. Esta numerosa
fuga terminou antes da chegada da montanha.
Na primeira
ascensão do dia, o espanhol Josu Zabala (Caja Rural-Seguros RGA) ganhou alguma
vantagem para o pelotão, sendo alcançado mas ainda coroando em primeiro
Mosteiró de Cima. Seguiu-se a meta volante em Valpaços (km 79,7) com uma dupla a
atacar na frente, William Clarke (Drapac) e Marco Frapporti (Androni
Giocattoli-Sidermec), bonificando em terceiro José Gonçalves (Caja
Rural-Seguros RGA).
Com a dupla
em fuga, um grupo de sete corredores saiu do pelotão para tentar chegar à
frente de corrida: Rui Vinhas e Joaquim Silva (W52-FC Porto), Micael Isidoro (Louletano-Hospital
de Loulé), Alex Diniz (Funvic-Soul Cycles-Carrefour), Jon Insausti (Euskadi-Murias),
Carlos Parra (Boyacá Raza de Campeones) e Benjamim Thomas (Armée de Terre).
Chegados à
meta volante de Mirandela (km 100,8), superada em primeiro pelo italiano
Frapporti, a dupla contava com pouco mais de 1 minuto para o septeto e 10
minutos para um tranquilo pelotão, onde Américo Silva (director desportivo Efapel)
aproveitou para deixar aos microfones da RTP a crítica às restantes equipas por
não trabalharem na frente do pelotão. Com esta situação, a dupla chegou à última
ascensão de Serra de Bornes, coroada novamente por Frapporti, com 8 minutos de
vantagem para o grande grupo, no qual foi a vez do Prof. José Santos (DD Rádio
Popular-Boavista) deixar também ele uma crítica à Efapel por não tomar o
comando do pelotão e também à imprensa por dar somente à equipa de Ovar o favoritismo
de lutar pela geral, sendo então da líder da amarela a total responsabilidade
de controlar a fuga. Pelo seu lado, Nuno Ribeiro (DD W52-FC Porto) afirmou que
o pelotão estava a trabalhar bem.
À parte desta
tradicional troca de ‘mimos’ por parte dos directores desportivos das equipas
lusas, que dá o seu particular encanto à Volta lusitana, a fuga continuou em
sintonia ganhando vantagem sobre o agora sexteto, de onde Joaquim Silva saiu
para regressar ao pelotão.
Na primeira
passagem pela meta, à falta de 21,2 km para o final, Frapporti e Clarke
mantinham 2 minutos para o sexteto, onde pedalava o virtual camisola amarela
Rui Vinhas (W52-FC Porto), e 9 minutos para a contínua tranquilidade do
pelotão, quebrada na passagem do grande grupo pela meta com um curto ataque do
galego Alejandro Marque (LA Alumínios-Antarte), rapidamente alcançado. A Efapel
tomou então o comando do pelotão e na entrada dos derradeiros 10 km a vantagem
começou ligeiramente a baixar, mas não o suficiente para impedir a perda da
camisola amarela.
A linha de
meta foi disputada pela dupla na frente, com William Clarke a disferir um
ataque nos últimos metros e superando Marco Frapporti por 2 segundos. O grupo
perseguidor terminou a 54s com Benjamim Thomas a cruzar a linha em 3º e Rui
Vinhas em 8º, valendo ao ciclista português a subida à liderança da camisola
amarela, que ainda apanhou um pequeno susto na última curva quase sofrendo uma
queda com Micael Isidoro.
O pelotão acabou
por chegar a 4m45s dando à nova liderança de Rui Vinhas uma vantagem de 3m19s
na geral sobre o agora 2º lugar de Daniel Mestre.
Nas demais
classificações, Rui Vinhas lidera também o ‘Kombinado’ e William Clarke a classificação
por pontos. O colombiano Diego Ochoa (Boyacá Raza de Campeones) permanece em
primeiro na juventude e César Fonte (Rádio
Popular-Boavista) assume o comando na montanha. Por equipas lidera a italiana Androni Giocattoli-Sidermec.
Amanhã, a
quarta etapa parte de Bragança rumo à mítica chegada da Sra. da Graça (1ª
cat.), em Mondim de Basto. Ao longo dos 191,9 km, o pelotão terá ainda de
superar mais quatro prémios de montanha: Serra da Nogueira (3ª cat.), Argemil
(3ª cat.), Serra da Padrela (3ª cat.) e Barragem do Alvão (1ª cat.).
A par da Volta a
Portugal dos profissionais, disputou-se a terceira e última etapa da 11ª Volta
a Portugal de Juniores. No final da jornada mais longa desta edição, 110,3 km a
ligar Boticas a Macedo de Cavaleiros, a vitória sorriu pelo terceiro dia
consecutivo a João Almeida (Bairrada), campeão nacional de fundo e
contra-relógio. Alejandro Ropéro e Tomeu Gelabert (RH+Polartez-Fundación
Contador) completaram o pódio da jornada a 5s e 1m11s. João Almeida conquistou
desta forma imperiosa a 11ª edição da Volta a Portugal de Juniores, seguido de Alejandro
Ropèro (RH+Plartex Fundación Contador) a 45s e Pedro Lopes (Alcobaça CC-Crédito
Agrícola) a 1m26s. A equipa espanhola RH+Polartex Fundación Contador venceu no
colectivo, João Almeida somou ainda a classificação por pontos, Tomeu Gelabert (RH+Plartex
Fundación Contador) venceu a montanha e Pedro Lopes a juventude [resultados].
Resultados
Et3
1º William Clarke (Aus) Drapac 3:49:50
2º Marco Frapporti
(Ita) Androni Giocattoli-Sidermec +2”
3º Benjamim Thomas
(Fra) Armée de Terre +54”
4º Alex Diniz (Bra) Funvic-Soul Cycles-Carrefour +54”
5º Micael Isidoro (Por)
Louletano-Hospital de Loulé +54”
6º Jon Insausti (Esp)
Euskadi-Murias +54”
7º Carlos Parra (Col) Boyacá Raza de Campeones +54”
8º Rui Vinhas (Por)
W52-FC Porto +54”
9º Vicente de Mateos
(Esp) Louletano-Hospital de Loulé +4:45”
10º Andrea Pasqualon
(Ita) Team Roth +4:45”
C.
Geral [*colégio de comissários rectificou tempos da geral, anulando os cortes atribuídos ao pelotão na etapa de ontem]
1º Rui Vinhas (Por)
W52-FC Porto 12:29:59
2º Daniel Mestre (Por)
Efapel +3:19”
3º José Gonçalves (Por)
Caja Rural-Seguros RGA +3:21”
4º Francesco Gavazzi
(Ita) Androni Giocattoli-Sidermec +3:25”
5º Vicente de Mateos
(Esp) Louletano-Hospital de Loulé +3:29”
6º Joni Brandão (Por) Efapel +3:31”
7º João Gaspar (Bra) Funvic-Soul Cycles-Carrefour +3:34”
8º Rinaldo Nocentini (Ita) Sporting CP-Tavira +3:35”
9º Gustavo Veloso (Esp)
W52-FC Porto +3:35”
10º Stefan Schumacher (Ger) Christina Jewelry +3:36”
14º João Benta (Por)
Louletano-Hospital de Loulé +3:41”
20º Alejandro Marque (Esp) LA Alumínios-Antarte +3:45”
24º Amaro Antunes (Por) LA Alumínios-Antarte +3:46”
30º Rui Sousa (Por)
Rádio Popular-Boavista +3:50”
Resultados
completos aqui
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