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Primeiras impressões do 98º Giro

A 98ª edição do Giro d'Italia já viu 11 das 21 etapas serem pedaladas. Entre o contra-relógio por equipas e as jornadas que se seguiram, duas equipas revelaram até ao momento uma superioridade sobre as demais rivais. A Astana, mais forte em termos colectivos, tem em Fabio Aru a irreverência na forma de correr, aproveitando cada espaço para tentar anular os segundos que o separam do mais directo rival e líder da Corsa Rosa. A Tinkoff-Saxo, mais forte em termos individuais, tem em Alberto Contador a força psicológica para manter a liderança desde que vestiu a maglia rosa à quinta etapa, não se deixando enfraquecer pela queda que deixou tocado o ombro esquerdo. Contador e Aru encontram-se nos primeiros lugares da geral, a mais de 2 minutos dos demais favoritos.

Entre os favoritos à geral, alguns têm visto essa meta distanciar-se com o passar dos dias. Domenico Pozzovivo deixou a AG2R La Mondiale ausente de líder, fruto de queda e consequente abandono à terceira etapa, felizmente mostrando fora de competição que está a recuperar bem e com vontade de subir à bicicleta o mais rápido possível. Já Rigoberto Urán tem passado por alguns maus momentos, levando ao distanciar dos lugares do pódio. Contudo, o colombiano da Etixx-Quick Step não baixa os braços e mantém nos pedais a luta pela geral.

Por circunstâncias de corrida, Cannondale-Garmin e Sky têm em Davide Formolo e Leopold König os melhores posicionados na geral. A performance em corrida deixou Ryder Hesjedal fora dos lugares cimeiros. Contudo, não podemos esquecer a recuperação do canadiano na edição do ano passado, podendo voltar a surpreender em 2015. Quanto à esquadra britânica e à polémica penalização de 2 minutos, o gesto de Simon Clarke (Orica-GreenEdge), em dar a roda ao seu compatriota de equipa adversária, é bonito e espelha a essência de companheirismo intrínseca a este desporto. Mas a questão coloca-se... um corredor do nível de Richie Porte, e mais ainda o director desportivo da Sky, pode alegar desconhecimento de uma regra desta importância, que pode pôr em causa a vitória de uma equipa como a Sky, sempre candidata a grandes triunfos?

Nota para a Movistar. A esquadra espanhola já viu Beñat Intxausti triunfar na meta de Campitello Matese e, além do bom desempenho de Giovanni Visconti, tem revelado a qualidade de Andrey Amador, ambos ocupando lugares no Top 10 da geral. Também a Orica-GreenEdge já escreveu neste Giro uma bonita trilogia com Simon Gerrans, Michael Matthews e Simon Clarke a liderarem até à quinta etapa a maglia rosa.

As vitórias de etapa que mais emocionaram foram servidas pelos pedais de Davide Formolo (Cannondale-Garmin) e Paolo Tiralongo (Astana). O primeiro, com 22 anos de idade, pelo acreditar até à linha de meta. O segundo, com 37 anos, pelo incansável trabalho e entrega aos seus líderes em tantos anos de ciclismo, que fazem de cada vitória na sua longa carreira um prémio por tamanha dedicação. Duas gerações de italianos que marcam este Giro.

Por último, o trio português composto por André Cardoso (Cannondale-Garmin), Fábio Silvestre (Trek Factory Racing) e Sérgio Paulinho (Tinkoff-Saxo). Os dois últimos, separados por uma década na idade, têm superado a estreia na prova italiana e cumprido o papel de apoio aos seus líderes. O primeiro, além desse papel, à imagem do ano passado revela capacidade para estar nos lugares cimeiros da tabela, subindo na classificação de etapa em etapa.

Há muito por pedalar nesta 98ª edição e é cedo para ditar o vencedor. As mais duras etapas de montanha ainda estão por vir, tal como o contra-relógio individual, que pode ditar a consolidação ou não da liderança detida pelo campeão espanhol Alberto Contador.
Alberto Contador lidera o Giro à 11ª etapa (foto @giroditalia)
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(escrito em português de acordo com a antiga ortografia)

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