Rafael Reis
soma e segue em 2016. O jovem talento da W52-FC Porto parece ter-se
reencontrado no ciclismo, destacando-se esta temporada com três importantes
vitórias. O carácter decidido e focado relembram o jovem que conquistou desde
juvenis vitórias, pódios e medalhas em Portugal pelas equipas que representou e
no mundo pela Selecção Nacional.
O primeiro
triunfo da temporada da W52-FC Porto foi precisamente Rafael Reis quem entregou
à equipa azul e branca, na Clássica de Amarante. A somar a esta vitória acaba
de conquistar a Volta à Bairrada, contando também com o 6º lugar na Clássica da
Primavera, 7º na Vuelta Castilla y León e 10º na Volta ao Alentejo. A estes
lugares na geral individual, acrescenta oito Top 10 em etapas, dos quais um
espelha o triunfo do contra-relógio individual na última etapa da Volta à
Bairrada . O mês de Abril não podia
terminar de melhor maneira, subindo ao comando do Ranking APCP Ciclista do Ano.
O ciclista
natural de Palmela é o exemplo perfeito de que um corredor pode passar por uma
época menos boa e ressurgir com mais força posteriormente, desde que as portas
não se fechem e as oportunidades sejam dadas. A viver uma temporada ao nível
das performances e bons resultados obtidos nas camadas de formação, Rafael demonstra
estar a reencontrar-se enquanto ciclista.
Ao Cycling
& Thoughts, Rafael afirma: “Penso que
o principal num desporto como o ciclismo é a motivação. É um desporto muito exigente,
física e psicologicamente, e não estando ao lado das pessoas certas, que não
nos conseguem compreender e não conseguem motivar-nos, as coisas simplesmente
não saem. Coisa que este ano não me falta é esse factor. O staff da equipa
W52-FC Porto sabe como fazê-lo e, seguramente, é daí que vem o sucesso desta
equipa nos últimos anos.”
Em Julho
cumprirá 24 anos de idade, mostrando todo o amadurecimento físico e psicológico
trabalhado desde os seus primeiros anos de ciclista. Rafael Reis destaca-se
como um dos maiores valores nacionais ao nível do contra-relógio, tendo já
vestido a camisola de campeão nacional desta especialidade por quatro vezes, em
sub-23 [2014/2013] e em júnior [2010/2009], possuindo também o título de
campeão olímpico alcançado nos Jogos da Juventude em Singapura, no ano de 2010.
A sua
qualidade não se esgota no esforço individual, estando a trabalhar na melhoria noutros
terrenos, como nos contou: “Nas minhas
primeiras três épocas de sub-23, não tive muita sorte com lesões. Eu vinha dos
escalões de formação habituado a vencer e no primeiro ano de sub-23, em 2011,
comecei muito bem a época e até consegui resultados relevantes para um sub-23
de primeiro ano, até cair no campeonato nacional e ter de parar o resto da
época, por uma lesão no joelho. A partir daí, quando comecei a correr no ano seguinte,
as coisas não começaram bem e perdi muita confiança. Estando este ano a correr
de feição, as coisas têm corrido bem. Ainda há alguns aspectos nos quais tenho
que melhorar como a montanha, que é a minha principal dificuldade, mas o
trabalho feito este ano tem dado frutos e já não vejo a montanha como um
problema como via antes.”
O ano de 2016
marca em definitivo o regresso ao pódio, lugar tantas vezes alcançado por
Rafael Reis em mais tenra idade. Depois da vitória na Clássica de Amarante no
passado mês de Março, chegou à Volta à Bairrada estando na disputa das três
etapas, vencendo a última e a geral. Não só conquistou a etapa da sua
especialidade, no esforço individual, como também não faltou à chamada na
batalha pelas etapas em linha, sendo 4º na vitória do companheiro Samuel
Caldeira na etapa inaugural e 2º na segunda etapa, protagonizando uma empolgante
luta ao sprint com Daniel Mestre (Efapel), a quem iria destituir da camisola
amarela no final da competição Bairradina.
Para Rafael
Reis, “O significado desta vitória é
muito importante para mim e para a equipa. Para mim, porque me traz confiança e
deixa muito contente por conseguir realizar um objectivo traçado pelo nosso
director Nuno Ribeiro, que me deu a oportunidade de poder tentar vencer a Volta
à Bairrada. Para a equipa, porque mostrámos desde o primeiro dia o total
interesse nesta competição e os meus colegas tudo fizeram para que as coisas
corressem como queríamos, de maneira a decidir tudo no contra-relógio.”
Além do
excelente resultado individual, colectivamente a W52-FC Porto alcançou na
Bairrada a vitória por equipas e mais uma etapa com Samuel Caldeira e a
camisola dos pontos. Este resultado levou Rafael Reis e a equipa ao comando do
Ranking APCP Ciclista do Ano e Equipa do Ano, no final do mês de Abril.
“O
resultado do Samuel na primeira etapa deixou-nos bastante motivados, pois era
uma vitória que ele já procurava e foi um dos objectivos que nos propuseram em
reunião. Foi muito bom ele conseguir vencer a camisola dos pontos e vencermos
também por equipas. Só mostra o empenho de todos os ciclistas em procurar fazer
o melhor para honrar este nome W52-FC Porto. É muito bom fechar o mês de Abril
na liderança do Ranking nacional, tanto individualmente como colectivamente. É
um resultado que nos deixa contentes, pois é a prova da regularidade desta
equipa em conseguir bons resultados.”
A nível
internacional, Rafael Reis destacou-se como o segundo melhor português na
Vuelta Castilla y León, marcada pelo acrescento de dureza pelas difíceis
condições climatéricas. Terminou as três etapas entre os quinze primeiros,
finalizando 7º da geral, ganha por Alejandro Valverde (Movistar Team).
No balanço desta
prova internacional, Rafael afirma: “A
Vuelta Castilla y León foi bastante importante para mim, pois o último dia era
complicado com uma chegada em alto, numa subida de 10 km, e eu consegui
defender-me bastante bem, fechando a etapa em 10º a 32s do vencedor Valverde. O
primeiro dia tornou-se muito complicado, devido ao frio e à chuva, mas consegui
acabar a etapa no grupo principal em 14º. No segundo dia, com a experiência do
Nuno e de alguns colegas como o Samuel, sabíamos que a corrida se ia decidir
num abanico e, no momento certo, estávamos na frente quando isso aconteceu e no
final da etapa consegui ficar em 5º. No final das contas, um 7º lugar numa
competição internacional deixou-me bastante motivado. Nós tínhamos um
objectivo, que era a camisola da montanha, conquistada pelo Raúl Alarcón, e
mais uma vez toda a equipa esteve fantástica no apoio ao Raúl.”
Por agora, parte
para um período de descanso, enquanto a equipa irá participar na Vuelta
Asturias, em Espanha. “Já levo alguns meses
em boa forma física, mas estava a notar algum cansaço e nada melhor que respeitarmos
estes momentos. Será um descanso activo, pois não vou parar de treinar, apenas
não vou correr durante praticamente um mês e volto a correr na primeira prova
da Taça de Portugal, em Albergaria. Vou para este descanso bastante motivado,
pois fechei este objectivo com sucesso”, conclui Rafael Reis.
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