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Pedalar pelo ouro em Ponferrada

Após a conquista de um Mundial, como se enfrenta um novo Mundial? A maioria tenta arrefecer as expectativas, sentindo contudo uma enorme esperança de revalidar o título inédito alcançado em 2013 por Rui Costa. Em 2014, o arco-íris deixou de brilhar em mãos lusas, mas nem por isso a Selecção Nacional deixou de honrar o país com uma boa prestação em Ponferrada.

A seguir às provas de contra-relógio, chegámos às provas de fundo disputadas num circuito de 18,2 km. Os primeiros a enfrentar o desafio foram os sub-23, perfazendo 182 km em 10 voltas. Após o pelotão anular a fuga da jornada, o campeão nacional Joaquim Silva esteve em destaque nos derradeiros 10 km ao tentar um ataque, que não tendo surtido o efeito desejado, levou-o a finalizar o seu primeiro mundial 16º lugar, somente a 7s do ouro conquistado pelo norueguês Sven Erik Bystrom (4h32m39s) e com o mesmo tempo da prata australiana de Caleb Ewan (+7s) e do bronze norueguês de Kristoffer Skjerping (+7s). Os companheiros lusos finalizaram em 46º Rafael Reis (+1m03s), 75º Rúben Guerreiro (+6m10s) e 80º Ricardo Vale (+9m18s).

Selecção Sub-23 em Ponferrada (Foto FPC)

A prova dos juniores foi marcada por uma série de infortúnios, levando os três corredores lusos a não finalizarem as 7 voltas ao circuito. Tiago Antunes viu-se envolvido numa queda, seguida de um problema mecânico que o levou a um atraso substancial para o pelotão acabando por abandonar a corrida, sucedendo a mesma situação com o campeão nacional André Carvalho. Por fim, Rui Oliveira também não conseguiu regressar ao seio do pelotão, após problemas com a corrente da bicicleta. No final dos 127,4km, o desfecho ao sprint ditou o ouro nas mãos do alemão Jonas Bokeloh (3h07m00s), a prata para o russo Alexandr Kulikovskiy e o bronze para o holandês de Peter Lenderink.

À imagem dos juniores, as elites femininas pedalaram a mesma distância e Portugal esteve presente com Daniela Reis. No seu primeiro Mundial, a jovem de 21 anos lutou entre as melhores ciclistas do mundo, mostrando-se uma autêntica guerreira ao batalhar por se manter em prova e terminar um desafio onde estava em desvantagem perante o peso competitivo das adversárias. Após a 4ª passagem pela meta, e com um atrasado de 10m57s para a frente da corrida, não continuou em prova. A vitória na meta foi disputada num renhido sprint, conquistando o ouro a francesa Pauline Ferrand-Prevot (3h29m21s), a prata a alemã Lisa Brennauer e o bronze a sueca Emma Johansson.

Restava a mais aguardada luta entre os elites. Longos 254,8 km repartidos por 14 voltas, das quais 10 tiveram um quarteto em fuga. Os 15m de vantagem foram sendo apagados até restarem cerca de 65 km para um final repleto de ataques coroados por uma chuva persistente desde o tiro de partida. Depois de um trabalho incansável da Selecção Polaca, a fuga terminou com um ataque surpresa dos Italianos, que fragmentou o pelotão. O alemão Tony Martin ainda tentou a sua sorte, a par de outras nações, mas o pelotão acabou com esses intentos. No final, o polaco Michal Kwiatkowski pagou com ouro o trabalho dos companheiros, sagrando-se campeão do mundo ao fim de 6h29m07s. A prata sorriu ao australiano Simon Gerrans (+1s) e o bronze ficou em casa com o espanhol Alejandro Valverde (+1s), novamente terceiro no pódio. A Selecção Lusa manteve-se sempre bem colocada no pelotão, protegendo o dorsal 1 de Rui Costa e destacando-se nesse trabalho o seu companheiro de equipa Nelson Oliveira. Os lugares cimeiros não foram conquistados, mas a verdade é que o sexteto esteve bem, faltando apenas no final aquele brilho extra que nos conduziu ao arco-íris no ano transacto. Nas contas finais, o trio André Cardoso, Sérgio Paulinho e José Mendes não terminou a prova e o outro trio finalizou em 23º Rui Costa (+7s), 54º Tiago Machado (+1m32s) e 67º Nelson Oliveira (+5m12s). 

Selecção Elite em Ponferrada (Foto Rui Costa)


(escrito em português de acordo com a antiga ortografia)

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