No primeiro
ano como profissional, Frederico Figueiredo defendeu as cores da equipa Rádio Popular-Boavista. No seguimento da regularidade a que nos
habituou em sub-23, o ciclista de 23 anos realizou uma temporada à imagem dos
resultados obtidos nesse escalão de formação, protagonizando importantes
desempenhos nas corridas disputadas em Portugal, Espanha e França.
De destacar
este ano, no asfalto luso foi 7º na Volta ao Alentejo, 7º no Grande Prémio
Mortágua, 9º no Troféu Joaquim Agostinho, 10º no Grande Prémio Abimota e 20º na
Volta a Portugal. Somou a estes resultados nacionais o brilho além-fronteiras do
8º lugar na Vuelta a Castilla y León, 14º na Vuelta a la Rioja e 15º na Route
du Sud.
A primeira temporada como profissional
correspondeu às expectativas?
Se calhar até
superou as expectativas! Não estava à espera de fazer uma época tão regular e
com corridas de nível onde terminei nos 10 primeiros. Não estava à espera de um
primeiro ano tão fácil, mas também se deveu à adaptação… tive colegas de equipa
que me ajudaram e deram confiança para encarar a época de forma tranquila,
sabendo que se me aplicasse o ano inteiro os resultados apareciam de forma
natural. E foi o que aconteceu.
Dois desses colegas são o Rui Sousa e
o César Fonte. Como foi correr ao lado de dois dos teus ídolos?
São grandes
ciclistas, que se aplicam ao máximo naquilo a que se propõem. O César é aquele
com quem tenho mais ligação, porque foi meu companheiro de quarto em várias
corridas e também pela idade, que é mais próxima da minha e me faz ter mais à
vontade. Sem dúvida, duas grandes pessoas.
Correste em Portugal, Espanha e
França. Que prova te marcou mais este ano?
Tirando a
Volta a Portugal, que é aquela que todos os ciclistas portugueses têm a ambição
e vontade de correr, marcou-me muito a Route du Sud em França. Foi
extraordinário correr ao lado de ciclistas que daí a duas semanas iam correr o
Tour de France.
Na qual terminaste em 15º…
Sim, o lugar
da chegada ao alto foi o lugar da geral. Podia ter sido melhor, porque fiquei a
pouquíssimos segundos do 10º, mas na chegada fui apanhado a 1 km da meta. Se
calhar, o 10º lugar teria sido um resultado mais relevante, mas estou contente
com o 15º. Acho que é de ficar contente, tendo em conta que a maioria dos que
ficaram à minha frente iam partir para o Tour.
Por esses resultados ao longo da
temporada, onde chegaste a uma vitória pessoal na camisola da montanha no GP
Abimota, consideras-te cada vez mais um puro trepador?
Sim. Gosto de
subidas longas, duras e pelas minhas características considero-me um trepador.
Tendo em conta essas características,
dás-te melhor em corridas por etapas ou clássicas?
Eu prefiro
corridas por etapas, vou-me sentido melhor a cada dia que passa. Com o passar
dos anos, também vou começando a conseguir boas prestações em corridas de um
dia que sejam duras.
Pelo teu percurso no ciclismo, nota-se
que estás a seguir as pedaladas do teu tio Carlos Pinho. É um sonho ser rei da
montanha na Volta a Portugal como ele?
A montanha é
importante, das classificações secundárias é a mais dura de se ganhar, não
tirando o mérito das restantes. Mas se conseguir melhorar no contra-relógio e
ganhar mais maturidade, gostava de um dia lutar pela geral da Volta. Não vai
ser fácil chegar ao nível a que o meu tio chegou. Ele correu num tempo distinto,
o ciclismo em Portugal era diferente e por vezes até compensava não ir para o
estrangeiro pelas condições que o nosso ciclismo oferecia, até em termos de
ordenado.
Volta a Portugal (Foto Helena Dias) |
Por falar na Volta a Portugal, o objectivo
máximo da equipa Rádio Popular-Boavista era a geral. Conseguiram o 2º lugar com
o Rui Sousa e 3º por equipas. Soube a pouco ou o saldo é positivo?
Tendo em
conta que o adversário, o Gustavo Veloso, estava muito forte no início da
Volta, penso que o saldo é positivo e o Rui encara-o certamente como sendo
positivo. Deu tudo o que tinha na estrada, se não conseguiu ganhar foi porque um
adversário se mostrou mais forte. Penso que podemos estar satisfeitos com o que
fizemos na Volta. Tivemos uma vitória na etapa mítica da Serra da Estrela com o
Rui, o 3º lugar por equipas e eu fiz 2º na juventude, que nem era objectivo à
partida. Podia ter sido melhor? Só se o Rui tivesse ganho, mas só pode ganhar
um e ele esteve na luta até ao fim.
A equipa teve vitórias ao longo do ano
com o César Fonte e o Daniel Silva. Sentes que essas vitórias não têm o mesmo
peso de uma vitória na Volta a Portugal?
A mentalidade
do ciclismo português é essa e é com isso que temos de viver. O César ganhou a
Taça de Portugal e mais duas ou três corridas e não teve aquele impacto como se
fosse uma vitória na Volta. Essa é a realidade e não é só relativamente ao
público. Também dentro do ciclismo há pessoas a ligar apenas à Volta, pondo as
restantes corridas da época um pouco de parte.
Relativamente ao futuro da equipa, podes
revelar se o grupo se mantém em 2015?
Quanto a mim
ainda não está nada definido, ninguém me contactou da equipa onde estou nem de
outra. Mas ainda é cedo, não estou preocupado. Já se sabe que o Rui Sousa e o
Alberto Gallego vão ficar na equipa e penso que o Célio Sousa e o Vergílio Santos
também, pois é onde se sentem em casa.
Para finalizar, define os teus
companheiros numa palavra.
Alberto Gallego:
máquina
Carlos
Carneiro: brincalhão
Célio Sousa:
capitão
César Fonte:
batalhador
Daniel Silva:
companheiro
Fábio
Mansilhas: miúdo
Gonçalo Amado:
betetista
Nuno Bico: desorganizado
Ricardo Vale:
companheiro
Rui Sousa: persistente
Vergílio
Santos: sabedoria
Taça Nacional de Circuitos (Foto Helena Dias) |
(escrito em português de acordo com a
antiga ortografia)
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