Avançar para o conteúdo principal

César Martingil: “O ciclismo é para continuar na minha vida”

Para quem segue de perto o ciclismo nacional, César Martingil é um rosto bem conhecido do pelotão. Apesar dos seus jovens 19 anos, o ciclista do Clube de Ciclismo José Maria Nicolau desenhou um palmarés recheado de pódios em cadete e júnior, escalões nos quais se sagrou Campeão Nacional de Fundo. Actualmente vive a primeira temporada em sub-23 e a realidade não foge à regra. Acaba de conquistar a Taça Nacional de Circuitos no seu escalão, vitória que começou a escrever na primeira prova pontuável disputada na Curia.

Nessa formosa aldeia do concelho de Anadia, onde conquistou há cerca de um ano o título nacional, César Martingil agarrou o triunfo em sub-23 ao finalizar na meta em 4º da geral, apenas superado pelos corredores profissionais das equipas continentais. Desde aí, não mais despiu a camisola branca de líder da juventude da Taça de Circuitos, juntando esta vitória a um leque de bons resultados alcançados ao longo de 2014, como as boas exibições na Taça de Portugal que o levaram a subir ao 3º lugar do pódio em sub-20, no ano em que a Federação estreou a entrega de troféu neste escalão.

 
Vencedor da Taça Nacional de Circuitos
(Foto Helena Dias)

Terminas a temporada a vencer em sub-23 a estreante Taça Nacional de Circuitos. Que importância tem esta vitória?
Foi muito importante ter ganho esta Taça no final da época. Mostra que o trabalho feito ao longo da temporada teve resultados.

Sendo este o teu primeiro ano em sub-23 e dado que o vosso escalão pedala com os profissionais, como foi a adaptação ao pelotão?
A adaptação foi muito exigente. Passei muitas dificuldades em algumas corridas, mas fui melhorando com o trabalho de casa e os quilómetros realizados em cada corrida.

Mudaste de escalão permanecendo no CC José Maria Nicolau, uma casa importante para a formação dos jovens corredores?
O CC José Maria Nicolau é um clube que tem formado atletas através de Célio Apolinário. Tem sido a pessoa que me tem ajudado até aos dias de hoje e posso dizer que tenho evoluindo muito graças a esse trabalho que está a ser desenvolvido.

Tens estado a enfrentar um momento muito difícil a nível pessoal com a perda do teu irmão Filipe. O clube e os teus companheiros de equipa certamente têm desempenhado um papel importante. Entregares-te de corpo e alma ao ciclismo ajudou a suavizar os momentos mais difíceis?
Sim, os meus companheiros tiveram um papel importante nos meus resultados ao longo da época e notei isso nestas últimas provas pontuáveis para a Taça Nacional de Circuitos. Grande parte desta vitória é deles. A perda do meu irmão foi algo muito chocante para mim… a minha vida deu um passo atrás muito grande. Tive de ganhar muita força, continuar a fazer uma vida normal, mas ele está presente no meu pensamento em todas as corridas.

Aliás, este desporto requer uma entrega e dedicação muito grandes por parte dos atletas. Tens somente 19 anos, o que torna essa entrega mais difícil já que os jovens têm todo um mundo de novas experiências por explorar e o ciclismo requer muito do tempo diário disponível.
Tenho apenas 19 anos e muito para aprender. Muita coisa vai mudar ao longo da minha carreira… ainda estudo e 70% da minha época e pré-época é feito com treinos à noite, pois só consigo treinar a seguir às aulas. Requer muito esforço. Por vezes, ou sempre, os estudos ficam para trás, enquanto os resultados aparecem na minha curta e pequena carreira, como os 2 títulos nacionais de estrada e 5 na vertente de pista e um 2º lugar em França na última etapa do Trophée Centre Morbihan a contar para a Taça do Mundo.

Este teu compromisso com o ciclismo é para continuar? Tens algo assegurado para 2015?
Sim, o ciclismo é para continuar na minha vida até eu poder. Está para vir uma grande novidade para o ciclismo português, que já há alguns anos anda a lutar para ter uma equipa assim… são boas novidades para 2015!

César Martingil (Foto Helena Dias)

(escrito em português de acordo com a antiga ortografia)

Comentários

Artigos Mais Lidos

Apresentação Liberty Seguros/Feira/KTM 2014

Esta quinta-feira, a Biblioteca Municipal de Sta. Maria da Feira recebeu a apresentação do 6º GP Liberty Seguros/Volta às Terras de Sta. Maria e das equipas de formação Liberty Seguros/Feira/KTM do Sport Ciclismo S. João de Ver. Entre as personalidades presentes destacaram-se os patrocinadores das equipas, nomeadamente a Liberty Seguros, a KTM e a Câmara Municipal de Sta. Maria da Feira. Também não faltaram antigos corredores da casa, actualmente a pedalar no pelotão profissional nacional, entre outros o campeão nacional Joni Brandão, César Fonte, Edgar Pinto, Frederico Figueiredo, Mário Costa, Rafael Silva e o internacional André Cardoso. Nem o campeão do mundo Rui Costa faltou à chamada de um dos directores desportivos mais acarinhados no país, Manuel Correia, deixando em vídeo uma mensagem sentida de agradecimento pelo seu percurso e aprendizagem no clube. Precisamente de Manuel Correia surgiu o momento mais marcante da cerimónia, aquando do seu anúncio de fim de ciclo

Entrevista a Isabel Fernandes: “África leva-nos a colocar em causa as nossas prioridades de Primeiro Mundo”

O ciclismo apareceu na vida profissional de Isabel Fernandes em 1987 para não mais sair. De comissária estagiária em 1989, chegou ao patamar de comissária internacional dez anos depois, realizando diversas funções na modalidade ao longo dos anos, nomeadamente intérprete e relações públicas de equipas, membro da APCP (Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais) e da organização de várias provas como os Campeonatos da Europa e do Mundo, em Lisboa.

Os velódromos de Portugal

Velódromo de Palhavã (© Arquivo Municipal de Lisboa) Em Portugal, o ciclismo já foi considerado o desporto da moda entre as elites. Para chegarmos a esse momento da história, temos de recuar ao tempo da monarquia, até finais do século XIX, para encontrar o primeiro velódromo em território nacional, o Velódromo do Clube de Caçadores do Porto , na Quinta de Salgueiros, não sendo a sua data totalmente precisa, já que a informação a seu respeito é muito escassa. Em alguns relatos, a sua inauguração data de 1883, enquanto noutros data de 1893.