Comparar o
rendimento das equipas Continentais lusas com o das equipas WorldTour na Volta ao Algarve é comparar o incomparável. Para as primeiras, a Algarvia foi a
primeira competição do ano. Para as segundas, as pernas contavam já com provas
desde o final de Janeiro.
Não se trata
de negar valor aos ciclistas do pelotão nacional, muito pelo contrário. Tentar confrontar o poder na estrada das esquadras nacionais com as WorldTour é
como equiparar sprinters e trepadores numa chegada a alta velocidade ou num
alto de montanha. O rendimento, a preparação e os objectivos são diferentes.
A realidade
das esquadras portuguesas prende-se com um objectivo primordial, a Volta a
Portugal. Esta prova constitui o epicentro de toda a temporada. É para ela que
se trabalha o ano inteiro, é com ela que se ganha alguma visibilidade nos media
nacionais. Dos mais jovens aos mais experientes, os ciclistas têm perfeita
noção da importância de cada prova do calendário português de estrada. Contudo,
têm igualmente noção que o pico de forma deve ser atingido em finais de Julho/princípios
de Agosto, período em que sai para a estrada o grande objectivo do ano.
Não quer
isso dizer que desvalorizem as restantes provas ou não dêem o máximo em cada
uma delas, simplesmente a cabeça está focada o ano inteiro na prova rainha do
calendário nacional, competição onde se alcança maior retorno publicitário para os patrocinadores, que cativa a atenção do público em maior
número, bem como a atenção da comunicação social portuguesa, para a qual o
calendário luso passa quase na totalidade despercebido. Há que somar igualmente dois pontos que se têm vindo a evidenciar nos últimos anos. O facto de que vencer uma
camisola na Algarvia, apesar desta receber no pelotão equipas WorldTour, não
tem o mesmo peso de vencer uma camisola na Grandíssima, como é conhecida
internacionalmente. E ainda o importante tema da transmissão televisiva, tendo a Volta ao Algarve resumos diários de 10 minutos ao final da noite, enquanto a Volta a Portugal conta com directos de todas as etapas, incluindo programas especiais que antecedem a prova com entrevistas aos ciclistas.
Há que
valorar o empenho das equipas lusas e por essa razão destacamos o desempenho de
alguns corredores lusos de equipas nacionais, que se fizeram notar nesta edição
da Volta ao Algarve. Filipe Cardoso (Efapel), sprinter por excelência, esteve
presente na luta a todo o gás pelas metas disputadas ao sprint, terminando na
11ª posição a etapa inaugural ganha por Meersman (Etixx-Quick Step) e em 10º a
última jornada ganha por Greipel (Lotto Soudal). Sérgio Sousa (LA
Alumínios-Antarte), vice-campeão nacional de fundo e medalha de bronze nos
nacionais de contra-relógio, escalou a etapa rainha do Malhão ao encontro da
14ª posição, demorando 38s mais do que o vencedor Richie Porte (Sky) na meta,
levando-o a fechar a Algarvia no Top 15. Ricardo Mestre (Team Tavira), de
regresso à sua ‘casa-mãe’ em Tavira também não começou mal a temporada,
finalizando no 17º posto da geral e entre os primeiros 20 no Malhão. Por último,
o campeão nacional sub-23 Joaquim Silva (W52-Quinta da Lixa), que no ano de
subida a profissional ocupou o 8º lugar na classificação da juventude, ganha por
Davide Formolo (Cannondale-Garmin), num total de 24 jovens em prova.
Com o término
da 41ª Volta ao Algarve começa verdadeiramente a batalha nas estradas lusas. Se Fevereiro
contou apenas com a Algarvia, Março vai puxar pelas equipas nacionais no
asfalto. A Clássica Internacional de Loulé (dia 1), o 25º Troféu Alpendre –
Internacional do Guadiana (dias 7 e 8) e o 7º GP Liberty Seguros – Troféu Sudoeste
e Costa Vicentina (dias 21 e 22) prometem aquecer saudáveis rivalidades e dar
vida ao programa Cyclin’Portugal, criado para promover o país em termos ciclísticos,
atrair equipas estrangeiras e aumentar o nível competitivo das provas
nacionais. Pelo meio, disputa-se
a tradicional Clássica da Primavera (dia 15) e no final do mês a Volta ao Alentejo Liberty Seguros (dias 25 a 29), que celebra
a sua 33ª edição.
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(escrito em português de acordo com a
antiga ortografia)
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