Avançar para o conteúdo principal

Amaro Antunes, crónica de uma vitória anunciada

As chegadas míticas são por norma etapas-chave na luta pela camisola amarela e a Senhora da Graça assim o testemunha edição atrás de edição. Amaro Antunes e a W52-FC Porto sabem-no melhor do que ninguém e fizeram valer os pergaminhos de outros anos para chegar à vitória da segunda etapa da Edição Especial da Volta a Portugal.

 

Amaro Antunes conquista Sra. da Graça (© FPC)

De Paredes a Mondim de Basto foram pedalados 167 quilómetros, no fim dos quais o novo camisola amarela explicou ao repórter da rádio TSF, Teófilo Fernando, o segredo da vitória. “Em 2017, recordo-me que o Raúl [Alarcón, vencedor na Sra. da Graça nesse ano] arrancou no mesmo sítio onde arranquei. Tínhamos minimamente as referências desta subida. Hoje, felizmente saiu tudo na perfeição e é algo muito especial. Sinto-me muito orgulhoso por conseguir esta vitória e vestir a camisola amarela pela primeira vez na Volta a Portugal”, revelou Amaro Antunes.

 

Com cerca de 15 quilómetros realizados, uma fuga de 13 corredores já rolava na frente da corrida, onde seguia uma poderosa arma azul e branca: Ricardo Mestre (W52-FC Porto), vencedor da Volta a Portugal em 2011, foi fundamental na construção do triunfo de hoje. Com ele, constituíram a fuga os portugueses, César Martingil (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), Nuno Meireles (Aviludo-Louletano), Luís Mendonça (Efapel), Fábio Oliveira (Feirense), Rafael Lourenço (Kelly-Simoldes-UDO), Gonçalo Leaça (LA Alumínios-LA Sport), Joaquim Silva (Miranda-Mortágua), Hugo Nunes e Daniel Silva (Rádio Popular-Boavista), o espanhol Hector Sáez (Caja Rural-Seguros RGA), o japonês Hideto Nakane (Nippo Delko Provence) e o britânico Daniel McLay (Team Arkéa-Samsic).

 

O grupo manteve-se unido até a dureza da jornada começar a fazer estragos na frente. Na subida de Barreiro (km 131,7), apenas um trio da fuga inicial resistia: Ricardo Mestre (W52-FC Porto), Hugo Nunes e Daniel Silva (Rádio Popular-Boavista). Atrás começavam as movimentações para a luta pela vitória da etapa. Amaro Antunes (W52-FC Porto) jogou a sua cartada a 38 quilómetros da meta, tendo como resposta mais forte Frederico Figueiredo (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), recente vencedor do Troféu Joaquim Agostinho, e também Henrique Casimiro (Kelly-Simoldes-UDO), que não resistiu ao ritmo por muito tempo.

 

Amaro Antunes e Frederico Figueiredo alcançaram o trio dianteiro e em quinteto, sempre com Ricardo Mestre a impor o ritmo num trabalho incansável, aproximaram-se da subida final com cerca de um minuto de vantagem para o pequeno pelotão, que seguia atrás em perseguição comandado pela equipa Efapel.

 

À falta de 9 quilómetros para a meta, Mestre deu por terminado o seu labor ficando para trás, sucedendo posteriormente o mesmo com a dupla da Rádio Popular-Boavista. A faltarem 7 quilómetros de subida da mítica primeira categoria da Senhora da Graça, Frederico Figueiredo resolveu assumir todas despesas da escalada, sempre com Amaro Antunes na sua roda, até ao surgimento da placa dos derradeiros 500 metros, onde o corredor de 29 anos da W52-FC Porto lançou a cartada final e se lançou para a sua segunda vitória de etapa na Volta a Portugal, com o brinde de vestir a camisola amarela. A 22 segundos seguiu-se na meta o corredor da Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel.

 

Atrás nunca se deram por vencidos, surgindo ataques no pequeno pelotão perseguidor, entre eles o de Luís Fernandes e David Rodrigues (Rádio Popular-Boavista), ambos sem sucesso. De contrário, a movimentação ofensiva do companheiro de equipa João Benta e do britânico Simon Carr (Nippo Deko Provence) valeu-lhes o terceiro e quarto lugares na jornada, a 1m13s e 1m20s do vencedor.

 

Na quinta posição chegou o camisola amarela Gustavo Veloso (W52-FC Porto), a 1m45s, passando desta forma a liderança da classificação geral para o companheiro de equipa. A W52-FC Porto destacou-se novamente como a formação mais forte da etapa, segurando a liderança geral por equipas.

 

Para além da camisola amarela, Amaro Antunes assumiu também a liderança da classificação dos pontos, Hugo Nunes (Rádio Popular-Boavista) subiu ao comando da montanha e Simon Carr (Nippo Delko Provence) passou a vestir a camisola da juventude.

 

Este dia teve os primeiros abandonos no pelotão, o eritreu Mulu Hailemichael (Nippo Delko Provence) e o canadiano Nigel Ellsay (Rally Cycling), tendo este último sido transportado para o hospital, após embater a 60 km/h no bandeira amarela, ficando gravemente ferido com fratura na coluna e nos ossos da cara.

 

Classificação Et2:

(classificação completa)

1º Amaro Antunes (W52-FC Porto) 4h25m50

2º Frederico Figueiredo (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel) a 22s

3º João Benta (Rádio Popular-Boavista) a 1m13s

4º Simon Carr (Nippo Delko Provence) a 1m20s

5º Gustavo Veloso (W52-FC Porto) a 1m45s

6º Vicente de Mateos (Aviludo-Louletano) a 1m45s

7º Ricardo Vilela (Burgos-BH) a 1m45s

8º Joni Brandão (Efapel) a 1m45s

9º Cristian Rodriguez (Caja Rural-Seguros RGA) a 1m49s

10º Alejandro Marque (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel) a 1m49s

 

Classificação Geral:

1º Amaro Antunes (W52-FC Porto) 9h00m42s

2º Frederico Figueiredo (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel) a 13s

3º Gustavo Veloso (W52-FC Porto) a 1m13s

4º João Benta (Rádio Popular-Boavista) a 1m17s

5º Joni Brandão (Efapel) a 1m20s

6º Daniel Freitas (Miranda-Mortágua) a 1m25s

7º Vicente de Mateos (Aviludo-Louletano) a 1m25s

8º João Rodrigues (W52-FC Porto) a 1m29s

9º Alejandro Marque (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel) a 1m38s

10º Simon Carr (Nippo Delko Provence) a 1m38s

Comentários

Artigos Mais Lidos

Apresentação Liberty Seguros/Feira/KTM 2014

Esta quinta-feira, a Biblioteca Municipal de Sta. Maria da Feira recebeu a apresentação do 6º GP Liberty Seguros/Volta às Terras de Sta. Maria e das equipas de formação Liberty Seguros/Feira/KTM do Sport Ciclismo S. João de Ver. Entre as personalidades presentes destacaram-se os patrocinadores das equipas, nomeadamente a Liberty Seguros, a KTM e a Câmara Municipal de Sta. Maria da Feira. Também não faltaram antigos corredores da casa, actualmente a pedalar no pelotão profissional nacional, entre outros o campeão nacional Joni Brandão, César Fonte, Edgar Pinto, Frederico Figueiredo, Mário Costa, Rafael Silva e o internacional André Cardoso. Nem o campeão do mundo Rui Costa faltou à chamada de um dos directores desportivos mais acarinhados no país, Manuel Correia, deixando em vídeo uma mensagem sentida de agradecimento pelo seu percurso e aprendizagem no clube. Precisamente de Manuel Correia surgiu o momento mais marcante da cerimónia, aquando do seu anúncio de fim de ciclo ...

Os velódromos de Portugal

Velódromo de Palhavã (© Arquivo Municipal de Lisboa) Em Portugal, o ciclismo já foi considerado o desporto da moda entre as elites. Para chegarmos a esse momento da história, temos de recuar ao tempo da monarquia, até finais do século XIX, para encontrar o primeiro velódromo em território nacional, o Velódromo do Clube de Caçadores do Porto , na Quinta de Salgueiros, não sendo a sua data totalmente precisa, já que a informação a seu respeito é muito escassa. Em alguns relatos, a sua inauguração data de 1883, enquanto noutros data de 1893.

Mariana Líbano na Soltec Team em 2023: “Gostava de fazer a Vuelta, é uma corrida com que sempre sonhei”

Aos 18 anos de idade, ainda no escalão júnior, Mariana Líbano tornou-se num dos nomes mais sonantes do pelotão português feminino. Esta época, na vertente de Estrada correu pela VeloPerformance/JS Campinense sagrando-se vencedora da primeira edição da Volta a Portugal Feminina Sub-19, campeã nacional de contra-relógio, vice-campeã nacional de fundo e foi segunda na Taça de Portugal. Na vertente de BTT correu pela equipa Guilhabreu BTT e sagrou-se campeã nacional de XCO (cross country olímpico) e XCC (cross country curto), conquistou a Taça de Portugal de XCO e com a Selecção Nacional triunfou na prova Superprestígio em Caparroso, Espanha.   O Cycling & Thoughts entrevistou Mariana Líbano , que em 2023, naquele que será o seu primeiro ano de sub-23, ruma ao pelotão internacional pela equipa continental espanhola Soltec.   Mariana Líbano na performance que a levou ao título nacional de contra-relógio em 2022 (foto: Helena Dias) Cycling & Thoughts: Esta foi a tua melhor...