Foi aqui que tudo começou em 2012… no Troféu Joaquim Agostinho dei as primeiras pedaladas na comunicação de ciclismo. Esta corrida tem um enorme significado por tantas razões. A principal prende-se com a homenagem que é prestada pelo pelotão ao maior ciclista luso de todos os tempos. E foi diante da sua estátua que, há oito anos atrás, assisti à minha primeira corrida de ciclismo in loco. Nesse ano, fui à etapa do circuito em Torres Vedras e à etapa final no alto da Carvoeira, onde Ricardo Mestre foi o grande vencedor. Este ano ditou o destino, ou a pandemia, que o Troféu ficasse limitado a duas etapas e precisamente nos mesmos locais. No sábado, correu-se o circuito em Torres Vedras, num total de 145,6 quilómetros, com vitória de Luís Mendonça (Efapel). Domingo, correram-se os decisivos 145,2 quilómetros com partida no Turcifal e chegada no alto da Carvoeira, onde Frederico Figueiredo (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel) alcançou a vitória na etapa e da camisola amarela.
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Embora encurtada, sem a chegada ao alto de Montejunto nem o contra-relógio individual normalmente pedalado no prólogo, a 43ª edição do Grande Prémio Internacional de Ciclismo de Torres Vedras / Troféu Joaquim Agostinho conseguiu estar na estrada contra ventos e pandemias. Um total de 110 corredores de 16 equipas deu cor ao pelotão, que esteve sempre debaixo de fortes medidas de segurança sanitária.
Na primeira etapa, em pleno circuito em Torres Vedras, por diversas ocasiões os agentes da GNR – Guarda Nacional Republicana relembraram alguns elementos mais incautos do público para manterem a distância de segurança necessária aos tempos em que vivemos, tal como um automóvel da corrida alertava com a mesma mensagem à passagem pelo público a cada volta ao circuito. Já na segunda etapa, a subida ao alto do Parque Eólico da Carvoeira reuniu um número significativo de fãs da modalidade, uns respeitando o distanciamento social e o uso da máscara, outros nem tanto. Em tempos de pandemia, todos devem cuidar de todos e não podemos esquecer que uma acção individual pode trazer consequências para a modalidade e para os heróis de que tanto gostamos.
Como o primeiro camisola amarela desta edição, Luís Mendonça, afirmou aos microfones da TVI, “a vida tinha que continuar, senão era um desastre económico para todos”. É verdade, tal como a vida em geral, o ciclismo tem de continuar na estrada, para bem dos ciclistas e da subsistência das equipas. Todos têm um papel fundamental para que as bicicletas continuem a rolar no asfalto e o público, essencial à modalidade, também.
Por falar em rolar, foi muito bom voltar a ver ao vivo as bicicletas no asfalto, a luta das equipas pela vitória da jornada e da camisola amarela. A equipa Efapel entrou com o pedal direito na prova, agarrando logo à primeira etapa um bonito triunfo com Luís Mendonça, que aproveitou o embalo da descida da Serra da Vila para entrar na frente na recta da meta de cerca de 600 metros. Uma movimentação certeira, que lhe garantiu a primeira vitória da época, após o terceiro lugar alcançado na longínqua Prova de Abertura, em Fevereiro.
Assim partiu Mendonça para a segunda e derradeira etapa, com quatro segundos de vantagem para o segundo e terceiro lugares ocupados pela dupla da W52-FC Porto, Daniel Mestre e João Rodrigues, o vencedor da Volta a Portugal de 2019, que viu as suas aspirações caírem por terra dentro dos 10 quilómetros finais, aquando de uma queda no pelotão a envolver elementos da equipa azul e branca. Mas o perigo continuava a espreitar a amarela de Mendonça, escondido nos pedais da equipa algarvia Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel. Primeiro por Alejandro Marque que, chegado à fase crucial da jornada, desferiu um ataque momentos antes do início da subida da Carvoeira. O galego aguentou o mais que pôde a perseguição cerrada da Efapel, que conseguiu anular este perigo, mas não o que se seguiu.
Frederico Figueiredo queria dar a primeira vitória da época à equipa tavirense, ao mesmo tempo que não queria deixar fugir a tão sonhada primeira vitória enquanto profissional. No final da corrida, assim declarou: “É uma vitória que já esperava há muito tempo, a minha primeira como ciclista profissional, ainda por cima numa corrida em que já estive muitas vezes na discussão. Estou extremamente feliz. É um triunfo para desfrutar e para dedicar ao meu filho, que vai nascer em novembro. Só pensei nisso na recta da meta”. E não se pense que foi fácil, já que Luís Gomes (Kelly/InOutbuild/UDO) tentou dificultar-lhe a vida até à linha de todas as decisões, batalhando pela vitória Carvoeira acima. Frederico foi mais forte, levando a vitória da etapa e da camisola amarela para casa.
Mais uma coincidência, em 2012 foi a equipa de Tavira, então designada de Carmim-Prio, que venceu na chegada à Carvoeira e a geral individual com Ricardo Mestre. Em 2020, Tavira consegue novamente a dupla vitória no Agostinho com Frederico Figueiredo, que desde as camadas de formação vem demonstrando capacidade para alcançar esta e outras importantes vitórias. E para completar, em ambas as edições a presença de Alejandro Marque e David Livramento a trabalhar em prol da equipa. Aliás, nesta edição do Troféu Joaquim Agostinho, a equipa Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel destacou-se não apenas pela vitória individual como também pelo trabalho de equipa de todos os seus elementos.
Classificação Geral:
1º Frederico Figueiredo (Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel) 7h10m28s
2º Luís Gomes (Kelly/InOutbuild/UDO) a 5s
3º Luís Mendonça (Efapel) a 8s
4º Gustavo Veloso (W52/FC Porto) a 25s
5º Luís Fernandes (Rádio Popular/Boavista) a 25s
6º Gonçalo Carvalho (Rádio Popular/Boavista) a 26s
7º João Benta (Rádio Popular/Boavista) a 27s
8º Gavin
Mannion (Rally Cycling) a 27s
9º Keegan
Swirbul (Rally Cycling) a 34s
10º Rafael Silva (Efapel) a 41s
Geral Equipas:
1ª Rádio Popular/Boavista
Geral Juventude:
1º Gonçalo Carvalho (Rádio Popular/Boavista)
Geral Pontos:
1º Luís Mendonça (Efapel)
Geral Montanha:
1º Pablo Guerrero (Burgos BH)
Geral Metas Volantes:
1º Miguel Salgueiro (LA Alumínios/LA Sport)
Classificação Etapa 2:
1º Frederico Figueiredo (Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel) 3h28m56s
2º Luís Gomes (Kelly/InOutbuild/UDO) a 1s
3º Luís Mendonça (Efapel) a 13s
4º Gustavo Veloso (W52/FC Porto) a 15s
5º Gonçalo Carvalho (Rádio Popular/Boavista) a 17s
6º João Benta (Rádio Popular/Boavista) a 17s
7º Luís Fernandes (Rádio Popular/Boavista) a 17s
8º Gavin
Mannion (Rally Cycling) a 17s
9º Keegan
Swirbul (Rally Cycling) a 24s
10º Rafael Silva (Efapel) a 31s
Classificação Etapa
1:
1º Luís Mendonça (Efapel) 3h41m42s
2º Daniel Mestre (W52/FC Porto) mt
3º Daniel Freitas (Miranda/Mortágua) mt
4º João Rodrigues (W52/FC Porto) mt
5º Rafael
Silva (Efapel) mt
6º Gavin
Mannion (Rally Cycling) mt
7º João Benta (Rádio Popular/Boavista) mt
8º Luís Gomes (Kelly/InOutbuild/UDO) mt
9º Gonçalo Carvalho (Rádio Popular/Boavista) mt
10º Rubén Fernández (Euskaltel/Euskadi) mt
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