Ainda nem a meio do ano vamos e já podemos garantir que esta é uma época completamente atípica no que toca ao ciclismo profissional. Tudo se deve à pandemia COVID-19, que obrigou a parar o ciclismo na Europa, se não no mundo inteiro. Um a um, os organizadores anunciam a conta-gotas o cancelamento ou adiamento das corridas sob a sua alçada e em Portugal não é excepção. Como já tínhamos abordado no artigo anterior, três das competições internacionais lusas ficaram por realizar: Volta ao Alentejo e GP Beiras foram cancelados, enquanto a Clássica da Arrábida foi adiada para data incerta, tal como é incerto o final desta crise pandémica. Mas até aqui chegarmos, houve competição e muitos quilómetros foram já percorridos pelas equipas lusitanas.
A saber, nas estradas nacionais foram pedaladas a Prova de Abertura – Região de Aveiro (1.12), a Volta ao Algarve (2.Pro) e a Clássica da Primavera (1.12). Para além destas três competições tivemos equipas a viajar além-fronteiras para correr na Argentina a Vuelta a San Juan (2.Pro), em Espanha a Vuelta a Murcia (2.1) e na Colômbia o Tour Colombia (2.1). Qual o balanço que podemos fazer deste curto início de época? Quanto a vitórias, as equipas Rádio Popular-Boavista e a Kelly/InOutbuild/Udo estão na frente com uma vitória cada e ambas resultantes de fugas bem sucedidas.
Alberto Gallego celebrou da melhor maneira o regresso à modalidade, conquistando para a Rádio Popular-Boavista a primeira vitória da época na Prova de Abertura, um triunfo bastante suado com o espanhol a ser o único da fuga a acreditar até ao último metro que esta poderia vingar. A equipa boavisteira logrou não só a conquista da geral individual, bem como da montanha e por equipas. Na juventude, o jovem a brilhar no primeiro lugar foi Fábio Costa, da Kelly/InOutbuild/Udo, equipa que três semanas mais tarde iria conquistar a geral individual da Clássica da Primavera com Luís Gomes, também ele triunfador de uma fuga.
No meio destas duas corridas, disputou-se a internacionalíssima Volta ao Algarve com uma chuva de estrelas no pelotão, entre elas Vincenzo Nibali (Trek-Segafredo), vencedor das três grandes voltas – Tour, Giro e Vuelta –, que teve honras de homenagem com o Prémio Prestígio. Aqui acrescentamos a mais-valia que seria homenagear não só um ciclista estrangeiro, mas também um ciclista português, pois em ambos os casos podemos encontrar corredores com belíssimos palmarés dignos de homenagem.
Quanto à competição propriamente dita, a vitória da Volta ao Algarve recaiu sobre o belga Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep), o mais jovem vencedor da camisola amarela da história da Algarvia, que ainda arrecadou duas etapas, a chegada ao alto da Fóia e o contra-relógio em Lagoa. Quanto às equipas lusas, na geral individual destacou-se Amaro Antunes (W52-FC Porto) na 10ª posição, tendo também alcançado um destacável 7º lugar na chegada ao alto do Malhão, o mesmo lugar logrado por Frederico Figueiredo (Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel) na etapa do alto da Fóia. Há ainda a destacar os internacionais lusos presentes na Algarvia, com Rui Costa (UAE Team Emirates) a fechar em 4º na geral individual e João Almeida(Deceuninck-QuickStep) no 9º lugar.
Nas corridas além-fronteiras, tivemos a equipa Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel na Vuelta a
San Juan, onde César Martingil foi o mais destacado dos corredores a surgir em 8º lugar na discussão da primeira etapa ao sprint, ganha pelo colombiano Fernando Gaviria (UAE Team Emirates). Já na Vuelta a Murcia foi o espanhol Vicente de Mateos, da Aviludo-Louletano, a estar na linha da frente com um 6º lugar na segunda etapa e a fechar em 13º da geral, ganha pelo belga Xandro Meurisse (Circus-Wanty Gobert). A Efapel esteve no Tour Colombia, onde os corredores colombianos das demais equipas monopolizaram por completo todas as classificações e ficando a vitória nos pedais do jovem Sergio Higuita, da EF Pro Cycling, equipa WorldTour que ocupou os três lugares do pódio.
E agora, o que se seguirá? Neste exacto momento em que escrevemos este artigo, ninguém consegue responder a esta questão. Vivemos tempos de total incerteza quanto ao retomar do calendário luso de ciclismo, devido à pandemia Covid-19. Com as competições de Março canceladas, Abril é uma incógnita, sendo muito improvável que se realizem provas também nesse mês. Resta-nos aguardar.
Principais resultados, aqui!
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(Foto: HelenaDias) |
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