Não há muito tempo, estávamos todos ansiosos pelo início de mais uma época de ciclismo, do ano 2020. Nesse tempo, já andava pela China um tal de novo vírus, o coronavírus, posteriormente designado de COVID-19. Aqui, na Europa, pensava-se que não iria chegar. Ou, pelo menos, pensava-se que não iria afectar a vida de todos de uma forma tão drástica como a que estamos a viver.
O ciclismo profissional, como tantas outras actividades laborais, viu-se atingido no seu ponto nevrálgico, o WorldTour, com o pelotão a ser obrigado a manter-se nos seus hotéis em pleno UAE Tour (23-29/Fevereiro). A terceira corrida do calendário WorldTour foi assim suspensa a duas etapas do seu término, com as equipas a ficarem retidas nos hotéis, algumas das quais até há poucos dias atrás, em quarentena. Entretanto, começaram a conhecer-se alguns dos nomes de corredores infectados pela COVID-19: Dmitry Strakhov (Gazprom-Rusvelo), Fernando Gaviria e Maximiliano Richeze (UAE Team Emirates).
Depois dessa corrida, outras foram afectadas, contando-se até ao momento vários cancelamentos e adiamentos de clássicas e provas por etapas. Do calendário WorldTour: Strade Bianche (7/Março), Tirreno-Adriatico (11-17/Março), Milano-Sanremo (21/Março), Volta a Catalunya (23-29/Março), AG Driedaagse Brugge-De Panne (25/Março), E3 BinckBank Classic (27/Março), Gent Wevelgem in Flanders Fields (29/Março), Dwars door Vlaanderen (1/Abril), Tour des Flandres (5/Abril), Giro d’Italia (9-31/Maio). As organizações das provas irão tentar a sua realização mais tarde no calendário, sendo difícil prever quais as provas que o conseguirão fazer. Encaixar uma clássica mais adiante no calendário é uma coisa, encaixar uma prova de três semanas como o Giro d’Italia é outra completamente diferente.
Também o calendário Europeu UCI conta com bastantes cancelamentos e adiamentos e aqui encontramos três das seis provas internacionais lusas: Clássica da Arrábida (15/Março), Volta ao Alentejo (18-22/Março) e GP Beiras e Serra da Estrela (17-19/Abril). Quanto à Clássica da Arrábida, a organização fez saber que iria tentar a sua realização numa data posterior, o que não irá acontecer com as outras duas corridas. A organização da Volta ao Alentejo comunicou o seu cancelamento, o mesmo sucedendo com o GP Beiras. Contudo, nem tudo pode ser visto como uma consequência ou explicado pelo surgimento da pandemia, visto a possibilidade do cancelamento deste Grande Prémio ser falado há várias semanas. Apesar da ‘juventude’ desta prova, que ia colocar na estrada a sua quinta edição, esta já tinha cimentado a sua importância a nível internacional.
Tal como para tantos outros sectores da sociedade, a paragem do ciclismo profissional, por tempo indeterminado, é um duro golpe para o ciclismo, é um duro golpe para equipas e corredores. Se a modalidade já enfrentava uma escassa visibilidade mediática, sem competição a realidade torna-se ainda mais crítica e economicamente delicada. É difícil prever como a modalidade e todos os seus agentes irão superar esta pandemia.
Em tempo de paragem obrigatória, talvez seja o momento de repensar a modalidade, repensar atitudes, repensar programas, repensar a forma de fazer ciclismo profissional e de formação no seu todo e para todos, deixando os individualismos de lado, para que se consiga ter uma modalidade mais consistente a médio prazo, capaz de ultrapassar momentos de crise como o que estamos a viver. Este é um trabalho que se pode realizar a partir de casa, assumindo a comunicação uma vez mais o seu papel primordial, através dos meios digitais, que encurtam qualquer distância presencial.
Entretanto, em França correu-se a 78ª edição de Paris-Nice, terminando uma etapa mais cedo e com o alemão Maximilian Schachmann (Bora-hansgrohe) a conquistar hoje a camisola amarela. O colombiano Nairo Quintana (Team Arkéa Samsic) venceu a derradeira jornada, somando a quinta vitória de uma temporada, que não se sabe quando irá recomeçar.
* ALGUMAS NOTAS IMPORTANTES SOBRE O CORONAVÍRUS – COVID-19:
- Procurem sempre informação fidedigna de fontes seguras ou científicas para evitar a má informação e sua difusão.
- A recomendação do Governo Português, e de outros países, é para que se fique em casa durante este período e até informação em contrário, saindo à rua apenas para o estritamente necessário.
- A Federação Portuguesa de Ciclismo disponibiliza no seu site um manual de Recomendações e Boas Práticas, que pode ser consultado aqui.
- A Direcção-Geral de Saúde disponibiliza no seu site uma série de informação sobre o ponto actual de situação em Portugal, perguntas frequentes, etc., que pode ser consultado aqui.
- O site Novel Coronavirus (COVID-19) Situation informa sobre o número de casos a nível mundial, pode ser consultado aqui.
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