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Entrevista a Gustavo Veloso: “Não quero que o meu último ano seja como está a ser agora”


Gustavo Veloso (W52-FC Porto) é carinhosamente conhecido como o ‘Papá’ do pelotão. Com 40 anos de idade, cumpridos a 29 de Janeiro, o galego comemora esta época 20 anos como corredor profissional, num dos momentos mais conturbados que o mundo já viveu com o surgimento do novo coronavírus, que obrigou à paragem de muitos sectores da sociedade, incluindo o ciclismo. Neste especial ‘Dia do Pai’, em que muitos não vão poder estar com os seus pais, devido à distância social exigida como forma de evitar possíveis contágios, quisemos falar (à distância) com Gustavo Veloso, que para além de corredor profissional é pai e acedeu gentilmente a partilhar connosco como está a viver a crise pandémica da COVID-19.


Como se está a viver esta situação de pandemia na Galiza?

“Não está a ser fácil. No geral, as pessoas estão a ser responsáveis com o assunto, a cumprir com a quarentena e a tomar precauções, mas estamos mesmo no limite da capacidade do sistema sanitário. Tentamos levar o melhor possível nas nossas casas.”

Como estás a viver esta situação enquanto pai de família e enquanto corredor? Viste-te obrigado a mudar alguns hábitos, manténs os treinos?

“Numa situação destas muitas coisas passam para segundo plano. Tem-se sempre a preocupação pelos familiares de maior risco, para evitar exposições e tentar garantir a saúde. Neste momento, essa é a prioridade: a saúde. Depois, tenho a sorte de morar numa casa com uma quinta, o que nos dá uma certa liberdade. Pelo menos, podemos sair à quinta para brincar com os filhos. Para eles é importante. De manhã, eles têm aulas online ou tarefas para fazer da escola e, neste momento, nós pais somos também um pouco professores. Eu treino todos os dias no rolo, de manhã e de tarde. É duro, mas é melhor que nada. A ideia é não estragar todo o trabalho que tinha feito até agora.”

Disseste que esta seria a tua última época no ciclismo profissional. Dada a situação que vivemos, e a incerteza de se realizarem as corridas, manténs a ideia de terminar a carreira este ano?

“De início sim, mas a verdade é que com esta situação a cabeça dá voltas e se não puder correr a Volta [a Portugal] não sei o que farei. Não quero que o meu último ano seja como está a ser agora, mas confio que em Maio/Junho isto já esteja na normalidade. Senão, terei de ver na altura certa o que fazer.”


Como vês o ciclismo português e o ciclismo mundial depois desta pandemia? Pensas que irá mudar alguma coisa?

“Penso que irá afectar o ciclismo igual que a outros sectores e que terá de se reajustar o calendário. Virão momentos difíceis, onde teremos que colocar todos do nosso lado. Se o ciclismo mundial deixar de lado os interesses pessoais e trabalhar como uma grande equipa, poderemos sair desta situação rápido e mesmo com melhores condições para todos, mas temos de pensar no colectivo e colocarmo-nos na pele do outro.”

Gostarias de deixar alguma palavra às pessoas ou um conselho aos jovens corredores?

“Ouçam as autoridades e cuidem-se muito. Aos mais jovens, que desfrutem e aproveitem as oportunidades, pois o tempo voa.”





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