Três dias de uma azáfama indescritível. Ver nascer um
projecto, que há poucos meses nem se sonhava tornar realidade. Agora na
estrada, o colorido azul, de um mar de oportunidades infinitas, pontuado pelo
amarelo, do brilho que esperam encontrar no risco branco das metas, tornaram
real o sonho daqueles que lutaram e nunca baixaram os braços para pôr a equipa
Vito-Feirense-Blackjack a rolar.
O simbolismo deste grupo tem o seu ponto de partida no
regresso do Clube Desportivo Feirense ao ciclismo, no ano em que cumpre o
Centenário de inúmeras glórias, incluindo a vitória da Volta a Portugal de 1990
com Fernando Carvalho. Se juntarmos aos ingredientes o histórico clube de
formação Sport Ciclismo S. João de Ver e o Clube de Ciclismo FJP, resulta numa
iguaria com raízes em Santa Maria da Feira, que pode ser servida em qualquer
terra que receba o pelotão nacional.
A combinação de esforços tem a sua maior visibilidade no
grupo eleito para defender as novas cores na estrada: 11 ciclistas sob a
maestria de Joaquim Andrade, que viu assim cumprir o sonho de dirigir uma
equipa profissional, com todo o conhecimento daquele que foi uma referência do
pelotão enquanto ciclista, um verdadeiro professor nas camadas de formação e um
exímio defensor de um ciclismo com melhores condições para os atletas.
Da formação de S. João de Ver chegaram os tímidos Bernardo Saavedra (19 anos)
e Gonçalo Santos (22 anos), bem como o sorridente João Santos (22 anos), três jovens em franca
evolução. Após uma época de vitórias com a Froiz em Espanha, Leonel Coutinho (25
anos) retornou ao pelotão nacional para fazer valer a sua qualidade de
sprinter. O trepador Ricardo Vale (25 anos) e o espanhol Xuban Errazkin (21
anos), melhor sub-23 do ranking nacional da época transacta, vieram do Boavista
para solidificarem a sua evidenciada qualidade.
Companheiros
no ano passado, quatro nomes mantiveram o laço e a sintonia criada na estrada.
O conhecedor Hugo Sancho (36
anos), o trabalhador Luís Afonso (28 anos), o irreverente e já campeão na pista
em 2018 João Matias (26 anos) e o reservado Edgar Pinto (32 anos), um dos
maiores valores do pelotão português a liderar o grupo fechado pelo
bem-disposto Soufiane Haddi (27 anos), campeão marroquino de quem já foi
parceiro no Dubai.
A época ainda mal
começou e o grupo já reuniu um leque de resultados interessantes, com natural
destaque para as medalhas de ouro de João Matias no Campeonato Nacional de Pista
(em eliminação e perseguição individual), tendo o mesmo ficado a 3 segundos da
vitória na Prova de Abertura do calendário de estrada, com o 2º lugar obtido em
Aveiro, onde a vitória sorriu ao internacional Tiago Machado (Katusha-Alpecin) pela Selecção.
Mas este projecto
não se resume à equipa profissional, mostrando a preocupação pela essência do
ciclismo, que passa pelos escalões de formação. Sem equipas de formação, os heróis
aclamados no futuro, pelas grandes vitórias nacionais e internacionais, não
existirão. Deixar cair no vazio o importante compromisso com a formação é
hipotecar o futuro do ciclismo português. Assim, a Vito-Feirense-Blackjack
conta também com escolinhas, cadetes, juniores e femininas.
Juniores: Luís
Cabral, Henrique Rodrigues, Francisco Gouveia, Eduardo Cunha, Daniel Couto,
João António, António Ferreira, Leonardo Soares, Pedro Andrade, Diogo Barbosa e
Henrique Pereira.
Cadetes: Rafael
Pinho, Diogo Faustino, Samuel Oliveira, José Macedo, Carlos Petiz e Gabriel
Mota.
Femininas: Mariana
Almeida, Ana Costa, Diana Marques, Lara Oliveira e Jéssica Oliveira.
Escolinhas: Pedro
Caetano, Gabriel Ferreira, David Ferreira, Luís Moreira, Hugo Andrade, Diogo
Oliveira e Rodrigo Neves.
De 2 a 4 de Fevereiro, foram três dias de uma azáfama indescritível, onde o bom ambiente
e a sintonia entre ciclistas suavizou o nervosismo natural de um grupo que inicia
uma nova caminhada rumo ao sucesso.
Na apresentação da equipa, Joaquim Andrade destacou: “É o tornar um sonho realidade. Todos
os Feirenses sempre ansiaram por ter uma equipa profissional na região, e se
pudesse ser o Feirense melhor ainda. O Edgar é uma mais-valia, é um candidato
em qualquer corrida. Tem uma grande responsabilidade sobre ele, mas também
temos outros ciclistas, que estou convicto irão alcançar grandes feitos ao
longo do ano. Não gosto de prometer vitórias, pois há muito imponderáveis, que
fazem com que se possa ter ou não sucesso. Mas iremos estar sempre na discussão
com enorme empenho.”
O presidente do Clube
Desportivo Feirense, Rodrigo
Nunes, declarou: “É uma aposta complicada, mas
aliciante. Fui sempre um amante do ciclismo, acompanhei com o meu Pai muitas
etapas, muitas vitórias dos antigos atletas do Feirense e ficou sempre esse
bichinho. Aproveitando o Centenário, era um sonho poder para o regresso desta
modalidade ao Feirense. Foi uma conjugação de esforços e unir duas pessoas do
ciclismo – Fernando Pinto, do Clube de Ciclismo FJP, e Fernando Vasco, do Sport
Ciclismo S. João de Ver. Já temos um campeão nacional (João Matias
duplamente em pista) e queremos tentar dar mais
alegrias aos Feirenses, numa época em que sabemos que não só os Grande Prémios,
mas principalmente a Volta a Portugal vai ter todos atentos àquilo que o
Feirense pode fazer.”
Álbuns de fotografias:
Equipa Vito-Feirense-Blackjack na estrada com bicicletas Swift |
Bicicleta Swift de contra-relógio |
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