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Entrevista a Joaquim Andrade: a formação Feirense


No final de 1983, o Clube Desportivo Feirense escrevia uma nova página na sua história desportiva, abrindo as portas ao ciclismo com a criação da equipa Feirense-Ruquita. Contudo, desengane-se quem pense que esta era já a equipa de profissionais, que chegaram à vitória da grande Volta a Portugal, em 1990, com Fernando Carvalho. Bem longe disso, nos seus inícios na modalidade, o Feirense deu as primeiras pedaladas no escalão de juniores. Hoje em dia, a ligação aos escalões de formação continua a ser uma preocupação bem presente no projecto Vito-Feirense-Blackjack.

O Cycling & Thoughts aproveitou a presença no Encontro Nacional de Escolas, em Almeirim, para conhecer um pouco mais da realidade da formação Vito-Feirense-Blackjack. O director desportivo da equipa continental Joaquim Andrade, que conta com muitos anos de experiência enquanto director no escalão de sub-23, falou-nos sobre o projecto actual e as perspectivas de futuro das escolas do Feirense.
 
Joaquim Andrade, director desportiva da equipa Vito-Feirense-Blackjack (Foto: Helena Dias)


PROJECTO ACTUAL VITO-FEIRENSE-BLACKJACK

“No nosso projecto inicial de fazer uma equipa profissional, sempre tivemos em mente ter formação a acompanhar, um pouco à imagem do que o Feirense tem no futebol. A escola de futebol do Feirense é uma das melhores do país e é nossa política manter essa mesma estratégia de fazer formação no ciclismo e criar atletas para, um dia mais tarde, poderem alimentar as equipas que há no país.

“Este foi um dos pontos fundamentais pelo qual fizemos a ligação com o Sport Ciclismo S. João de Ver, aproveitando a sua experiência na formação. Essa ligação passa pela nossa ambição em manter os escalões de formação e, no futuro, alargar a equipa profissional, mantendo o misto de juventude com a sapiência de alguns corredores mais experientes. Podemos constatar na prática que é a melhor maneira dos corredores mais jovens evoluírem.”
 
João Santos, de 23 anos, integra a equipa principal Feirense (Foto: Helena Dias)
Xuban Errazkin, de 21 anos, integra a equipa principal Feirense (Foto: Helena Dias) 


PERSPECTIVAS DE FUTURO

“Actualmente, temos todos os escalões de formação e, felizmente, temos tido muita gente a querer aderir ao projecto. Estou convencido que, com este entusiasmo da Volta a Portugal, ainda irão aparecer mais crianças a querer integrar as nossas escolas.

“O nosso objectivo é manter toda essa estrutura e ter uma equipa principal à imagem deste ano, com um misto de juventude e alguns ciclistas mais experientes, mas alargando um pouco o número de ciclistas para ter mais jovens. Gostaríamos de ter entre 15 a 16 corredores na equipa principal, que é o máximo permitido, e tendo esse misto mais alargado poderemos também participar em algumas provas destinadas apenas ao escalão sub-23, em Portugal ou no estrangeiro. Esse é o nosso sonho e é nesse sentido que vamos trabalhar.

“Tal como este ano, queremos ter alguns corredores sub-23 integrados na equipa principal, fazendo algumas provas, mas sempre salvaguardando a sua formação, não podendo ter os mesmos dias de corrida de um corredor profissional e, se possível, tendo acesso a algumas provas sub-23, como a que temos em Portugal (Volta a Portugal do Futuro) e tentar algumas corridas além-fronteiras.”

Gonçalo Santos, de 22 anos, integra a equipa principal Feirense (Foto: Helena Dias)
Bernardo Saavedra, de 20 anos, ao lado do companheiro de equipa Ricardo Vale (Foto: Helena Dias) 


MAIS-VALIA DO MISTO JUVENTUDE E EXPERIÊNCIA

“Para mim, a existência deste misto de juventude e experiência na equipa é a melhor forma dos mais jovens aprenderem, porque acabam por ter muito mais confiança. Têm de superar algumas situações novas e, ouvindo um corredor que está ali ao lado deles a dar conselhos e a passar alguma experiência, acabam por interiorizar muito mais facilmente do que seja com o treinador a falar desde o carro.

“Tivemos alguns corredores jovens na equipa, que tiveram um crescimento muito grande este ano, com uma forma de encarar as corridas muito mais forte. Os sub-23 que completaram os quatro anos desse escalão, aprenderam muito mais em três ou quatro meses do que tinham aprendido em quatro anos.

“A maioria das provas em Portugal são adequadas para os jovens sub-23, porque corremos com as equipas de clube e não têm uma quilometragem excessiva. Há também o trabalho de gestão por parte do director em salvaguardar os mais jovens, pelos menos os de primeiro e de segundo ano, para não correrem algum tipo de provas, como por exemplo a Volta ao Algarve, para a qual não levei nenhum corredor nessas condições, pois não é uma prova adequada a um corredor com pouca experiência.

“Poder fazer essa gestão, salvaguardando algum tipo de provas, é a razão pela qual queremos ter uma equipa mais alargada para o próximo ano, a fim de não sobrecarregar os mais jovens e integrá-los pouco a pouco no profissionalismo.”


Hugo Andrade, filho de Joaquim Andrade, integra as escolas de ciclismo do Feirense (Foto: Helena Dias)

Os escalões de formação Vito-Feirense-Blackjack no Encontro Nacional de Escolas (Foto: Helena Dias)

Vito-Feirense-Blackjack no Encontro Nacional de Escolas, em Almeirim (Foto: Helena Dias) 

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