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João Santos: «Tem sido uma caminhada progressiva»


Ciclista no Sport Ciclismo S. João de Ver, o sub-23 João Santos é um dos promissores atletas da equipa Moreira Congelados-Feira-Bicicletas Andrade. O olhar clínico e experiente do director desportivo Joaquim Andrade viu neste jovem de 21 anos qualidades e capacidades para singrar na vertente de Estrada, tendo-se iniciado no ciclismo na vertente de BTT. A confirmação chegou recentemente na Volta às Terras de Santa Maria, onde terminou em 6º da geral, tendo alcançado na etapa inaugural o 3º lugar, 8º no contra-relógio individual e 2º na etapa final do Circuito do Castelo.

Numa entrevista em exclusivo ao Cycling & Thoughts, João Santos falou-nos entre outros temas da sua chegada à Estrada e da transição do BTT, a corrida que mais o marcou, ganhos e perdas do calendário Sub-23, objectivos para a temporada e perspectivas de futuro.



João Santos chegou ao Sport Ciclismo S. João de Ver, em 2015, pela mão do director desportivo Joaquim Andrade, a mesma mão que no ano anterior o levou para a equipa Maia, tendo visto no jovem corredor de BTT um talento promissor para a vertente de Estrada. Uma escolha acertada, que tem vindo a demonstrar uma franca evolução de temporada para temporada.

“Estou cá há três anos, tem sido uma caminhada progressiva. O Joaquim Andrade tem-me acompanhado de uma forma fantástica. O primeiro ano foi praticamente começar do zero nesta modalidade da Estrada, foi um ano para ganhar muita experiência e saber andar em pelotão. Já tinha estado na Maia no ano anterior a vir para esta equipa, mas corri pouco, estava a fazer mais BTT. Aqui no Sport Ciclismo S. João de Ver comecei aos poucos a ganhar toda a experiência e tem sido fantástico. Acho que a minha evolução tem-se notado, trabalho para isso e estou muito bem acompanhado.”

Na jovem carreira, a escolha entre Estrada vs BTT chegou com naturalidade, tal como a adaptação a dois estilos totalmente diferentes de competição.

“No início, foi uma adaptação um pouco estranha. Era muita velocidade, muito contacto entre os atletas. Enquanto o BTT é uma modalidade individual, onde fazemos o nosso esforço em solitário, na Estrada há toda uma abordagem à corrida muito diferente... as tácticas, o saber colocar no pelotão. Mas estou a gostar e sinto que foi uma boa opção vir para a Estrada. O ano passado fiz apenas duas corridas de BTT, o Campeonato Nacional e, a convite de um amigo, o Douro Bike Race, uma prova por etapas que nunca tinha feito e foi uma experiência muito boa.”

Na perspectiva de João Santos, a base iniciada no BTT pode trazer uma performance diferente em relação aos companheiros de pelotão iniciados na Estrada.

“Depende muito de atleta para atleta. O que se pode notar mais é na componente técnica. Tenho um bom à vontade com a bicicleta, a descer e a curvar, e penso que isso vem do BTT, que ajuda a saber manusear a bicicleta.”

Entre as provas já disputadas na Estrada, houve uma que o marcou entre as demais.

“Boa pergunta… talvez a Volta ao Alentejo, que é uma corrida com muita quilometragem e com grandes equipas estrangeiras. É uma corrida muito competitiva a nível de pelotão, mas na qual os Sub-23 conseguem integrar-se bem.”

Precisamente uma das corridas que mais marca os jovens corredores desapareceu do seu calendário, dado a Volta ao Alentejo ter subido de escalão em 2017 e não sendo assim permitida a presença das equipas de clube.

“Comentei várias vezes que tive pena que não pudéssemos correr a Volta ao Alentejo. Como disse anteriormente, é uma corrida que no início do ano dá uma rodagem excelente, que em treino temos de nos esforçar muito mais e é muito mais maçador fazer isso. Ali, era uma corrida que no início do ano dava logo uma boa base para o resto da época.”

Este ano, além da perda da Alentejana, o pelotão Sub-23 perdeu também a Taça de Portugal exclusiva ao seu escalão, tendo de corrê-la juntamente com os Elites. De ano para ano, o ciclismo de formação ganha provas, que vê perder no ano seguinte.

“Tem havido essas oscilações de calendário e este ano tivemos uma discrepância muito grande logo no início, em que tivemos a segunda corrida passado um mês de disputar a primeira. Esse tempo todo sem competir, e comparando com os profissionais que tiveram corridas, faz-se notar de forma mesmo brutal de andamento para andamento. Claro, nós Sub-23 não temos aquela bagagem que um atleta profissional tem, aquele suporte, e notámos muita diferença. E lá está, com o término da Taça de Sub-23, ainda mais. Faz falta.”

O ano competitivo começou com a Prova de Abertura – Região de Aveiro, que foi ganha precisamente por um jovem Sub-23 diante dos ciclistas profissionais do pelotão nacional, Francisco Campos (Miranda-Mortágua). Uma vitória que guarda em si um significado especial para os jovens em formação.

“Até foi o Francisco, que já esteve aqui na casa, nosso companheiro de equipa o ano passado. E sim, nós reparámos que afinal há sempre ali alguma chance de competir de igual para igual. Isso dá-nos mais vontade de treinar, de competir, porque não podemos vê-los [aos profissionais] como uns ‘bichos-papões’ e é sempre bom.”

Com a época iniciada, os objectivos são concretos para este ano.

“Vou sempre pelos objectivos da equipa, os objectivos que o Joaquim Andrade nos orienta. Mas quanto a objectivos individuais, quero fazer uma época sempre regular, sem apontar picos de forma para não haver grandes oscilações a nível de resultados e para no futuro poder abrir oportunidades. Quem sabe para uma equipa profissional.”

Finalizados os estudos, o futuro no ciclismo é algo que está no horizonte de João Santos.

“Terminei o meu curso de Desporto e Lazer, no Instituto Politécnico de Viana do Castelo, e este ano estou só concentrado no ciclismo. Para o ano logo se vê, se aparecerem oportunidades é uma questão de avaliar. Se for no ciclismo, agarro essa oportunidade com toda a força.”



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