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André Cardoso, de Portugal para o Mundo

Não é fácil ser ciclista, muito menos ciclista profissional. Se falamos em começar a carreira em Portugal ainda maior se torna a dificuldade de chegar ao patamar do profissionalismo, manter-se na estrada e evoluir para o pelotão internacional. O gondomarense André Cardoso conseguiu tudo isso e chegar ao topo do ciclismo mundial, mantendo-se no WorldTour pelo terceiro ano consecutivo em 2016.

André Cardoso, de 31 anos, tem construído uma carreira em constante crescendo. Um ciclista que nunca desiste dos seus objectivos, fazendo o trabalho de gregário com tal mestria, que se assemelha a um líder vencendo na meta. O percurso profissional começou em Paredes (2006-2008), seguindo-se Tavira (2009-2011), saltando posteriormente para o pelotão internacional pela Pro Continental espanhola Caja Rural (2012-2013) e evoluindo para o WorldTour na norte-americana Garmin-Sharp (2014), actualmente denominada Cannondale-Garmin (2015). Em 2016 continuará na mesma esquadra, onde tem ganho o reconhecimento dos companheiros de equipa e do director Jonathan Vaughters, sobressaindo nas mais duras batalhas pela extraordinária performance aliada ao excepcional trabalho de gregário, como tão bem se evidenciou no Giro d’Itália sob a liderança de Ryder Hesjedal numa actuação inesquecível, que repetiu na Vuelta a España sob a liderança de Andrew Talansky.


Portugal é um pequeno país no mapa do mundo e do ciclismo, mas grande em talentos das duas rodas, não fossemos nós donos de um campeão do mundo como Rui Costa ou de um ícone internacional como foi Joaquim Agostinho. Apesar da dimensão do país e dos avanços e retrocessos verificados neste desporto, a realidade dá-nos a imagem de atletas com uma enorme capacidade de se construírem e reconstruírem enquanto ciclistas, derrubando a barreira da escassez de lugares no pelotão nacional, agarrando com todas as forças a oportunidade de mostrar no escalão de formação as naturais aptidões para alcançar a sonhada entrada numa equipa profissional. Aí chegados, manter-se em competição assegurando ano após ano um lugar no pelotão mostra-se uma árdua tarefa, dado o número reduzido de equipas que o país oferece, embora hoje em dia contemos com seis esquadras continentais. O cumprir objectivos, alcançar bons resultados e sobressair no grupo de corredores tornam-se tarefas cruciais para a permanência na estrada.

André Cardoso reuniu todas estas condições no pelotão nacional, destacando-se no último ano de formação com a vitória da Volta a Portugal do Futuro de 2005, pela equipa do Sport Ciclismo S. João de Ver, e atingindo o ponto máximo enquanto profissional em 2011 ao marcar uma brilhante temporada com a vitória na 10ª etapa da Volta a Portugal, na mítica chegada à Torre, ano em que ficou em 2º na geral e a vitória pertenceu ao companheiro de equipa Ricardo Mestre, somando ainda esse ano um 10º lugar no Tour de Bulgaria.

O interesse internacional não se fez esperar e em Espanha abriram-se as portas da Caja Rural, onde ao longo de dois anos cimentou sem lugar para dúvidas o valor humano e desportivo, que lhe são característicos e que o fizeram voar para a Cannondale-Garmin do WorldTour. Quem conhece André Cardoso evidencia o carácter, simpatia e honestidade com que encara a vida e o ciclismo, desporto no qual se assinala a demarcada forma de se entregar ao trabalho, aos treinos e às exigências da competição. Nestes quatro anos de presença no pelotão internacional tem mantido a performance ao mais alto nível, seja qual for o seu papel na equipa, notabilizando o seu palmarés com destacáveis resultados, entre eles as seis participações nas grandes voltas sempre finalizando no Top 25 da geral, mais precisamente duas presenças no Giro d’Itália [2014 CG20º, 2015 CG21º] e quatro na Vuelta a España [2012 CG21º, 2013 CG16º, 2014 CG25º, 2015 CG18º].

À imagem da elevada qualidade de escalador, André Cardoso tem escalado os degraus do ciclismo com firmeza e atitude ganhadora, esperando-se uma forte temporada de 2016 com passagem pela portuguesa Volta ao Algarve, onde se estreou há dez anos com um 9º lugar em 2006.

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