Em Março
deste ano, o site Cycling Weekly publicou um artigo sobre os 25 ciclistas com mais estilo de todos os tempos. Tema subjectivo e ao gosto de cada um,
o estilo de cada corredor pode ser apreciado de diversos ângulos, seja pela
parte estética ou pela forma como agrada o seu movimento e posição na
bicicleta. Tecnicamente, o estilo adoptado na forma de pedalar pode
reflectir-se numa melhor ou pior performance em competição.
Entre os
nomes referidos no artigo, da actualidade saltou-nos à vista o inevitável
Marcel Kittel, alemão que parece ter sido esculpido ao pormenor por um escultor,
além de se mostrar sempre preparado para fazer qualquer anúncio a produtos de
cabelo, já que o seu faz inveja a qualquer pessoa. Soma ainda uma elegância no
sprint, que poucos velocistas conseguem igualar.
Também
referidos, o belga Tom Boonen e o suíço Fabian Cancellara podem agradar pela
sua destreza no pavé, mas a nosso ver
será difícil igualar a atraente pedalada do espanhol Juan Antonio Flecha no
golpear das duras pedras das clássicas do ciclismo mundial. O seu ‘salero’
natural e forma de deslizar por este empedrado jamais nos farão esquecer as suas memoráveis incursões pela rainha das clássicas Paris-Roubaix. Embora nunca tenha ganho nenhuma clássica, Flecha marcou
pela forma como as abordava e entregava a cada quilómetro superado,
conquistando pódios na Paris-Roubaix (3º em 2005, 2º em 2007, 3º em 2010) e no
Tour de Flandres (3º em 2008), entre outros tantos Top 10.
Na nossa
modesta opinião, para além de Flecha mais três nomes são de somar a esta lista
e por diferentes motivos. Presença obrigatória, o espanhol Alberto Contador e a
sua inconfundível elegância a escalar as mais duras e míticas montanhas de Alpe d’Huez,
Mont Ventoux, Galibier, Zoncolan, Etna, Lagos de Covadonga e outras mais. Vencedor
da Tripla Coroa –Giro, Tour, Vuelta–, transforma cada escalada em perfeitos
recitais de ciclismo, derrubando os mais impressionantes muros maioritariamente
de pé na bicicleta, como se caminhasse por suaves caminhos, e fazendo das
rampas a sua casa, como na inesquecível etapa da Tirreno-Adriático de 2014 e a
ascensão do Muro Di Guardiagrele. Soma ainda o extra de se ter tornado um
exemplo de superação para muitos, sendo sem qualquer dúvida um dos maiores
fenómenos que o ciclismo mundial já conheceu.
O belga
Philippe Gilbert convence-nos pelo seu estilo ganhador. A forma como esmagou as
clássicas das Ardenas fazendo o pleno em 2011 é uma
imagem portentosa, seguida pela ainda mais marcante conquista da camisola de campeão do
mundo em 2012. Vencedor de etapas nas três grandes voltas –Giro, Tour, Vuelta–,
é dono de um sorriso cativante.
Para
finalizar, o ar distintamente britânico e elegante de Sir Bradley Wiggins não
passa despercebido. Mais do que impressionar na estrada, o vencedor do Tour de
France 2012 arrasa na pista. A graciosidade com que pisa os pedais e desliza as
rodas na pista leva sempre o velódromo ao rubro. Com esta mesma graciosidade
transforma homem e máquina num só, levando à perfeição a posição adoptada na
bela disciplina do contra-relógio, que lhe valeu em Ponferrada o título de
campeão do mundo em 2014 e anteriormente em 2012 o título olímpico em Londres. Como
se isso não bastasse, ofereceu-nos 60 minutos de inesquecível espectáculo em
Junho deste ano, batendo o recorde da hora UCI em 54,526 km, em pleno Velódromo
londrino de Lee Valley.
Sir Bradley Wiggins, Velódromo de Lee Valley (© Graham Watson) |
Excelente visão sobre os ciclistas.É de realçar o modo e a sensibilidade como aborda os temas.E para escrever assim é realmente amar mesmo a modalidade.Parabéns por tudo isso.
ResponderEliminarNa minha opinião acho que era obrigatório ter feito referência ao Mário Cipollini e ao Sagan, que para mim é a estaleca em pessoa. Mas claro, é apenas a minha opinião.
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