O pelotão
nacional guarda valores de todas as idades. A experiência é sinónimo de talento
e sabedoria na colorida serpente lusa e César Fonte é disso a imagem perfeita. A
10 de Dezembro cumprirá 29 anos, mostrando-se pelo segundo ano consecutivo um elemento fundamental na construção dos bons resultados alcançados pela equipa Rádio Popular-Boavista.
No balanço que
faz da temporada, César Fonte classifica-a de “Positiva, mas não excelente como
desejava. Realizei uma época muito regular, é algo que faz parte de mim. Tive
muitos resultados bons, mas vitórias não e no final de época isso é o mais
importante. Tentei entrar forte desde o início para depois descansar um pouco a
pensar na Volta a Portugal. No meu primeiro pico de forma tive um bom
desempenho em corridas internacionais, contudo alguns contratempos impediram-me
de chegar mais rápido à forma que desejava. Fiz uma aposta clara em corridas
internacionais e claro que é mais difícil ganhar, mas pessoalmente não me
arrependo de o ter feito. Depois levantei um pouco o pé, não o desejado mas o
possível para começar a trabalhar a pensar na Volta, onde tive boas pernas mas
não o demonstrei em resultados. Sinto-me triste com isso. Apesar de tudo, esta
Volta deixou-me mais claro que não posso querer tudo. Tenho de saber gerir o
meu corpo se realmente quero estar no meu melhor na Grandíssima.”
Nas corridas internacionais, César Fonte não deixou escapar a oportunidade de
mostrar um brilhante desempenho rivalizando com equipas WorldTour e obtendo interessantes resultados na Klasika Primavera
de Amorebieta (5º) e na Vuelta a La Rioja (13º). “Já conhecia estas competições de
anos anteriores, estava em boa condição física e tentei aproveitar ao máximo. É
difícil estar na discussão com as melhores equipas, mas não impossível. Quanto
mais corremos com os melhores mais confiantes e fortes ficamos, depois acaba
por ser normal os resultados aparecerem. Infelizmente, é pena num
país como o nosso forte em atletas não haver uma equipa pro-continental.”
Já
dentro-fronteiras terminou inúmeras provas entre os 10 primeiros, repetindo a
regularidade que lhe é conhecida de anos anteriores e quase garantindo a revalidação
do título ganho na Taça de Portugal em 2014. “No início da época nem me
passava pela cabeça voltar a estar na discussão da Taça de Portugal. É uma
competição que exige ao atleta estar bem durante muito tempo ao longo do ano.
Claro que depois de vencer o Memorial Bruno Neves estava na luta e lutei até ao
fim. Acabou por saber a pouco o 2º lugar, visto que nas duas últimas
competições demonstrei estar mais forte. Por outro lado, o Diego Rubio teve uma
equipa muito forte a seu lado e foi-me impossível superá-lo. Na verdade, a Taça
de Portugal assenta perfeitamente nas minhas características e de futuro
voltarei a estar na luta.” Finalizou no Top 10 em quatro das cinco provas pontuáveis, vencendo o Memorial Bruno Neves e sendo 2º na Volta a Albergaria, 6º no
Grande Prémio Anicolor e 10º no Grande Prémio Mortágua.
Nas demais provas
do calendário nacional, César Fonte conquistou a camisola da montanha no Grande
Prémio Liberty Seguros e agarrou o 2º lugar na Clássica de Loulé, 5º no Grande
Prémio Beira Baixa, 6º no Grande Prémio JN e 8º na Clássica da Primavera. Nos
Circuitos de final de temporada somou ainda o 3º lugar no Circuito Ribeiro da
Silva, 4º em S. Bernardo e 4º em Nafarros.
Entre
objectivos cumpridos e não cumpridos, afirma: “A nível de corridas
internacionais, estive mais perto de cumprir os objectivos. Em alguns casos
atingi mesmo o que desejava. Em termos de objectivos não cumpridos, nunca
escondi que queria voltar a ganhar uma etapa na Volta a Portugal e não consegui,
queria revalidar o título no Grande Prémio JN e também não foi possível.”
“Realizei boas corridas
durante todo ano. Aquelas que ficam mais gravadas na memória são sempre as que
atingimos melhores resultados. Por exemplo, a Clássica Internacional de Loulé,
que acabei em 2º depois de ter caído logo no início, levantei-me todo dorido e
ainda consegui estar na discussão da corrida. Ao longo do ano fui tendo estes
contratempos, muitas vezes conseguindo superar e noutros casos infelizmente não.
Na Klasika Primavera de Amorebieta, que acabo em 5º, podia muito bem ter feito
pódio não tivesse arrancado a 500 metros no sprint. São aqueles pormenores e
erros que ao mais alto nível não podemos cometer. Por outro lado, fazer 5º numa
clássica internacional é muito bom. No Memorial Bruno Neves consegui vencer
pelo segundo ano consecutivo, é uma corrida que tem uma chegada perfeita para
mim. Na Volta a Portugal não consegui atingir o que me propunha. Terminei sete etapas
nos 16 primeiros… não é mau, mas a mim não me diz nada. Preferia vencer uma
etapa e ficar entre os últimos nos outros dias.”
Sobre a
continuidade na equipa boavisteira, César Fonte avança: “Sinto-me em casa, não sou
ciclista de mudar muito e na Rádio Popular-Boavista fui bem recebido desde o
primeiro dia. Neste segundo ano tudo continuou igual, o que acho perfeito. Os
laços familiares com a gente da casa cresceram e, como tal, não tenho razão
para mudar. A equipa dá-me as condições possíveis, apresenta um calendário
internacional bastante bom e estão contentes com o meu trabalho. Por isso,
esta ligação César Fonte e Rádio Popular-Boavista é para continuar em 2016.”
Rádio Popular-Boavista, 2ª equipa classificada na Volta a Portugal (© Helena Dias) |
Nunca será demais elogiar a forma o cuidado e a persistência no acompanhamento dos ciclistas dando-lhes visibilidade e proporcionando aos que gostam da modalidade conhecer os seus percursos
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