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Rafael Silva: “Estava na altura de aceitar outro desafio”

Dizem que a vida é feita de ciclos de sete anos, surgindo mudanças ao final de cada um desses ciclos. Ao fim de sete épocas com a Efapel, Rafael Silva mudou de ares para ingressar em 2021 na equipa Antarte-Feirense. Curiosamente, o corredor de 30 anos volta a estar ao lado de um dos patrocinadores com quem abriu o profissionalismo em 2013, a empresa Antarte, de Mário Rocha.
 
Rafael Silva

O Cycling & Thoughts acompanha a carreira de Rafael Silva desde os anos de formação e, sendo este um momento importante no seu percurso, quisemos ouvir o corredor natural de Vila Nova de Gaia sobre este ponto de viragem na carreira.
 
C&T: Que memórias trazes dos sete anos vividos com a Efapel?
 
RS: “Foram sete anos de muitas  boas histórias, aprendizagens, conquistas e derrotas, mas em que me sentia numa família. Entrei jovem e saí experiente, preparado para um novo passo na carreira e para um novo rumo. Vou ter saudades e espero que tenham saudades minhas.”
 
C&T: Como surgiu a oportunidade de ingressar na equipa Antarte-Feirense?
 
RS: “Achei que estava na altura de aceitar outro desafio, outras responsabilidades e outras motivações. O facto de trabalhar com um director desportivo tão experiente como o Joaquim Andrade, creio que será bom tanto para mim como para a equipa.”
 
C&T: Marcada pelo surgimento da pandemia, como lidaste na época transacta com os avanços e recuos na realização de provas em Portugal?
 
RS: “Tenho de admitir que o ano passado foi um grande choque tudo o que aconteceu. Foi tudo uma novidade e ninguém sabia o que nos esperava, tanto pessoal como profissionalmente. No entanto, sempre tivemos a esperança que algumas corridas se iriam realizar tal como aconteceu.”
 
C&T: Apesar da escassez de competição no país, tiveste oportunidade de correr algumas provas no estrangeiro, nomeadamente a Volta a Colômbia. Como foi essa experiência?
 
RS: “Felizmente corri em Espanha pela equipa, o Campeonato da Europa com a Selecção, que me deu um enorme orgulho, e na Colômbia. Costumo dizer que todos os ciclistas deviam correr na Colômbia, pelo menos uma vez na vida, para sentirem o prazer do que é ser admirado e acarinhado pelas pessoas de lá. O amor que têm pela modalidade é, de facto, uma coisa que não estávamos habituados.”
 
C&T: A abertura da presente época também tem sido afectada pela situação pandémica. Como é que um ciclista profissional mantém a motivação diária para manter a forma sem ter como certa a realização de provas?
 
RS: “Um ciclista por si só não é apenas forte fisicamente, mas também psicologicamente. Creio que essa é a chave para qualquer um de nós sair para treinar todos os dias na esperança que a primeira competição esteja o mais próximo possível.”
 
C&T: Qual a tua opinião sobre o que se tem feito em prol da realização de competições em Portugal?
 
RS: “Falando do ano passado, creio que a Federação [Portuguesa de Ciclismo] teve um papel-chave para a realização dos Campeonatos Nacionais e da Volta a Portugal, por isso, estou em crer que este ano tudo fará para que também possamos fazer aquilo que mais gostamos.”
 
C&T: Tens falado com companheiros do pelotão, como está a situação geral dos corredores? 
 
RS: “Em conversas que vamos tendo, a opinião é um pouco idêntica entre todos. Somos os que menos culpa tem nesta situação, mas talvez os que mais levamos por tabela, porque no fundo nós queremos competir, dignificar a nossa equipa e patrocinadores e, por enquanto, ainda não tivemos essa possibilidade.”
 
C&T: Qual o calendário de corridas e objectivos para 2021?
 
RS: “Primeiro temos de ver que calendário real teremos este ano, mas o objectivo passa por estar na disputa das corridas que o Andrade assim entenda e ajudar a Antarte-Feirense a subir para o nível que lhe é desejado.”
 
C&T: Como vês este momento de sucesso vivido pelos ciclistas lusos no estrangeiro?
 
RS: “Portugal sempre teve grande qualidade no passado, talvez um pouco menos reconhecido, mas de facto esta nova geração vem em força e com grande qualidade. Para todos nós portugueses é um orgulho ver todas estas conquistas.”

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