Avançar para o conteúdo principal

Pedro Andrade: “Gostava muito de ganhar a minha primeira corrida pela equipa”

O português Pedro Andrade encontra-se a correr pelo segundo ano consecutivo na Hagens Berman Axeon, equipa continental norte-americana dirigida por Axel Merckx. Nascido numa família de ciclistas, o jovem de 20 anos seguiu as pedaladas do pai Joaquim Andrade, um dos melhores corredores do pelotão nacional e actual director desportivo da equipa continental Antarte-Feirense, e também do avô Joaquim Andrade, vencedor da Volta a Portugal de 1969.
 
Pedro Andrade no Paris-Tours Espoir 2020 (© Audrey Duval)

Pedro Andrade é um atleta polivalente, tendo iniciado a sua formação desportiva no Clube Desportivo Feirense, onde praticou andebol, futebol e, por último, ciclismo. A paixão por esta última modalidade foi crescendo à medida que pedalava com o avô, ia vendo as corridas do pai e assistia à Volta a Portugal na televisão.
 
A data de 14 de Junho de 2009 ficará para sempre marcada como o dia em que fez a sua primeira corrida de ciclismo e venceu, no escalão de iniciados. Dez anos depois, em 2019, conquistou a primeira vitória entre os corredores profissionais, a quarta etapa do Grande Prémio Abimota, com apenas 19 anos, fechando a época a ser distinguido como ‘Atleta do Ano do Ciclismo’ na XVIII Gala do Clube Desportivo Feirense.
 
Pedro Andrade prepara-se agora para viver a segunda época na Hagens Berman Axeon, depois de um primeiro ano bastante comprometido pela pandemia, que afectou consideravelmente a realização de competições por todo o mundo.

O jovem falou com o Cycling & Thoughts:
 
C&T: A época de 2020 marcou a entrada no pelotão internacional através da Hagens Berman Axeon. Como foi viver esse primeiro ano internacional em tempos de pandemia?
 
PA: “A minha ida para a Axeon foi um sonho tornado realidade. O estágio realizado em Janeiro ainda foi vivido de uma forma normal, até que a pandemia apareceu cerca de uma semana antes da primeira competição. Claro que foi triste, pois só viria a competir em Agosto. No entanto, nunca desanimei. Continuei a treinar da mesma forma e com a mesma motivação, pois sabia que as oportunidades iriam surgir.”
 
C&T: Fizeste duas corridas com a equipa, o Tour de l’Ain e o Paris-Tours Espoir. Que memórias trouxeste dessas provas?
 
PA: “Foram duas corridas completamente diferentes. O Tour de l'Ain foi, sem dúvida, a corrida mais difícil que fiz até agora, tanto em termos de dureza dos percursos como do ritmo a que eram percorridos. Foi também a oportunidade de competir com praticamente os ciclistas que participaram no Tour de France, pelo que foi uma experiência muito positiva e bom para o futuro. Já o Paris-Tours Espoir foi uma corrida onde competimos para ganhar. Ficou também marcado pela experiência nos sectores de 'sterrato', onde me senti bastante bem e gostava de lá voltar este ano.”
 
C&T: Em finais de Setembro estava tudo preparado para correr a Volta a Portugal com a Selecção Nacional, quando um teste positivo à covid-19 num dos elementos da equipa deitou por terra essa oportunidade. Como lidaste com esse momento?
 
PA: “Estava há cerca de dois meses a preparar a Volta a Portugal, quando soubemos que não íamos poder participar e foi uma desilusão para todos nós. Mas, mais uma vez, não desanimei e voltei a acreditar que as oportunidades voltariam.”
 
C&T: Sentes que a progressão enquanto ciclista pode estar a ser afectada, devido à escassez de competições?
 
PA: “Obviamente que é negativo, mas não o sinto, pois a pandemia afecta a todos e estamos todos em igualdade. O que mais quero é que a pandemia possa passar e que as competições voltem com a regularidade de antes.”
 
C&T: Este tema é falado entre os companheiros de pelotão/treino/equipa? Como estão os jovens ciclistas a gerir a situação?
 
PA: “Sim [é falado]. Penso que os jovens ciclistas acabaram por adaptar-se a esta nova situação de incerteza e continuam a trabalhar bem. Vejo todos focados e a treinar para o início das competições.”
 
C&T: Qual o calendário de corridas e objectivos para 2021?
 
PA: “O calendário está a ser preparado pela equipa, vamos começar a competir em Abril. Quanto aos objectivos, é cumprir os da equipa e pessoalmente gostava muito de ganhar a minha primeira corrida pela equipa.”
 
C&T:  Hagens Berman Axeon fará agora em Março uma concentração na Europa. Como serão esses dias?
 
PA: “Vai ser muito bom estar novamente com a equipa. Irei conhecer os novos colegas e vamos treinar bem em conjunto para começar a época da melhor forma.”
 
 
Pedro Andrade (© Audrey Duval)

 -------ENGLISH VERSION-------
 
Pedro Andrade: “I would love to win my first race for the team”
 
The Portuguese Pedro Andrade is riding for the second consecutive year in Hagens Berman Axeon, the American continental team led by Axel Merckx. Born in a family of cyclists, the 20-year-old rider followed in the footsteps of his father Joaquim Andrade, one of the best riders in the Portuguese peloton and current sports director for the Antarte-Feirense continental team, and also of his grandfather Joaquim Andrade, winner of the Volta a Portugal in 1969.
 
Pedro Andrade is a versatile athlete, having started his sports training at the Clube Desportivo Feirense, where he practiced handball, football and, finally, cycling. The passion for this last sport grew as he rode with his grandfather, watched his father's races and watched the Volta a Portugal on television.
 
The date of June 14, 2009 will be forever remembered as the day on which he made his first cycling race and won it. Ten years later, in 2019, he won the first race among the professional riders, the fourth stage of the Grande Prémio Abimota, with just 19 years old, closing the season to be distinguished as the 'Athlete of the Year for Cycling' at the XVIII Gala of the Clube Desportivo Feirense.
 
He is now preparing to live the second season at the Hagens Berman Axeon squad, after a first year quite compromised by the pandemic, which has considerably affected the competitions all around the world.

Pedro Andrade spoke with Cycling & Thoughts:
 
C&T: The 2020 season marked the entry into the international peloton with Hagens Berman Axeon. What was it like to live that first international year in times of pandemic?
 
PA: “Going to Axeon was a dream come true. The training camp carried out in January was still lived in a normal way, until the pandemic appeared about a week before the first competition. Of course it was sad, as I would only compete in August. However, I never got discouraged. I continued to train in the same way and with the same motivation, because I knew that the opportunities would arise.”
 
C&T: You did two races with the team, the Tour de l’Ain and the Paris-Tours Espoir. What memories did you bring from those races?
 
PA: “It was two completely different races. The Tour de l'Ain was, without a doubt, the most difficult race I have done so far, both in terms of the hardness of the courses and the pace at which they were raced. It was also an opportunity to compete with practically the cyclists who participated in the Tour de France, so it was a very positive and good experience for the future. Paris-Tours Espoir was a race where we raced to win. It was also marked by the experience in the 'sterrato' sectors, where I felt quite good and I would love to return there this year.”
 
C&T: At the end of September, everything was prepared to ride the Volta a Portugal with the National Team, when a positive test of covid-19 in one of the team members threw that opportunity to the ground. How did you deal with that moment?
 
PA: “I had been preparing the Volta a Portugal for about two months, when we learned that we were not going to be able to participate and it was a disappointment for all of us. But, once again, I didn't get discouraged and I started to believe that the opportunities would come back again.”
 
C&T: Do you feel that your progression as a cyclist may be being affected, due to the lack of competitions?
 
PA: “Obviously it is negative, but I don't feel it, because the pandemic affects everyone and we are all on an equal footing. What I want most is for the pandemic to pass and for the competitions to return as regularly as before.”
 
C&T: Is this topic spoken among the peloton or teammates? How are young cyclists managing the situation?
 
PA: “Yes [it is spoken]. I think that young cyclists have ended up adapting to this new situation of uncertainty and continue to work well. I see everyone focused and training for the start of competitions.”
 
C&T: What is your race calendar and goals for 2021?
 
PA: “The calendar is being prepared by the team, we are going to start competing in April. As for the objectives, it is to meet those of the team and personally I would love to win my first race for the team.”
 
C&T: Hagens Berman Axeon will do a training camp in Europe now in March. What will these days be like?
 
PA: “It will be great to be with the team again. I will meet new teammates and we will train well together to start the season in the best way.”

Comentários

Artigos Mais Lidos

Apresentação Liberty Seguros/Feira/KTM 2014

Esta quinta-feira, a Biblioteca Municipal de Sta. Maria da Feira recebeu a apresentação do 6º GP Liberty Seguros/Volta às Terras de Sta. Maria e das equipas de formação Liberty Seguros/Feira/KTM do Sport Ciclismo S. João de Ver. Entre as personalidades presentes destacaram-se os patrocinadores das equipas, nomeadamente a Liberty Seguros, a KTM e a Câmara Municipal de Sta. Maria da Feira. Também não faltaram antigos corredores da casa, actualmente a pedalar no pelotão profissional nacional, entre outros o campeão nacional Joni Brandão, César Fonte, Edgar Pinto, Frederico Figueiredo, Mário Costa, Rafael Silva e o internacional André Cardoso. Nem o campeão do mundo Rui Costa faltou à chamada de um dos directores desportivos mais acarinhados no país, Manuel Correia, deixando em vídeo uma mensagem sentida de agradecimento pelo seu percurso e aprendizagem no clube. Precisamente de Manuel Correia surgiu o momento mais marcante da cerimónia, aquando do seu anúncio de fim de ciclo

Os velódromos de Portugal

Velódromo de Palhavã (© Arquivo Municipal de Lisboa) Em Portugal, o ciclismo já foi considerado o desporto da moda entre as elites. Para chegarmos a esse momento da história, temos de recuar ao tempo da monarquia, até finais do século XIX, para encontrar o primeiro velódromo em território nacional, o Velódromo do Clube de Caçadores do Porto , na Quinta de Salgueiros, não sendo a sua data totalmente precisa, já que a informação a seu respeito é muito escassa. Em alguns relatos, a sua inauguração data de 1883, enquanto noutros data de 1893.

Entrevista a Isabel Fernandes: “África leva-nos a colocar em causa as nossas prioridades de Primeiro Mundo”

O ciclismo apareceu na vida profissional de Isabel Fernandes em 1987 para não mais sair. De comissária estagiária em 1989, chegou ao patamar de comissária internacional dez anos depois, realizando diversas funções na modalidade ao longo dos anos, nomeadamente intérprete e relações públicas de equipas, membro da APCP (Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais) e da organização de várias provas como os Campeonatos da Europa e do Mundo, em Lisboa.