Avançar para o conteúdo principal

João Dinis: “Vou mergulhar num ciclismo completamente diferente”

Em 2018, João Dinis é um dos cinco rostos juniores a ascender ao pelotão continental pela equipa Liberty Seguros-Carglass. Natural de Vila Nova de Famalicão, o jovem de 18 anos, estudante de Direito na Universidade do Porto, prepara-se para dividir a estrada com os profissionais, deixando para trás três épocas de grande progresso no escalão de formação.

João Dinis na vitória da segunda etapa do Grande Prémio do Minho (© Rui Jorge)

Nas vertentes de estrada e de pista, João Dinis sobressaiu no panorama português como um dos melhores ciclistas juniores do pelotão, recebendo diversas distinções nos últimos três anos e tendo lugar na Selecção Nacional. Entre as distinções recebidas destaca-se “Atleta Revelação”, na Gala do Desporto de Vila Nova de Famalicão, e “Mérito Desportivo”, pela Associação de Ciclismo da Beira Litoral, ambas pelo título de campeão nacional de pista de 2016.

Depois de integrar em 2015, ainda em cadete, o Clube de Ciclismo da Bairrada nas vertentes de pista e de ciclocrosse, disputando as provas de estrada pelo Centro Ciclista de Avidos, em júnior passou a vestir em pleno as cores da Bairrada em 2016. O presente ano de 2017 foi vivido no seio da equipa de formação da RP-Boavista.

Com o Boavista cumpriu uma época memorável, sagrando-se campeão nacional de pista, na exigente disciplina olímpica de omnium, além de diversas vitórias em estrada. O número dois converteu-se no seu talismã, saindo vencedor da segunda etapa nas três principais provas do escalão júnior: Volta a Portugal de Juniores, Grande Prémio do Minho e Volta ao Concelho de Loulé, onde vestiu a camisola amarela no penúltimo dia.

Na próxima época, João Dinis entra para o plantel da Liberty Seguros-Carglass, sob a direcção desportiva de Manuel Correia, equipa que será uma das três integrantes da nova categoria continental sub-25 do pelotão nacional.

Cycling & Thoughts: Como te caracterizas enquanto ciclista?

João Dinis: Considero-me um ciclista de explosão. Penso que tenho uma boa ponta final e é nos metros finais que consigo fazer a diferença. Porém, este ano revelei bons indícios nas subidas mais curtas.

C&T: Como chegaste ao ciclismo?

JD: Cheguei ao ciclismo através do meu pai. Lembro-me de o ver chegar a casa após fazer BTT, no final das manhãs domingueiras. Apesar de ele não ser um atleta profissional, vê-lo assim fascinava-me e lembro-me do quanto queria partilhar os trilhos com ele. Em 2011, surgiu a oportunidade de fazer algumas provas de XCO [cross country olímpico], enquanto infantil, pela extinta Escola Famalicão BTT. Lembro-me de nas primeiras provas chegar nos últimos lugares, mas com o passar dos meses fui ganhando pedalada e ainda fiz um ou outro pódio. Cheguei ao ciclismo de Estrada em 2012 e desde o momento que agarrei a aventura não a larguei mais.

C&T: Praticaste outro desporto anteriormente?

JD: Sim, antes de iniciar as minhas pedaladas no ciclismo passei pelo futebol, natação e karaté. Nenhum fez emergir a adrenalina e emoção que o ciclismo me dá.

C&T: Como avalias esta última temporada no escalão júnior?

JD: A última temporada foi, sem dúvida, a melhor na minha carreira desportiva. Comecei da melhor forma, sagrando-me campeão nacional de pista na vertente de omnium. Aprendi muito com as pessoas certas, consegui realizar o sonho de representar o meu país na estrada por três ocasiões e, pelo segundo ano consecutivo, também representar a Selecção Nacional na pista. Este ano, fui quem ganhou mais provas e, desta forma, consegui deixar a minha marca nas três principais Voltas em Portugal: a Volta a Loulé, Volta a Portugal e Volta ao Minho.

C&T: De todos os momentos vividos no ciclismo, qual o que recordas com maior significado?

JD: Vários foram os momentos que me marcaram, mas o maior foi, sem dúvida, em 2015. Foi um fim-de-semana que me fez perceber que, afinal, poderia ter uma palavra a dizer no ciclismo e que o meu pequeno grande sonho poderia fazer sentido. Em 2015, enquanto cadete pelo Clube de Ciclismo da Bairrada, sagrei-me campeão nacional de scratch, velocidade e omnium. Foram dois dias memoráveis, apesar de doente consegui arrecadar os três títulos na pista. Esse feito fez-me perceber que poderia ter força para continuar a sonhar.

C&T: Em 2018 corres numa nova equipa. Que perspectivas tens para a nova época?

JD: Em 2018, representarei a Liberty Seguros-Carglass. Quero muito aprender com aqueles que julgo serem os melhores. Vou mergulhar num ciclismo completamente diferente daquele que estou habituado. Perspectivo uma época de muito trabalho, esforço e dedicação. Claro que gostava de poder usufruir de momentos de glória, mas preocupo-me mais em dar tudo pelas novas cores e retribuir a confiança depositada.

C&T: A possibilidade de correr a Volta ao Algarve e a Volta a Portugal suscita motivação ou pressão?

JD: A Volta ao Algarve e a Volta a Portugal são as provas mais prestigiosas no nosso país. Como tal, gostava muito de as poder fazer, mas não estou preocupado com isso no imediato. Se acontecer, irei dar o melhor de mim e aproveitar ao máximo a oportunidade, mas tenho tempo e estou tranquilo quanto a isso. Qualquer prova que faça enche-me de motivação, mas também me traz alguma pressão. Tenho sempre metas muito altas, mas penso que ainda tenho muito tempo para aprender e evoluir.

C&T: Qual a tua maior ambição no ciclismo?

JD: O ciclismo é a minha grande ambição. Tenho vindo a traçar o meu caminho devagar, mas penso que de forma consistente. Gostava muito de subir todos os degraus com sucesso, todos os dias trabalho para alimentar o meu sonho. Espero fazer disto a minha vida e por muito tempo.

Liberty Seguros-Carglass em 2018:
André Carvalho (Por 31/10/1997 Cipollini Iseo Serrature Rime)
André Crispim (Por 12/10/1996)
César Martingil (Por 10/01/1995)
Fábio Costa (Por 04/07/1999 CC Barcelos)
Filipe Rocha (Por 20/12/1997)
Gaspar Gonçalves (Por 24/05/1995)
João Dinis (Por 25/03/1999 RP-Boavista Formação)
João Torres Carneiro (Por 31/08/1999 RP-Boavista Formação)
Luís Pereira (Por 13/07/1998)
Pedro José Lopes (Por 27/01/1999 Alcobaça CC/Crédito Agrícola)
Pedro Miguel Lopes (Por 07/07/1999 Seissa)
Rafael Lourenço (Por 01/10/1997)
Venceslau Fernandes (Por 24/01/1996)


João Dinis galardoado com o prémio “Atleta Revelação”, na Gala do Desporto de Vila Nova de Famalicão (© foto gentilmente cedida pelo atleta)

Comentários

Artigos Mais Lidos

Apresentação Liberty Seguros/Feira/KTM 2014

Esta quinta-feira, a Biblioteca Municipal de Sta. Maria da Feira recebeu a apresentação do 6º GP Liberty Seguros/Volta às Terras de Sta. Maria e das equipas de formação Liberty Seguros/Feira/KTM do Sport Ciclismo S. João de Ver. Entre as personalidades presentes destacaram-se os patrocinadores das equipas, nomeadamente a Liberty Seguros, a KTM e a Câmara Municipal de Sta. Maria da Feira. Também não faltaram antigos corredores da casa, actualmente a pedalar no pelotão profissional nacional, entre outros o campeão nacional Joni Brandão, César Fonte, Edgar Pinto, Frederico Figueiredo, Mário Costa, Rafael Silva e o internacional André Cardoso. Nem o campeão do mundo Rui Costa faltou à chamada de um dos directores desportivos mais acarinhados no país, Manuel Correia, deixando em vídeo uma mensagem sentida de agradecimento pelo seu percurso e aprendizagem no clube. Precisamente de Manuel Correia surgiu o momento mais marcante da cerimónia, aquando do seu anúncio de fim de ciclo

#Giro100 no Eurosport

A 100ª edição do Giro d’Italia decorre entre os dias 5 e 28 de Maio, com transmissão alargada e personalizada no canal Eurosport , tendo como principais anfitriões da emissão portuguesa os conhecidos comentadores Luís Piçarra, Paulo Martins, Olivier Bonamici e Gonçalo Moreira. O Cycling & Thoughts esteve à fala com três dos comentadores para conhecer os pontos-chave da emissão, prognósticos do pódio e perspectivas da prestação lusitana na Corsa Rosa . No centenário do Giro d’Italia, o pelotão [ ver lista ] contará com três estreias lusitanas: o campeão nacional José Mendes (BORA-hansgrohe), José Gonçalves (Katusha-Alpecin) e o campeão do mundo de 2013 Rui Costa (UAE Team Emirates).

Entrevista a Isabel Fernandes: “África leva-nos a colocar em causa as nossas prioridades de Primeiro Mundo”

O ciclismo apareceu na vida profissional de Isabel Fernandes em 1987 para não mais sair. De comissária estagiária em 1989, chegou ao patamar de comissária internacional dez anos depois, realizando diversas funções na modalidade ao longo dos anos, nomeadamente intérprete e relações públicas de equipas, membro da APCP (Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais) e da organização de várias provas como os Campeonatos da Europa e do Mundo, em Lisboa.