Tom Dumoulin (Team Sunweb) venceu a 100ª edição do Giro d’Italia,
tornando-se no primeiro ciclista holandês a alcançar esse feito na história do
ciclismo mundial. Na luta pela camisola rosa bateu os principais favoritos ao
primeiro lugar do pódio, o colombiano Nairo Quintana (Movistar Team) e o
italiano Vincenzo Nibali (Bahrain Merida), que terminaram em segundo e terceiro.
A primeira vitória de Dumoulin e da Sunweb num Grand Tour materializou-se por 31
segundos sobre Quintana e 40 segundos sobre Nibali, ambos vencedores de grandes
voltas, nomeadamente da Corsa Rosa.
Muitas questões se colocaram sobre a capacidade de Dumoulin
vencer o Giro. Especialista em contra-relógio, partiu com essa vantagem para a
edição que reuniu 69,1 km em duas etapas em contra-relógio. Menos forte na
montanha, essa vantagem recaía sobre Nibali e Quintana, especialistas nesse
terreno, enquanto Dumoulin tinha demonstrado há dois anos atrás que poderia ser
esta a sua debilidade no caminho até à maglia
rosa. Em 2015, perdera o maillot rojo
na etapa de montanha a duas jornadas do fim da Vuelta a España (CG 6º).
Com 26 anos e convincentemente mais maduro na bicicleta,
Dumoulin correu este Giro semeando dia-a-dia os argumentos necessários para
sair vencedor no final das três semanas, 21 etapas e 3.612 quilómetros. Uniu à
inegável qualidade no contra-relógio uma forte capacidade de gerir o esforço,
não entrando em pânico nas situações adversas, aguentando na montanha com os mais
fortes e resistindo à alta altitude.
Tom Dumoulin vence aos 26 anos o Giro d'Italia (© Corvos) |
Vice-campeão olímpico de contra-relógio e campeão nacional
da especialidade, fez valer as suas conhecidas qualidades ao vencer o primeiro
contra-relógio de 39,8 km (Et10), vestindo nesse dia a maglia rosa em Montefalco. Já antes tinha provado na chegada ao
Monte Etna (Et4) que vinha para lutar pela geral, cruzando a meta em 6º lugar.
Esperou-se uma quebra na chegada a Oropa (Et14), mas Dumoulin recuperou terreno
após o ataque de Quintana, contra-atacando nessa subida de 11,7 km, com rampas
a tocar máximos de 13% de inclinação, culminando com a vitória do holandês no
alto de 1ª categoria.
Chegado à temível etapa rainha (Et16), não foram os
adversários ou o Mortirolo (Cima Scarponi)
e o Stelvio (Cima Coppi) que quase
derrubaram Dumoulin do comando do Giro, mas sim o “chamamento da natureza” na
aproximação à última subida de Giogo di Santa Maria, produzindo essa paragem
uma perda substancial da vantagem temporal obtida até então. Nesse momento
crítico, vimos um líder sempre em controlo das suas emoções, da sua cadência e
a minimizar perdas na derradeira ascensão.
A liderança seria perdida mais tarde, na antepenúltima etapa
(Et19), onde Dumoulin cedeu na última subida e na qual também sucedeu um erro
não assumido declaradamente pela equipa. Em imagens da televisão italiana RAI,
é possível observar a determinada altura da jornada a Team Sunweb na frente do
pelotão a aumentar o ritmo, enquanto Dumoulin se encontra na parte detrás do
grupo a perder o contacto. Novamente numa situação adversa, o holandês manteve o
sangue-frio e fechou o espaço, não esquecendo o apoio a seu lado do companheiro
de equipa Simon Geschke. Na derradeira ascensão de Piancavallo, perdeu tempo
para os rivais e a maglia rosa para
Quintana, cedendo 38 segundos.
Esta escassa desvantagem de Dumoulin, especialista em
contra-relógio e tendo um na última etapa, obrigava os mais directos rivais e trepadores
a lançarem incisivos ataques na última etapa de montanha (Et20). Assim o
fizeram Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin), Thibaut Pinot (FDJ), Nibali e Quintana
atacando no Monte Grappa. Contudo, Dumoulin teve nesse dia um aliado de peso, o
jovem campeão nacional luxemburguês de contra-relógio Bob Jungels (Quick-Step
Floors), que também lutava para não perder terreno e reassumir a liderança da
camisola da juventude. A união de esforços valeu para Dumoulin não perder de
vista o primeiro lugar da geral e para Jungels se aproximar do primeiro lugar
da juventude, que acabou por conquistar na última jornada e pelo segundo ano
consecutivo, dando fortes indícios que poderá ser um futuro vencedor de uma
grande volta, finalizando este Giro em 8º da geral.
Assim chegou Dumoulin a Monza para o contra-relógio final de
29,3 km até Milão (Et21). Com uma desvantagem de 53 segundos para o maglia rosa Quintana, Dumoulin atacou
fortemente os primeiros quilómetros superando os 50 km/h. Geriu o esforço
sabiamente, obtendo o segundo melhor tempo de 33 minutos e 23 segundos, apenas superado
em 15 segundos pelo vencedor da jornada, o também holandês Jos van Emden
(LottoNL-Jumbo). Quintana perdeu mais de 1 minuto, perdendo também a
possibilidade de vencer o Giro.
Dumoulin reassumiu a maglia
rosa e conquistou o desejado troféu do Giro d’Italia. “Isto é incrível, nem acredito. Eu sabia que tinha de manter-me calmo,
mas quase não consegui. Estou feliz por mim, mas também feliz por todas as
pessoas especiais à minha volta poderem partilhar este momento comigo e por ter
a equipa comigo no pódio, realmente superou tudo. Tivemos um óptimo ambiente na
equipa nas últimas semanas e não tenho palavras suficientes para agradecer tudo
o que fizeram. Todo o nosso duro trabalho valeu a pena e eu não podia estar
mais emocionado”, declarou um emocionado Tom Dumoulin.
Vencedores Camisolas
Giro d’Italia 2017
Geral » Tom Dumoulin (Team Sunweb)
Pontos » Fernando Gaviria (Quick-Step Floors)
Montanha » Mikel Landa (Team Sky)
Juventude »
Bob Jungels (Quick-Step Floors)
Equipas » Movistar Team
Portugueses na CG
Giro d’Italia 2017
48º José Mendes (BORA-hansgrohe) +2:23:54
60º José Gonçalves (Katusha-Alpecin) +2:38:06
Vencedores Etapas
Giro d’Italia 2017
Et1 » Lukas Pöstlberger (BORA-hansgrohe)
Et2 » André Greipel (Lotto Soudal)
Et3 »
Fernando Gaviria (Quick-Step Floors)
Et4» Jan
Polanc (UAE Team Emirates)
Et5 » Fernando
Gaviria (Quick-Step Floors)
Et6 » Silvan
Dillier (BMC)
Et7 » Caleb
Ewan (Orica-Scott)
Et8 » Gorka
Izagirre (Movistar Team)
Et9 » Nairo
Quintana (Movistar Team)
Et10 » Tom
Dumoulin (Team Sunweb)
Et11 » Omar
Fraile (Dimension Data)
Et12 »
Fernando Gaviria (Quick-Step Floors)
Et13 »
Fernando Gaviria (Quick-Step Floors)
Et14 » Tom
Dumoulin (Team Sunweb)
Et15 » Bob
Jungels (Quick-Step Floors)
Et16 » Vincenzo
Nibali (Bahrain Merida)
Et17 » Pierre
Rolland (Cannondale-Drapac)
Et18 » Tejay
Van Garderen (BMC)
Et19 » Mikel
Landa (Team Sky)
Et20 » Thibaut
Pinot (FDJ)
Et21 » Jos
van Emden (LottoNL-Jumbo)
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