O ano de 2014
trouxe uma Efapel/Glassdrive renovada quase na sua totalidade, repleta de novos
rostos entre eles o do jovem Hélder Ferreira. Aos 23 anos integrou a armada de
Lourosa, protagonizando neste seu primeiro ano como profissional um papel
fundamental de trabalho em prol da equipa, não apenas em provas lusas como
também em Espanha.
No país
vizinho pedalou a Vuelta a Murcia, a Klasika Amorebieta e a Vuelta a Castilla y
León, conseguindo a equipa terminar nos lugares cimeiros nas duas primeiras provas
com Sérgio Sousa 12º em Murcia e Jóni Brandão 8º em Amorebieta. Quando um
corredor cumpre maioritariamente uma função de trabalho, a sua individualidade raramente
sobressai, já que todos os olhares se focam nos líderes. Contudo, o brilho de
Hélder Ferreira não esmoreceu ao longo da temporada, fazendo-se notar no apoio
aos companheiros e até saboreando em Portugal uma vitória a nível individual,
mais precisamente a camisola da montanha na Volta à Bairrada.
Com o
aproximar do final da temporada, Hélder Ferreira fala-nos sobre este primeiro ano como profissional, a sua integração na Efapel/Glassdrive, os
companheiros e o futuro.
Hélder Ferreira (Foto Helena Dias) |
Que balanço fazes do ano?
Sinceramente
superou as expectativas. Senti que partia em desvantagem no início da temporada,
fruto da minha juventude e inexperiência. Aos poucos fui conquistando o meu
espaço, fiz boas prestações olhando sempre em primeiro lugar para o colectivo.
A minha missão foi sempre servir a equipa neste meu primeiro ano. A corrida que
mais me marcou foi a Vuelta a Castilla y León em que o nível competitivo era
muito alto e conciliei o trabalho a grandes prestações na alta montanha. Senti
que podia disputar um lugar entre os melhores na geral. Mas a Volta a Portugal
foi também bem conseguida, garantindo o passaporte para estas corridas ao longo
da temporada. Não foi fácil, mas senti que cresci e me fui afirmando. Sempre
que fui chamado penso que correspondi ficando o trabalho feito e sinto que
posso no futuro estar entre os melhores, principalmente em provas duras por
etapas.
Vieste da equipa Maia rumo à Efapel,
uma grande mudança. Como tem sido a experiência?
A mudança foi
realmente grande, principalmente na postura dentro da corrida. A
responsabilidade é outra e o medo de desapontar é muito maior. Os meios à
nossa disposição numa equipa profissional crescem assim como as exigências.
O ano passado disseste que na Maia,
com o Joaquim Andrade, voltaste a sentir a ambição que te caracterizava em anos
anteriores. Em 2014, continuaste a sentir essa ambição ou algo mudou?
O ano
transacto foi o 'clique' que precisava com a ajuda de pessoas a quem muito
agradeço. O Joaquim Andrade transmitiu confiança e serenidade e o José Poeira
também deu uma grande ajuda. Depois de boas épocas nas Selecções mais jovens,
ele [José Poeira] voltou a chamar-me à Selecção no início da temporada anterior,
dando uma ajuda na minha 'recuperação' para o ciclismo. Ainda nesta Volta
conversámos e reconhecemos a importância dessa chamada. Este ano, o
profissionalismo e representar a Efapel/Glassdrive não me deixaram indiferente, foi um orgulho!
A Efapel sofreu uma grande
restruturação este ano, com a entrada de praticamente todo o grupo novo, incluindo
tu próprio. Esta restruturação tinha principalmente em vista a tentativa de
vitória da Volta a Portugal, objectivo não cumprido. Que balanço fazes da
Volta, em relação à equipa e a nível individual?
A nível
colectivo a Volta não correu exactamente com pretendíamos... Fomos uma
equipa que desde a primeira hora assumiu como meta a vitória final. Não
conseguimos, mas fizemos coisas muito positivas e não desistimos, ficando de
consciência tranquila. Fomos talvez a equipa que mais destaque teve durante a Volta
e tivemos vitórias parciais, que também não devemos esquecer. A nível
individual a minha prestação foi positiva. Trabalhei sabendo à partida o meu papel, sentindo-me especialmente bem em etapas duras como a Torre, Sra. da
Graça e Assunção onde o terreno me favorecia. O trabalho foi diário.
Agora estão a lutar pela Taça Nacional
de Circuitos, onde tens sido destaque no trabalho em prol da equipa, que tem em
Rafael Silva o mais sério candidato ao pódio. Gostas desta nova roupagem dada
aos Circuitos englobando-os numa Taça? A equipa tem alguma estratégia que
possas desvendar para tentar chegar à vitória a dois circuitos do final?
São provas
com características que não me agradam de todo. Muito rápidas e curtas, para
ciclistas com outras características bem diferentes das minhas. Tenho sido
regular, mas as chegadas são essencialmente ao sprint fruto desta nova
roupagem. Este novo figurino trouxe competitividade, mas reduziu a
imprevisibilidade. Tornaram-se corridas mais fechadas pelas equipas. Tentaremos
nestas últimas duas corridas que o Rafael dispute a vitória. Se fosse eu a
decidir, no próximo ano mantinha este figurino!
Podes revelar se esta tua ligação com
a Efapel é para continuar em 2015?
Ainda nada
está resolvido para 2015.
Por último, como caracterizas os teus
companheiros de equipa em uma ou duas palavras?
Bruno Silva:
combativo
Carlos
Oyarzún: o animador da equipa
Diego Rubio: rigoroso
e persistente
Filipe
Cardoso: experiência
Garikoitz
Bravo: irreverente
João Silva: o
futuro
Jóni Brandão:
promessa
Rafael Silva:
batalhador
Ricardo
Mestre: líder
Sérgio Sousa:
segurança e experiência
Victor de la
Parte: integrador e companheiro
(escrito em português de acordo com a
antiga ortografia)
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