Poucos dias
separam os fãs de ciclismo da mais bela prova por etapas do
calendário internacional. O Giro d’Itália 2014 irá percorrer 3.445,4 km entre os
dias 9 de Maio e 1 de Junho, com o aliciante começo na Irlanda do Norte.
Assim será, 3 das 21 etapas serão vividas além-fronteiras italianas. Os três dias iniciais
levam a ‘Corsa Rosa’ a Belfast, Armagh e Dublin, onde o pelotão disputa o
primeiro de três contra-relógios desta edição, sendo este por equipas, e ainda
duas etapas planas. Segue-se um dia de descanso para voar até solo italiano. A partir
da quarta jornada, Itália é pedalada em toda a sua extensão entre dois
contra-relógios individuais, um dos quais uma crono-escalada, seis jornadas para
os sprinters tentarem a sorte e muita montanha nos demais dias, sendo a jornada
mais longa a 11ª de 249 km entre Collecchio e Savona.
Em números,
a 97ª edição do Giro resume-se a uma dureza de 3 contra-relógios, 8 etapas para
chegadas ao sprint, 5 de média montanha sendo 4 com chegada em alto e 5 de
alta montanha igualmente com chegada em alto. Tudo mesclado com 3 dias de
merecido descanso.
Além de
todo o esplendor que o Giro encerra em si, muito pelas paisagens de cortar a
respiração e a paixão dos 'Tifosi' nas estradas, em 2014 terá ainda mais momentos
assinaláveis. Dez anos após a morte d’Il Pirata, Marco Pantani é lembrado com três
escaladas em sua honra: Cippo Di Carpegna (Et8), onde era seu hábito treinar, e as chegadas
em alta montanha a Oropa (Et14) e Plan Di Montecampione (Et15), onde viveu duas
das suas memoráveis vitórias. Certamente inesquecíveis serão as restantes
chegadas em alto no Val Martello/Martelltal (Et16), Rifugio Panarotta
(Et18) e no Monte Zoncolan (Et20), bem como as escaladas de Passo Gavia e Passo Dello Stelvio (Et16).
Ao longo
dos anos, vários foram os rostos lusos na famosa batalha ‘Fight For Pink’. Este
ano, apenas um guerreiro lusitano marca presença entre as 22 armadas do
pelotão. Em ano de estreia numa equipa WorldTour, o português André Cardoso irá estrear-se aos 29 anos no Giro d’Itália pela Garmin-Sharp, equipa vencedora em
2012 com o canadiano Ryder Hesjedal. Em 2014, a equipa americana disputará o Giro com André Cardoso acompanhado por Daniel Martin, Dylan Van Baarle, Fabian Wegmann, Koldo Fernández, Nathan Haas, Ryder Hesjedal, Thomas Dekker e Tyler Farrar.
André Cardoso (Foto @ACardoso84) |
Sempre na esperança de ver brilhar novamente um português na ‘Corsa Rosa’, Portugal tem um historial com momentos de verdadeira glória na prova italiana. Senão, vejamos… Mais recentemente, após 10 anos de ausência, 2011 marcou o regresso dos portugueses com Bruno Pires (Leopard DNF), Tiago Machado (RadioShack CG 19º) e Manuel Cardoso (RadioShack DNF). Esse será para sempre um ano que ninguém esquecerá pela infeliz morte de Wouter Weylandt na descida de Passo del Bocco, companheiro de Bruno Pires, levando toda a equipa a deixar a prova nesse ano. Em 2012 foi a vez de Nelson Oliveira (RadioShack CG 64º) pedalar o asfalto rosa e em 2013 regressou Nelson (RadioShack CG 81º) com Tiago Machado (RadioShack CG 36º) e Bruno Pires (Saxo-Tinkoff CG 61º), acrescentando ainda a presença de Ricardo Mestre (Euskaltel-Euskadi CG 145º). Até então, a última vez que Portugal tinha estado presente foi em 2001, quando José Azevedo (Once) alcançou o melhor resultado de sempre de um corredor luso na geral, um brilhante 5º lugar.
Antes desse
feito há que recuar até 1995, o único ano em que uma equipa 100% lusitana pedalou
o Giro, falamos da Sicasal-Acral com Quintino Rodrigues (CG 41º), Joaquim Gomes, Serafim
Vieira, Manuel Abreu, Carlos Pinho e Pedro Silva, tendo os três primeiros terminado a prova e voltando no ano seguinte apenas Quintino Rodrigues pela Kelme-Artiach. Pelo meio, encontramos a dupla Américo Silva e Orlando Rodrigues,
presentes em 1993 pela Artiach e em 1999/2000 pela Banesto também com Cândido
Barbosa. Não podemos esquecer o ano 1976, no qual o mítico Joaquim Agostinho (DNF), acompanhado
de Fernando Mendes (CG 17º), experimentou a prova italiana pela esquadra Teka.
Todavia,
o maior de todos os nomes lusos no Giro foi o de Acácio da Silva, que entre os anos
de 1982 e 1993 venceu 5 etapas, sempre ao serviço das equipas estrangeiras Royal-Wrangler,
Eurotex-Mavic, Malvor-Bottechia, Carrera e Festina-Lotus. De todas as vitórias, a mais marcante
é a de 1989, na 2ª etapa com chegada ao Monte Etna, que lhe trouxe a glória de
envergar por dois dias a desejada ‘maglia rosa’. Conseguiu a sua melhor
classificação na geral em 1986, com um brilhante 7º lugar, ano em que triunfou
na chegada da 9ª etapa em Rieti e na 21ª em Bolzano. Anteriormente, no ano de
1985 já tinha triunfado na chegada da 8ª etapa a Matera e da 10ª em Paola.
Sem dúvida,
o Giro d’Itália é das corridas mais duras e belas que um ciclista pode
enfrentar. Três semanas que nenhum fã das duas rodas quererá perder e poderá
seguir em directo na televisão, através do Eurosport (ver programação). No dia 1
de Junho será revelado o nome de quem sucede ao tubarão italiano Vincenzo
Nibali (Astana), vencedor em 2013 da ‘maglia rosa’.
www.gazzetta.it/Giroditalia/2014/it/ |
ETAPAS GIRO D’ITÁLIA 2014
1 Etapa – 21,7 km Belfast / Belfast (CRE)
2 Etapa – 219 km Belfast / Belfast (plano)
3 Etapa
– 187 km Armagh / Dublin (plano)
Descanso
4 Etapa
– 112 km Giovinazzo / Bari (plano)
5 Etapa
– 203 km Taranto / Viggiano (média montanha)
6 Etapa
– 247 km Sassano / Montecassino (média montanha)
7 Etapa
– 211 km Frosinone / Foligno (plano)
8 Etapa
– 179 km Foligno / Montecopiolo (média montanha)
9 Etapa
– 172 km Lugo / Sestola (média montanha)
Descanso
10 Etapa
– 173 km Modena / Salsomaggiore Terme (plano)
11 Etapa
– 249 km Collecchio / Savona (média montanha)
12 Etapa
– 41,9 km Barbaresco / Barolo (CRI)
13 Etapa
– 157 km Fossano / Rivarolo Canavese (plano)
14 Etapa
– 164 km Agliè / Oropa (alta montanha)
15 Etapa
– 225 km Valdengo / Plan Di Montecampione (alta montanha)
Descanso
16 Etapa
– 139 km Ponte Di Legno / Val Martello/Martelltal (alta montanha)
17 Etapa
– 208 km Sarnonico / Vittorio Veneto (plano)
18 Etapa
– 171 km Belluno / Rifugio Panarotta (Valsugana) (alta montanha)
19 Etapa
– 26,8 km Bassano Del Grappa / Cima Grappa (CRI crono escalada)
20 Etapa
– 167 km Maniago / Monte Zoncolan (alta montanha)
21 Etapa
– 172 km Gemona Del Friuli / Trieste (plano)
Lista equipas ProCyclingStats
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