O português João Almeida tornou-se numa das estrelas da
Deceuninck-QuickStep, após
um triunfal Giro d'Italia protagonizado em 2020. Os
15 dias na liderança da prova e o quarto lugar na classificação geral final
levaram Portugal à loucura pelo corredor natural das Caldas da Rainha. Em 2021,
regressa à
Corsa Rosa como líder da
equipa belga para tentar um novo assalto à camisola rosa, que também foi
envergada por outro português, Acácio da Silva em 1989.
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João Almeida (© Tim De Waele/Getty Images) |
Na 104ª edição, que se celebrará entre 8 e 30 de Maio, João Almeida contará com rivais de alto
nível. A RCS Sport, organizadora do Giro, deu recentemente a conhecer a lista
provisória de corredores inscritos e entre os nomes divulgados destaca-se o colombiano
de 24 anos Egan Bernal, vencedor do Tour de France e que irá levar o dorsal 1
pela Ineos-Grenadiers. O italiano de 36 anos Vincenzo Nibali e o holandês de 34
Bauke Molema são dois dos homens fortes da Trek-Segafredo, com o primeiro a já
ter conquistado as três grandes voltas
,
embora ainda esteja em dúvida a sua presença por estar a recuperar da
fractura no pulso direito num acidente de treino em Abril, e o segundo a estar sempre presente como
candidato ao pódio.
Outro dos nomes destacados é o do britânico de 28 anos Simon
Yates, da equipa BikeExchange, vencedor da Vuelta a España e que este ano conta
com a vitória do Tour of the Alps. A Team DSM apresenta-se com dois importantes
nomes, o australiano de 24 anos Jai Hindley, que o ano passado terminou o Giro
em segundo da geral, e o francês de 30 anos Romain Bardet, que já terminou por
duas vezes o Tour de France no pódio. A Bahrain-Victorious vai estar com uma
forte dupla espanhola e ambos de 31 anos: Mikel Landa, vencedor de três etapas
e um pódio, e Pello Bilbao, vencedor de duas etapas e quinto à geral na edição
transacta.
João Almeida terá a seu lado o companheiro Remco Evenepoel, belga
de 21 anos, que regressa à competição, após o grave acidente que sofreu na
clássica Il Lombardia em 2020. Esta jovem dupla promete dar muitas dores de
cabeça aos adversários, que irão olhar para Almeida com uma atenção mais
aprimorada, depois do feito alcançado no Giro passado. O corredor português já
não é um desconhecido, sendo a sua qualidade reconhecida e até bastante
cobiçada por algumas equipas rivais.
O traçado do Giro d’Italia conta com algumas diferenças
relativamente à edição transacta. Com dois contra-relógios em vez de três, um
na primeira etapa em Torino (curto de 9 km) e outro na última etapa de Senago a
Milão (de 29,4 km), é aí que Almeida tenciona fazer a diferença, aproveitando esta
que é a sua especialidade e onde tudo fará para ganhar vantagem. Aliás, já este
ano vestiu a liderança da Volta a Catalunya, após uma exibição de fazer inveja
no contra-relógio, onde pedalou o terceiro melhor tempo, sendo apenas superado
pelo companheiro Rémi Cavagna e o bi-campeão do mundo da especialidade Rohan
Dennis (Ineos-Grenadiers).
Na alta montanha João Almeida sofre um pouco mais, mas contrabalança
com uma fortíssima capacidade de resiliência, não se rendendo à dureza do
traçado que se lhe apresenta pela frente. Isso vimos o ano passado e esperamos
voltar a ver este ano. Almeida assinala nesta edição como crucial a etapa 11,
entre Perugia e Montalcino, que inclui vários troços da clássica Strade Bianche,
e principalmente a etapa 16, entre Sacile e Cortina d’Ampezzo, que será a
etapa-rainha deste ano com as subidas de Passo Pordoi (2,239m, Cima Coppi), Passo
Fedaia, Passo Giau e o final em Cortina D’Ampezzo, num total de 212 quilómetros
em plena cadeia montanhosa das Dolomitas, assemelhando-se a sua dureza à da
jornada do ano passado com passagem pelo Stelvio, na qual o português fechou em
sétimo na meta. Este ano, a referida etapa-rainha chegará após uma 14ª jornada
com final no poderoso Monte Zoncolan.
João Almeida tem apenas 22 anos de idade e consegue transparecer
uma tranquilidade quanto à responsabilidade que adquiriu dentro da equipa Deceuninck-Quick
Step. Mostra-se confiante no trabalho desenvolvido até ao momento e com a forma
no ponto onde quer para enfrentar as três semanas da exigente
Corsa Rosa. Chegará ao Giro com cinco
corridas realizadas este ano. Começou com
o seu primeiro pódio numa corrida WorldTour, nomeadamente 3º no UAE Tour, 6º no Tirreno-Adriático, 7º na Volta a
Catalunya com vitória da camisola da juventude, 37º na Strade Bianche e 65º na
Liège-Bastogne-Liège.
Afirma-se de pés bem assentes na terra, sabendo que tudo
pode acontecer numa Grande Volta, não querendo deste modo assumir o grande
objectivo de alcançar o pódio e dizendo apenas que dará o seu melhor na 104ª
edição do Giro d’Italia, que poderá contar com mais dois corredores lusos no
pelotão, o vencedor de uma etapa e rei da montanha de 2020 Rúben Guerreiro (EF
Education-Nippo) e Nelson Oliveira (Movistar Team).
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