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Época lusa de estrada: protagonistas de 2020 e antevisão de 2021

A poucos dias da abertura da temporada lusa de estrada, olhamos aos protagonistas da época passada, aos resultados mais evidenciados, como também às principais mudanças na composição das equipas portuguesas para tentar perceber qual a que poderá brilhar mais em 2021 [ver pelotão e calendário luso 2021].
 

A temporada de 2020 foi bastante atípica, como é habitualmente referido. A pandemia mudou o modo de viver em sociedade e também o modo de viver o desporto. No que concerne o ciclismo, a modalidade foi varrida por inúmeros cancelamentos e adiamentos de corridas por todo o mundo e Portugal não foi excepção. A nível nacional correu-se uma dezena de provas: a Prova de Abertura, a Volta ao Algarve, a Clássica da Primavera, a Prova de Reabertura, os Campeonatos Nacionais de Estrada (fundo e contra-relógio), o Campeonato Nacional de Rampa, o Troféu Joaquim Agostinho e a Volta a Portugal, esta última por iniciativa da Federação Portuguesa de Ciclismo e não do seu organizador Podium Events.
 
A W52-FC Porto alcançou a vitória mais desejada da época por todas as equipas, a Volta a Portugal com Amaro Antunes, corredor que somou também uma etapa na prova rainha e o galego Gustavo Veloso duas etapas. Quatro foram as conquistas da equipa azul e branca, sendo apenas ultrapassada pela Kelly/Simoldes/Udo com mais uma vitória, convertendo-se na equipa lusa mais ganhadora de 2020 com Luís Gomes a vencer a Clássica da Primavera e uma etapa da Volta a Portugal, Fábio Costa a sagrar-se campeão nacional de fundo sub-23, Guilherme Mota campeão nacional de contra-relógio sub-23 e André Domingues campeão nacional de rampa sub-23.
 
Quatro foram também as vitórias da Efapel com destaque para o corredor Joni Brandão, que venceu uma etapa na Volta a Portugal e o Campeonato Nacional de Rampa em elites. É de sublinhar a sua entrada na presente época na adversária W52-FC Porto, prevendo-se um renovar de ânimo para a sua meta mais cobiçada, a conquista da camisola amarela da Volta a Portugal. A Efapel contou ainda com a vitória de Luís Mendonça numa etapa do Troféu Joaquim Agostinho e de António Carvalho numa etapa da Volta, corredor que deverá assumir a liderança da equipa para a conquista da Volta juntamente com o novo integrante Frederico Figueiredo. Outras das grandes aquisições da equipa é o nome de Rafael Reis, o melhor contra-relogista do pelotão nacional.
 
Foi precisamente Frederico Figueiredo quem angariou as duas únicas vitórias da Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel na época passada, nomeadamente uma etapa e a classificação geral do Troféu Joaquim Agostinho. Relativamente à equipa tavirense, este ano conta com a chegada do experiente Gustavo Veloso, vencedor de duas Voltas a Portugal, da Volta a Catalunha e de uma etapa na Vuelta a España. Entre as entradas destaca-se ainda a chegada de Emanuel Duarte, vencedor da Volta a Portugal do Futuro 2019, de quem se espera que ganhe relevo na equipa.
 
A Rádio Popular-Boavista entrou a brilhar em 2020 com a vitória de Alberto Gallego na Prova de Abertura, conquistando também a não menos importante camisola da montanha na Volta com Hugo Nunes e a camisola da juventude do Troféu Joaquim Agostinho com Gonçalo Carvalho. A estrutura mantém-se praticamente intacta em 2021, destacando-se a chegada do ‘filho pródigo’ Tiago Machado, que regressa à casa-mãe onde iniciou o profissionalismo e se manteve durante cinco épocas até partir para o WorldTour. Assinalam-se duas saídas de dois históricos da equipa axadrezada, David Rodrigues e Daniel Silva, que desta forma saem do pelotão profissional luso.
 
A Louletano-Loulé Concelho escreveu no seu palmarés a vitória da prova de fundo do Campeonato Nacional Russo com Sergey Shilov, que este ano já não integra o plantel. Este ano há diversas entradas, contudo destaca-se a renovação de João Matias, um dos corredores mais fortes do pelotão nacional para as chegadas em velocidade. Outra importante perda para a equipa foi a de Vicente de Mateos, que partiu para a Antarte-Feirense. O corredor espanhol será o homem forte da esquadra azul para tentar a cobiçada conquista da Volta a Portugal e para tal contará com a chegada de importantes nomes como Bruno Silva, que já foi rei da montanha da Volta, Venceslau Fernandes e Rafael Silva, ambos já vencedores da Volta a Portugal do Futuro.
 
A LA Alumínios-LA Sport conta este ano com a chegada de um dos melhores ciclistas lusos de todos os tempos. Falamos de Sérgio Paulinho, que volta a estar ao lado da LA Alumínios, marca histórica do ciclismo português, que patrocinava a equipa LA-Pecol em 2004, ano da sua conquista da medalha de prata na prova de estrada dos Jogos Olímpicos em Atenas, na Grécia. Vencedor de etapas no Tour e na Vuelta, certamente irá aportar muita experiência e conhecimento a uma equipa composta maioritariamente por jovens promissores, como é o caso de Miguel Salgueiro, de 21 anos, que tem confirmado a sua qualidade na estrada e no ciclocrosse, vertente na qual já se sagrou campeão nacional.
 
Por último, a Tavfer-Measindot-Mortágua não chegou a nenhuma vitória no ano transacto, mas teve muito perto com o venezuelano Leangel Linarez, que se mantém na equipa a par da maioria dos seus companheiros. Entre outras, as entradas de Pedro Paulinho, Tiago Antunes e Iúri Leitão prometem reforçar em muito a qualidade da equipa. A brilhante conquista de Iúri Leitão no Europeu de Pista em scratch, o ano passado, garantiu-lhe o merecido regresso ao pelotão nacional pela mão de uma equipa profissional.
 
As equipas continentais e os seus corredores tiveram oportunidade de se mostrar nas escassas competições realizadas, não tendo ‘tanta sorte' os mais jovens da camada de formação sub-23, que compõem maioritariamente as equipas de clube. Estas formações estiveram presentes nas corridas lusas, à excepção da Volta ao Algarve e da Volta a Portugal, nas quais não podem competir.
 
Entre as diversas equipas, sem dúvida que a Sicasal-Miticar-Torres Vedras foi a que mais se evidenciou nas pouquíssimas corridas disputadas. Um dos seus corredores mais destacados, Daniel Dias internacionalizou-se este ano ao integrar a UC Monaco, tal como Marco Marques ao integrar a espanhola Manuela Fundación. Entre as renovações destacam-se os nomes de Diogo Narciso e Francisco Guerreiro, que têm demonstrado uma boa evolução.
 
Além da equipa torriense, mais oito formações completam o pelotão das equipas de clube. ACD Milharado/DriveonHolidays/Mafra, Adega Mor-GDM-CACB, Almodôvar/Delta Cafés/Crédito Agrícola, Fortunna-Maia, JV Perfis-Gondomar Cultural, Porminho Team sub23 e Santa Maria da Feira/Segmento d’Época/Reol, das quais se espera o surgimento de novos jovens talentos para o futuro pelotão profissional.
 
O calendário de estrada para 2021 [ver aqui] foi renovado e divulgado pela Federação Portuguesa de Ciclismo, estando sempre pendente da evolução da situação pandémica no país. Por agora, todas as atenções estão viradas para 10 e 11 de Abril, dias em que se irá disputar o Circuito Car Anadia, para as equipas de clube, e a Prova de Abertura – Região de Aveiro, para as equipas continentais, ambas pertencentes à Taça de Portugal.
 

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