Avançar para o conteúdo principal

Entrevista a Luís Gomes: “Agora, sinto-me mais forte”


Luís Gomes cumpriu o sonho de vencer uma etapa na Volta a Portugal. Aos 25 anos de idade, triunfou no alto da Serra do Larouco, ao final da sétima jornada, que viveu integrando uma fuga vitoriosa. Nesse dia, já o corredor da Rádio Popular-Boavista envergava a camisola de rei da montanha, que acabou por conquistar no final da 81ª edição da prova rainha lusa.

Luís Gomes sagrou-se rei da montanha da 81ª Volta a Portugal Santander

O que se sente ao ganhar uma etapa e a camisola da montanha da Volta a Portugal?

“É um sentimento muito especial. Tive sempre o sonho de conquistar uma etapa na Volta. Este ano propus-me a conquistar a camisola da montanha. Foi difícil, mas consegui e sinto-me muito feliz.”

A Rádio Popular-Boavista já ia com o objectivo da camisola da montanha traçado?

“Não. Passou a ser objectivo quando na etapa da Serra eu ia escapado. Ao início, não era esse o objectivo, mas sim tentar chegar com o maior tempo possível à Serra da Estrela, para depois tentar discutir a etapa ou ajudar os meus colegas mais à frente. Como o pelotão não deu a vantagem que queríamos, o objectivo passou por tentar pontuar nas montanhas que havia. Consegui pontuar em todas e, a partir desse momento, a camisola passou a ser um objectivo, tanto da equipa como pessoal.”

A equipa ganhou duas etapas e terminou com três corredores no Top 10. Que balanço fazes?

“A equipa teve uma participação muito boa na Volta. Já não conseguíamos uma participação assim há bastantes anos. O ano passado vencemos uma etapa com o Mingos[Domingos Gonçalves], há dois anos com o Rui Sousa e este ano calhou-me a mim e ao João Benta. Foi muito importante para todos nós.”

Luís Gomes com David Rodrigues na Volta a Portugal

Em termos individuais, este é um ponto importante na tua carreira?

“Esta era a vitória que mais procurava, foi o culminar do trabalho que realizei para esta Volta a Portugal. Há vários anos que andava a tentar. Durante a época, tive azares quando estava melhor, como no Grande Prémio JN com uma queda logo nos primeiros dias. Havia sempre pequenas coisas, que uma pessoa não pode controlar, que me deixavam fora da discussão das corridas, mas sempre acreditei e nesta Volta a Portugal fui mais tranquilo, a desfrutar da corrida e as coisas correram da melhor maneira.”

Sentes uma mudança psicológica em ti, de abordagem à corrida?

“Sim, penso que estou mais forte psicologicamente. Antes, ia abaixo mais facilmente. Agora, sinto-me mais forte, também por ter colegas que me apoiam nesse aspecto, que acreditam no meu valor. Também ouço bastante os conselhos do Rui Sousa, que sempre me disse para acreditar e que, por vezes, não é a condição física que conta mais, mas sim a cabeça. Acho que nesse aspecto, nos anos anteriores, era uma fragilidade que eu tinha. Estava tão bem ou melhor do que os adversários, mas chegava à altura mais crítica e ia abaixo psicologicamente e não conseguia fazer melhor. Este ano, estive melhor nesse aspecto.”

Durante a temporada, a Rádio Popular-Boavista fez algumas corridas em Espanha. Que importância teve esta presença nessas provas?

“Há corridas que têm sempre mais ritmo competitivo e para nós foi importante, porque fomos na altura em que não tínhamos tantas corridas em Portugal e conseguimos colmatar com essas corridas, para não perder tanto ritmo e para não haver tanto espaçamento sem competição. Foi uma mais-valia.”

Este foi o teu terceiro ano na Rádio Popular-Boavista. É para continuar em 2020?

“Ainda não posso dizer, só o futuro o dirá.” 

Luís Gomes com Vergílio Santos na Volta a Portugal

Comentários

Artigos Mais Lidos

Apresentação Liberty Seguros/Feira/KTM 2014

Esta quinta-feira, a Biblioteca Municipal de Sta. Maria da Feira recebeu a apresentação do 6º GP Liberty Seguros/Volta às Terras de Sta. Maria e das equipas de formação Liberty Seguros/Feira/KTM do Sport Ciclismo S. João de Ver. Entre as personalidades presentes destacaram-se os patrocinadores das equipas, nomeadamente a Liberty Seguros, a KTM e a Câmara Municipal de Sta. Maria da Feira. Também não faltaram antigos corredores da casa, actualmente a pedalar no pelotão profissional nacional, entre outros o campeão nacional Joni Brandão, César Fonte, Edgar Pinto, Frederico Figueiredo, Mário Costa, Rafael Silva e o internacional André Cardoso. Nem o campeão do mundo Rui Costa faltou à chamada de um dos directores desportivos mais acarinhados no país, Manuel Correia, deixando em vídeo uma mensagem sentida de agradecimento pelo seu percurso e aprendizagem no clube. Precisamente de Manuel Correia surgiu o momento mais marcante da cerimónia, aquando do seu anúncio de fim de ciclo

Entrevista a Isabel Fernandes: “África leva-nos a colocar em causa as nossas prioridades de Primeiro Mundo”

O ciclismo apareceu na vida profissional de Isabel Fernandes em 1987 para não mais sair. De comissária estagiária em 1989, chegou ao patamar de comissária internacional dez anos depois, realizando diversas funções na modalidade ao longo dos anos, nomeadamente intérprete e relações públicas de equipas, membro da APCP (Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais) e da organização de várias provas como os Campeonatos da Europa e do Mundo, em Lisboa.

Os velódromos de Portugal

Velódromo de Palhavã (© Arquivo Municipal de Lisboa) Em Portugal, o ciclismo já foi considerado o desporto da moda entre as elites. Para chegarmos a esse momento da história, temos de recuar ao tempo da monarquia, até finais do século XIX, para encontrar o primeiro velódromo em território nacional, o Velódromo do Clube de Caçadores do Porto , na Quinta de Salgueiros, não sendo a sua data totalmente precisa, já que a informação a seu respeito é muito escassa. Em alguns relatos, a sua inauguração data de 1883, enquanto noutros data de 1893.