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Perfil dos melhores jovens lusos da Volta ao Algarve 2019


A 45ª edição da Volta ao Algarve ficou marcada pela qualidade da juventude que compôs o pelotão. Tadej Pogačar (UAE Team Emirates), de 20 anos, conquistou a classificação geral e a classificação da juventude, na qual quatro jovens lusos terminaram entre os dez melhores: em 5º Hugo Nunes (Rádio Popular-Boavista), em 8º Emanuel Duarte (LA Alumínios-LA Sport), em 9º João Barbosa (Vito-Feirense-Pnb) e em 10º Rafael Lourenço (UD Oliveirense-InOutbuild).

Entre um total de 168 corredores de 12 equipas WorldTour, 4 Pro Continentais e 8 Continentais, foi Tadej Pogačar quem surpreendeu na segunda etapa com chegada ao alto da Fóia, ganhando por um segundo ao experiente Wout Poels (Sky), de 31 anos, e assumindo o comando da camisola amarela, liderança que guardou até ao final. Vindo de uma extraordinária época de 2018, na qual venceu a Volta a França do Futuro (Tour de l’Avenir), o Grand Prix Priessnitz spa, o Giro della Regione Friuli Venezia Giulia, entre outros destacáveis resultados, o jovem Pogačar converteu-se no segundo esloveno da história a conquistar a Algarvia (Primož Roglič em 2017), com uma vantagem de 14 segundos sobre Søren Kragh Andersen (Sunweb) e 21 segundos para Wout Poels (Sky).

Do lado dos portugueses, os jovens também se deixaram mostrar no decorrer das cinco etapas da Volta ao Algarve, apresentando em seguida o perfil dos quatro corredores, que se destacaram entre os dez primeiros classificados da juventude.


Melhores Jovens Lusos – Volta ao Algarve 2019
Hugo Nunes
Emanuel Duarte
João Barbosa
Rafael Lourenço
Rádio Popular-Boavista
LA Alumínios-LA Sport
Vito-Feirense-Pnb
UD Oliveirense-InOutbuild
22 Anos
22 Anos
21 Anos
21 Anos
Paços de Ferreira
Portimão
Penafiel
S. Bartolomeu Messines


HUGO NUNES
Volta ao Algarve: 5º Juventude / 58º Geral

“A Volta ao Algarve foi o começo da minha época, onde a preparação física ainda não é a ideal. Apesar disso, gostei das minhas sensações para este início de época, acho que consegui cumprir com o meu objectivo, que era ajudar ao máximo os meus colegas”, Hugo Nunes.

Hugo Nunes nasceu em Paços de Ferreira, no distrito do Porto, e iniciou-se no ciclismo com 11 anos de idade. Sem qualquer familiar ligado ao ciclismo profissional, começou a andar de bicicleta com o pai, que integrava uma equipa de cicloturismo. Actualmente a viver o primeiro ano de profissional na equipa continental Rádio Popular-Boavista, iniciou a sua formação na escola Silva & Vinha/Adrap, passou o primeiro ano de sub-23 na União Ciclista da Maia e completou os restantes três anos desse escalão na actual Miranda-Mortágua.

Embora se mostre mais forte na montanha, considera ter ainda muito para evoluir para apontar uma única característica para se descrever como ciclista. Enquanto isso não acontece, guarda já no seu jovem palmarés diversas vitórias de classificações da juventude, top 10 em provas com profissionais, ter sido vice-campeão nacional de fundo em sub-23 (em 2016) e ter feito 3º na Volta a Portugal do Futuro (em 2018), para além das participações internacionais com a Selecção Nacional, incluindo a Volta a França do Futuro.

No panorama nacional, Hugo Nunes nutre uma admiração desde pequeno por Joaquim Silva (W52-FC Porto), “pelo empenho e motivação que ele transmite, é um ciclista pelo qual me guio para evoluir”. No panorama internacional, “pela maneira de correr e pelas características de ambos, nas quais me identifico e gostava de me tornar igual”a escolha recai sobre o australiano Richie Porte (Trek-Segafredo) e o polaco Michał Kwiatkowski (Sky).

“Neste primeiro ano de profissional, o meu objectivo passa por cumprir todos os objectivos propostos pela equipa e mostrar aos meus colegas que podem contar comigo para o que precisarem para obter os melhores resultados. Quando surgir a oportunidade de me destacar, irei agarrá-la da melhor maneira, para também me sentir motivado para o meu futuro”, Hugo Nunes.


EMANUEL DUARTE
Volta ao Algarve: 8º Juventude / 77º Geral

“Na Volta ao Algarve, o meu ponto alto foi o contra-relógio, surpreendi-me a mim próprio. O ponto fraco surgiu no Alto do Malhão. Infelizmente, fiquei sem água na primeira hora de corrida, desidratei, o que criou desgaste antes da entrada no Alto do Malhão”, Emanuel Duarte.

Natural de Portimão, no distrito de Faro, Emanuel Duarte não tem nenhum familiar com ligação ao ciclismo, modalidade na qual se iniciou aos 18 anos, já no segundo ano de júnior, com a escola Matos-Cheirinhos. Os primeiros dois anos de sub-23 foram pedalados na Sicasal, passando no ano seguinte pela equipa de clube do Bombarral e estando actualmente na continental LA Alumínios-LA Sport.

Forte em subidas longas e com aptidão para o contra-relógio, guarda como principais destaques da sua ainda curta carreira o 8º lugar na Taça de Portugal Sub-23, 13º na Volta a Portugal do Futuro (em 2018) e 14º na Volta a Coruña, tendo-se destacado em júnior nos Campeonatos Nacionais com um 4º lugar na prova de fundo e 7º no contra-relógio.

O britânico Chris Froome (Sky), o holandês Tom Dumoulin (Sunweb) e o eslovaco Peter Sagan (Bora-hansgrohe) são os corredores estrangeiros que mais admira, enquanto no plano nacional o nome apontado é o de Luís Mendonça (Rádio Popular-Boavista).

“Quero evoluir mais como atleta em 2019, tendo como principais objectivos os Campeonatos Nacionais e a Volta a Portugal do Futuro”, Emanuel Duarte.


JOÃO BARBOSA
Volta ao Algarve: 9º Juventude / 78º Geral

“Na Volta ao Algarve, os pontos altos foram as sensações que senti em poder ser útil à equipa todos os dias. Os pontos baixos foram, sem dúvida, o contra-relógio, que é algo onde não me defendo bem, e talvez o facto de não conseguir fazer melhor, por erros amadores cometidos em circunstâncias decisivas para fazer uma boa chegada”, João Barbosa.

João Barbosa é natural de Penafiel, distrito do Porto, e iniciou-se no ciclismo aos 7 anos. Primo de Francisco Campos (W52-FC Porto), considera-se trepador por fazer a diferença no terreno montanhoso. Este ano entrou para a equipa continental Vito-Feirense-Pnb, tendo realizado os anos de formação na Silva & Vinha/Adrap e na União Ciclista da Maia.

Sendo um dos ciclistas sub-23 que maior evolução demonstrou nos anos de formação, já assinou o seu nome na conquista do Prémio de Anadia, 4º na Volta aos Açores, 5º na Taça de Portugal Sub-23 e 5º na Volta a Portugal do Futuro (2018).

No pelotão nacional, admira ciclistas como o seu companheiro de equipa Xuban Errazkin, Frederico Figueiredo (Sporting-Tavira), Joaquim Silva (W52-FC Porto) e Sérgio Paulinho (Efapel). No pelotão internacional, a escolha recai no trio colombiano Rigoberto Urán (EF Education First), Esteban Chaves (Mitchelton-Scott) e Nairo Quintana (Movistar).

“Tenho como objectivo pessoal fazer parte da Selecção Nacional. Para esta época, o ponto número um é sempre ajudar a equipa em qualquer prova, ser uma peça fundamental e mostrar evolução. Olho também à Volta a Portugal do Futuro, Grande Prémio JN e, se por ventura surgir uma oportunidade de ouro, correr a Volta a Portugal é o objectivo de qualquer ciclista luso. Mas como costumo dizer, fazer o melhor, sempre!”, João Barbosa.


RAFAEL LOURENÇO
Volta ao Algarve: 10º Juventude / 82º Geral

“Nesta que foi a minha segunda participação na Volta ao Algarve, ainda como atleta sub-23, destaco pela positiva a minha entrada na fuga da primeira etapa e uma evolução pessoal no terreno montanhoso, tendo em conta as boas sensações na etapa da Fóia. Menos positivo foi apenas a queda que tive no primeiro dia”, Rafael Lourenço.

Rafael Lourenço nasceu em São Bartolomeu de Messines, distrito de Faro, e começou a pedalar aos 13 anos no XCO (cross country olímpico), passando aos 16 para a vertente de estrada. Sem familiares no ciclismo, iniciou-se na modalidade por vontade própria, depois de praticar futebol federado desde os 7 anos de idade. Onde se sente mais à vontade é nos terrenos irregulares, com finais duros e explosivos.

A ExtremoSul foi a equipa por onde passou aquando da sua incursão pelo XCO, ingressando em júnior no Clube de Ciclismo de Tavira. Fez o primeiro ano de sub-23 na equipa Sporting-Tavira, passando em seguida para a Liberty Seguros-Carglass, onde se encontra pelo terceiro ano consecutivo na equipa agora designada UD Oliveirense/InOutbuild.

A maior conquista da sua carreira alcançou-a em 2018, em Monção, na chegada da segunda etapa do Grande Prémio Jornal de Notícias, destacando-se também o pódio obtido na terceira etapa da Volta a Galiza (em 2017).

Apontando a “facilidade que têm em adaptar-se a diferentes tipos de provas”, os gémeos Ivo e Rui Oliveira são os ciclistas portugueses que mais admira, enquanto no plano internacional a escolha recai no campeão do mundo, o espanhol Alejandro Valverde (Movistar).

“Para 2019, tenho como objectivo tentar afirmar-me enquanto ciclista. Sendo o meu último ano no escalão sub-23, quero alcançar resultados cimeiros de forma regular, nunca descorando a possibilidade de repetir uma vitória, como a do Grande Prémio Jornal de Notícias”, Rafael Lourenço.

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