Mais um ano que terminou, com tudo de bom e de mau que me
deu.
Definitivamente, 2017 não foi dos meus melhores anos, embora
profissionalmente me tenha aberto alguns caminhos novos. O balanço a esse nível
acaba por ser obviamente positivo, mesmo com alguns percalços pelo caminho. Nesses
percalços tive de fazer escolhas, algumas incompreendidas, mas a vida é mesmo
assim e nem sempre as nossas acções têm de ser compreendidas por todas as
pessoas, desde que estejamos bem com a nossa consciência. Ao terminar o ano,
essa é a minha certeza: todas as decisões tomadas tiveram uma razão e termino o
ano de consciência tranquila. Para superar as coisas menos boas deste ano, refugiei-me
no lado profissional e o resultado foi positivo, vendo aumentar o volume de
trabalho ligado ao ciclismo. Entre as novas colaborações, surgiu o Clube de
Ciclismo Amaro Antunes, um projecto bastante cativante e promissor quanto ao
seu futuro, com uma
visão ambiciosa e ao mesmo tempo cuidada do ciclismo enquanto modalidade a ser melhor
desenvolvida no país em termos comunicacionais, bem como na atenção dada à forma
de cativar os mais novos para este desporto, dando ênfase ao divertimento e ao
bem-estar físico e mental acima da competição. Por outro lado, começar a
escrever para o jornal O Jogo foi a maior surpresa de 2017. Colaborar com um
diário nacional desportivo tem tudo de diferente comparado ao blogue, mas algo
totalmente idêntico: transmitir aos leitores a beleza e dureza deste desporto
através de palavras. No jornal, o público é mais abrangente, os limites de
palavras e o tempo de entrega são um desafio, tal como desafiantes foram as
primeiras entrevistas internacionais a Roglic e Nibali (mas muito
enriquecedoras, em particular a do esloveno). E se já me sentia realizada profissionalmente
de cada vez que publicava no blogue uma entrevista a um dos ciclistas do pelotão
nacional, ou dos portugueses além-fronteiras, vê-lo impresso n’O Jogo é uma
sensação bem diferente para quem é apaixonada pelo texto impresso, pelo sentir
o papel nas mãos ou o folhear das páginas… bem diferente da frieza de um ecrã
de computador. Para quem conhece esta modalidade por dentro, e eu venho
conhecendo há já uns aninhos, consegue perceber a importância que tem para um
ciclista ver retratado o seu trabalho num jornal. É recorrente falar-se da
heroicidade destes atletas, dos treinos e competições à chuva e ao sol, mas é
também de não esquecer o outro lado das suas vidas. Tal como todos nós, o lado
pessoal e familiar é muitas vezes transportado para o trabalho, de forma
interior e tendo de ser superado para enfrentar a estrada, na qual tantas vezes
encontram obstáculos e agruras. No final, “só” lhes é exigida a vitória, como
se se pudesse ganhar sempre, não importa o quê, fazendo essa derrota esquecer
todo o esforço e trabalho que ficou para trás. É injusto? Sim, irremediavelmente
injusto. E para trás ficou um ano repleto de momentos que me marcaram. Não sei
bem com que sentimento olho para o ano de 2017, com muitos dias salgados e
poucos dias doces, mas todos indelevelmente marcantes. Como sabem, já o escrevi
inúmeras vezes, não sou fã de passagens de ano, pois é uma noite em que minutos
antes da meia-noite tudo parece ser possível no ano que se segue, mas um
segundo após as doze badaladas percebemos que está tudo igual, porque nada muda
por artes mágicas. Hoje, 1 de Janeiro de 2018, tudo permanece igual, tal como igual é a oportunidade que nos é dada de escrever novas histórias no novo ano que começa.
Bom Ano de 2018!
Helena Dias
© Helena Dias |
Consigo "desse lado" o nosso também será melhor. Bom ano Helena.
ResponderEliminarObrigada Jorge, bom ano.
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