A pergunta
é recorrente: como está o ciclismo feminino em Portugal? A resposta mais fácil:
tem vindo a sofrer uma mudança positiva, apesar de lenta, nos últimos anos. Mas
a realidade esconde uma complexidade que vai muito para além de uma curta
afirmação, escondendo em si talentos pouco ou nada conhecidos dentro e fora
fronteiras.
Como
demonstram os últimos dados disponibilizados pela Federação Portuguesa de
Ciclismo, o número de atletas femininas tem vindo a aumentar substancialmente
nos últimos anos. No entanto, em competição estagnou e não se traduziu na
formação de equipas exclusivamente femininas ou num pelotão coerente para a
realização de um calendário mais numeroso em provas de Estrada. Pelo contrário,
denota-se o crescente interesse feminino pelas vertentes mais individuais do
BTT como Cross Country Olímpico (XCO), fruto dessa mesma individualidade intrínseca
ao tipo de prova.
É igualmente
relevante o dado que demonstra o crescente número de atletas em competição nas
camadas mais jovens, nomeadamente cadetes e juniores, facto que inverte a tendência nos
escalões sub-23 e elites. Ou seja, quando o ciclismo chega às idades onde as
atletas querem abraçar este desporto profissionalmente, a resposta é
praticamente inexistente. Para fazê-lo, têm de conciliar treinos e competições
(a maioria no estrangeiro) com uma actividade profissional noutra área, o que
dificulta de sobremaneira a constituição de um pelotão considerável para
apostar mais a fundo no ciclismo feminino em Portugal.
Evolução do número de atletas nos escalões de competição |
Talvez seja
o momento de aproveitar o crescente interesse jovem pelo ciclismo e construir a
longo prazo uma base sustentável que garanta um lugar neste desporto no futuro,
ao contrário do que tem vindo a suceder com muitas atletas chegadas a elites. A
própria Federação avança com algumas ideias, como por exemplo «fomentar a
existência de atletas femininas nos clubes de ciclismo» ou «convidar equipas
internacionais a estarem presentes na Taça de Portugal» de Estrada. Quanto à
primeira, actualmente já é notória a abertura de portas de vários clubes às
atletas femininas, podendo alargar-se a mais clubes esta iniciativa. Relativamente
à segunda, embora bastante aliciante para aumentar o interesse e competitividade das provas, parece um pouco difícil de ver realizada
pela escassez de meios financeiros que o ciclismo (e o país) atravessa.
Contudo, o Calendário Feminino de
Estrada ganha um novo fôlego em 2014, com a criação do Grande Prémio de
Portugal:
05/04 1ª Prova Taça de Portugal – Odemira
25/04 2ª Prova Taça de Portugal
25/05 3ª Prova Taça de Portugal
31/05-01/06 Grande Prémio de Portugal
20/07 4ª Prova Taça de Portugal
15/08 Campeonato Nacional CRI
17/08 Campeonato Nacional Fundo
27/09 Subida à Glória – Lisboa (Elites)
05/04 1ª Prova Taça de Portugal – Odemira
25/04 2ª Prova Taça de Portugal
25/05 3ª Prova Taça de Portugal
31/05-01/06 Grande Prémio de Portugal
20/07 4ª Prova Taça de Portugal
15/08 Campeonato Nacional CRI
17/08 Campeonato Nacional Fundo
27/09 Subida à Glória – Lisboa (Elites)
Quanto aos nomes do ciclismo feminino português, seis atletas destacam-se no panorama actual com grande relevo: a vice-campeã nacional
de Ciclocrosse Ana Rita Vigário
(04/08/1977 LA Alumínios-Antarte); a campeã nacional de Ciclocrosse e vencedora
da Taça de Portugal de Ciclocrosse Isabel
Caetano (28/12/1979 CSM Epinay Sur Seine); a campeã nacional de Estrada Celina Carpinteiro (20/04/1980 Ouribike/CC
Ouriquense); a campeã nacional de XCO e Team Relay e vencedora Taça de Portugal
de XCO Joana Barbosa (20/05/1989 CDC
Navais-Póvoa do Varzim); a vencedora da Taça de Portugal de Estrada e campeã nacional
de Pista Ana Azenha (03/04/1993 CC
Bairrada); a campeã nacional de XCO sub-23 Joana
Monteiro (27/12/1994 ASC/Bike Zone).
Para
finalizar, fomos ao encontro da opinião da campeã Joana Monteiro relativamente à crescente adesão feminina ao BTT e quanto
ao futuro das atletas em Portugal: «Hoje em dia, as mulheres aderem
mais à competição no BTT, porque também mostram muito mais que são radicais e adoram
sentir a adrenalina, que é totalmente incomparável com a sentida em Estrada. Estando
o BTT em crescimento e em expansão no feminino, penso que já é ‘meio caminho
andado’ para o futuro ser melhor. Não digo que será perfeito, mas se continuar a
aumentar esta adesão à modalidade, o futuro será certamente melhor».
Joana Monteiro. Foto by António Alves |
[Fonte Gráficos:
“Plano de Actividades e Orçamento 2014” da FPC]
(escrito em português de acordo com a antiga ortografia)
(escrito em português de acordo com a antiga ortografia)
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