Não
sou dona da verdade, nem tenho pretensão a sê-lo. Mas sou dona do meu
pensamento…
Ao
longo de vários anos, Sérgio Ribeiro fez-nos vibrar com os seus sprints, as
suas pedaladas e a sua forma de amar o ciclismo. Conquistou vitórias, sofreu
algumas derrotas, deu espectáculo em todas as corridas em que participou.
Grandes ou pequenas, entrava em todas as provas sempre com o espírito de dar o
seu melhor e nunca defraudou quem o seguia e apoiava.
É
verdade, cometeu um erro em 2007, o qual assumiu frontalmente e pagou por ele
ao ficar afastado da modalidade por dois anos. Agora, por alegadas
irregularidades no seu passaporte biológico, por parte da ADoP, vê-se confrontado
com uma suspensão de 12 anos, ou seja, o fim da sua carreira como ciclista
profissional.
Como
em todos os casos, não só em Portugal, há quem se aproveite de momentos menos
bons para proveito próprio, talvez pela busca de protagonismo, o que no jornalismo
e na vida não é ético. No entanto, os últimos tempos têm sido conturbados no
mundo ciclista e os egos superiorizam-se aos valores éticos, esquecendo
totalmente que por detrás de uma notícia está uma pessoa, um ser humano.
Dirijo-me
a esse ser humano, à pessoa de Sérgio Ribeiro… Há muito que o admirava enquanto
ciclista e, desde há pouco mais de um ano que o conheci pessoalmente, admiro-o
enquanto pessoa. Hoje, nada mudou. Em momentos difíceis há que mostrar-se
transparente e não ficar no limbo de ter a opinião que mais convém num
determinado momento. Sou transparente e como comecei por dizer não sou dona da
verdade, mas sou dona do meu pensamento e este está ao lado de Sérgio Ribeiro,
hoje e sempre.
«Estou
de consciência tranquila. Tentei sempre defender-me neste caso com a maior
clareza possível, a consultar médicos, hematologistas, médicos peritos no
passaporte. Tenho relatórios em meu poder que me dizem que o meu passaporte é
perfeitamente normal, é de um desportista normal. Estou de consciência
tranquila, agora estou muito triste. Isto arruína completamente com a minha
carreira, com a minha vida.»
«Não
temo nada. Infelizmente, estou a passar por isto. Estas pessoas parecem que
brincam com a vida de uma pessoa. Levantam suspeitas, provavelmente é de y e de
z, não me afirmam nada com certezas. Tenho relatórios meus que dizem que o meu
passaporte é super normal. Os peritos da ADoP dizem que é anormal. Eles é que
mandam. Como é que eu me vou defender quando quem manda não aceita as
justificações mesmo que sejam médicos especializados no assunto?»
«O
que eles dizem é que estiveram a analisar o meu passaporte biológico e que é
altamente provável que as variações, que não sei quais são, podem ser por métodos
ou vias ilegais. Quando fui confrontado com isso - estamos a falar de análises
de 2011 – recorri aos meus médicos, a pessoas que me pudessem dar alguma
segurança para me saberem explicar o que se estava a passar. E pensando o que
tive, vírus, etc., nessa data chegaram à conclusão que não faz sequer sentido.»
«Em
2007, assumi, porque sou homem suficiente. Nunca precisei de andar a mentir a
ninguém. Cometi esse erro, ponto final, assumi e tive um castigo merecido. Não
posso andar a vida inteira a ser condenado e apontado por um erro do passado.
Agora depois de tantos controlos, não me apanharem substância nenhuma... não
sei o que pensar.»
(escrito em português de acordo com a antiga ortografia)
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